Lá em casa tá todo mundo de covid! Ômicron contamina famílias inteiras

Nova variante tem alta taxa de transmissão

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  • Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2022 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Parecia que finalmente Osmundo Vieira encontraria os oito irmãos após dois anos sem contato presencial. Até a irmã de São Paulo e seus agregados haviam confirmado presença no final deste mês, na Ilha de Itaparica, para um churrasco. Contudo, semana passada uma das irmãs cancelou a presença. Ela, a filha e o neto estão de covid-19. Horas depois, outro irmão avisou que também não iria mais, pois seu filho, nora e neto positivaram.  A história de Osmundo se tornou frequente no início do ano. Famílias inteiras estão contraindo o coronavírus. Será o alto poder de contágio da variante ômicron ou o relaxamento nas medidas de isolamento desde as festas de fim de ano? Na prática, um pouquinho dos dois. 

“A gente está vivendo este momento de terceira onda pós-virada do ano. Aconteceram muitas festas, encontros, aglomerações e trocas de vírus, né? Tivemos também a chegada da ômicron. Ela é 10 vezes mais transmissível que a delta. Foi um conjunto de acontecimentos”, explica a virologista Andréa Mendonça Gusmão, PhD pela Fiocruz e professora da Ufba.  No caso de Osmundo, nem ele escapou dessa nova onda:  “Estamos lascados. No início desta semana senti sintomas leves, mas minha esposa está com diarréia, dor de cabeça, está ruim, na cama. Estamos tentando fazer o teste, pois não sabemos se é covid ou gripe. Então, nada de encontro”.

 A família de Suzana Sodré não conseguiu evitar o contágio familiar. Com exceção dela, que fez o teste e deu negativo, seu marido e os dois filhos, uma de 16 e outro de 8, pegaram  covid-19 este mês. “A gente nunca sabe ao certo como foi de verdade. Estivemos em uma comemoração de Réveillon em Praia do Forte, mas acredito que nem todos pegaram no mesmo lugar, visto que apresentaram sintomas em datas diferentes”, lembra Suzana, que ficou preocupado com o filho mais novo, o único não vacinado em casa. Apesar de ter os sintomas mais graves, não precisou de internação. 

“Costumamos voltar no tempo, avaliando o que fizemos naqueles dias e tentando identificar onde vacilamos. Porém, foram tantos conhecidos contaminados nesse final de ano que poderia ter sido em qualquer lugar. Graças a Deus, meu marido e minha filha já tinham tomado duas doses da vacina e tiveram sintomas leves. Meu filho de 8 anos ainda não teve acesso à vacina e sofreu mais”, lembra Suzana.

Janaína Veiga tentou tomar todos os cuidados possíveis. Quando a ômicron chegou no país, ela se isolou novamente. Foram duas semanas, até que resolveu se encontrar com uma amiga para tomar um café. “No dia 11 eu encontrei uma amiga e no dia 13 ela me disse que positivou para o covid. No mesmo dia eu e meu irmão começamos a apresentar sintomas e acho que no dia seguinte minha mãe também sentiu. Fizemos o teste e todos positivaram. Todos nós só tivemos sintomas leves de tosse e coriza, então estamos tomando apenas antigripais para tratar esses sintomas. Não estamos precisando de nenhum cuidado maior”, conta Janaína, que pondera o fato de, apesar da explosão, o número de casos graves ser baixo graças à vacina.  

Transmissão x Gravidade  Segundo a virologista Andréa Mendonça Gusmão, a vacina foi preparada com base no vírus que surgiu no final de 2019 e que praticamente não circula mais por conta das novas variantes. Mesmo assim, a imunização foi crucial para evitar casos graves ou mortes:  “A vacina perdeu um pouco da eficácia no quesito transmissão por conta destas mutações. O que estamos vendo hoje são pessoas imunizadas, já com suas doses completas, mas sendo infectadas pela nova cepa. Pelo fácil contágio, estamos vendo famílias inteiras doentes”.  Ela ainda pondera que “a vacina continua sendo eficaz”: “As vacinas são importantes para redução das formas graves, internação e taxas de óbito”. 

Os números comprovam que, apesar das altas taxas de contágio com a nova variante, a vacina diminuiu o número de mortes. Ano passado, no dia 20 de janeiro, o Brasil registrou 64.126 casos em 24 horas. Um ano depois, foram 168.060 casos, mostrando aumento significativo. Com relação aos óbitos o cenário é  bem diferente. Enquanto nesta mesma data o país registrou 1.382 óbitos, um ano depois, apesar do alto contágio, foram 324 mortes. A vacina ajudou. Mesmo assim, é preciso manter os mesmos cuidados: isolamento, higiene e uso da máscara.

“Na torcida pra essa pandemia acabar, porque tô vendo muita gente sendo contaminada pela ômicron. Usem máscara, se vacinem. Que doença esquisita. O povo fala que essa ômicron é leve. Se fosse forte, não sei o que ia sobrar de mim, porque estou baqueada, com tosse, dor de cabeça”, disse a cantora Daniela Mercury, que também teve sua casa invadida pela ômicron. Sua esposa, Malu Verçosa Mercury, e as filhas do casal, Márcia e Bela, positivaram para o vírus.   “É preciso manter todos os cuidados que já sabemos. Máscara, higienização, todos os procedimentos que já fazem parte do cotidiano. A pandemia não acabou”, finaliza a virologista Andréa Mendonça Gusmão.

A família pegou. E agora?

Isolamento Recentemente, o Ministério da Saúde reduziu o isolamento para cinco dias, a depender do quadro e do teste. Porém, caso a família inteira esteja de covid-19, o ideal são entre 7 e 10 dias, sem necessidade de teste, desde que estejam sem sintomas. 

Cuidados A pandemia não acabou. Continue utilizando máscaras, inclusive se todos na casa estiverem de covid. Caso seja positivo para covid, se isole e avise às pessoas que tiveram contato contigo. O Ministério da Saúde também aconselha que o infectado faça trabalhos em home office, caso seja possível, por pelo menos 10 dias depois do fim dos sintomas.