Lavanda, Cézanne, vilarejos e feiras: Provence é destino de experiência

Tudo que você precisa saber para ter dias maravilhosos no sul da França

  • Foto do(a) author(a) Victor Villarpando
  • Victor Villarpando

Publicado em 21 de julho de 2019 às 06:05

- Atualizado há um ano

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Sabe aquele desfile que aconteceu no meio de um campo de lavandas, que rodou as redes sociais no fim de junho? Foi na França. Mais especificamente na comuna de Valensole, na região da Provence, no sul do país. E creia: o perfume que você imaginou ao se admirar com as fotos existe. E é sensacional.

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Sensações, aliás, é a palavra que guia o passeio pelas pequenas cidades. Sentir a alma massageada com óleos e sabonetes feitos nas próprias fazendas que plantam as lavandas. Deliciar-se com as maravilhas da cozinha provençal, que vai de cordeiro lentamente cozido em ervas até docinhos de amêndoas bem macios, os calissons. Se deixar inebriar pela profusão das feiras de rua, com embutidos artesanais, flores, roupas de linho e antiguidades no melhor estilo mercado de pulgas. Andar por ruelas de pequenas vilas que parecem saídas de filmes de época. Tudo isso faz parte de um passeio cheio de experiências, do qual selecionei algumas das melhores dicas para você ler aqui. Prove, sinta, viva. Campo de lavandas em Valensole (Foto: Shutterstock/Reprodução) Valensole Os mais famosos campos de lavanda estão lá. Muitos ficam à beira da estrada, sem cerca, então é só chegar. Para arrasar nas fotos do Instagram, uma dica é ficar na parte mais alta e pedir para o (a) acompanhante ir até um ponto mais baixo da plantação (os terrenos que ví tinham diferentes níveis) e clicar de lá. Melhor ângulo! Preste atenção às fofíssimas joaninhas, que também adoram o cheiro das flores, podem ajudar a compor fotos de perto. Clique feito de baixo pra cima, aproveitando o relevo do terreno (Foto: Victor Villarpando) De carro, de Aix em Provence, dá menos de uma hora. Pegue a autoestrada A51 até a estrada D6, que liga Valensole a Manosque, e voilà: a 6km de Valensole está um dos melhores achados de minha viagem, a Les Grandes Marges. A fazenda tem plantações de lavanda, azeitona e amêndoa. Na lojinha, comercializa perfumes, extratos naturais, azeites, azeitonas sabonetes e petiscos maravilhosos. Tem coisa a partir de dois euros e, em junho, julho e agosto, abre diariamente, entre 9h e 19h. Diferencial: tem uma atendente portuguesa, pra tirar todas as dúvidas dos que não sabem falar francês ou inglês. A loja da fábrica da L'Occitane en Provence (Foto: Victor Villarpando) No mesmo passeio dá para visitar a fábrica da L’Occitane en Provence, que fica pertinho, na A51 (Chemin Saint-Maurice, 04100 Manosque). A entrada é gratuita, mas é preciso fazer reserva com antecedência, pelo e-mail [email protected]. De abril a outubro tem todo dia. No mesmo local fica uma lojona-museu, que dá 10% de desconto em todos os produtos.

Feiras Uma das principais e mais charmosas ruas de Aix en Provence, a Cours Mirabeau, abriga uma feira de roupas e acessórios terça, quinta e sábado (melhor dia). Muita roupa de linho com cara de Richards por, geralmente, entre 10 e 30 euros. Mais para o fim da avenida dá para encontrar, ainda, alguns acessórios e antiguidades. Bom chegar cedo porque no início da tarde o pessoal desarma as barracas e vai embora. Feira da Place Richelme (Foto: Victor Villarpando) A pequena Place Richelme, também no centro histórico, recebe, todo dia, uma feirinha de frutas, verduras, queijos, azeitonas, geleias e embutidos. Entre uma provinha aqui e outra ali, o negócio estava tão bom que resolvemos abrir mão de almoçar num restaurante para comprar várias delícias na feira e fizemos um pequeno piquenique no quintal da casa. Na feira da Place Richelme tem geleias, frutas, embutidos... (Foto: Victor Villarpando) Vilas de Luberon É uma verdadeira viagem no tempo: os vilarejos, ligados por estradas estreitas (mas com asfalto ótimo), parecem cenários de filmes e estão muitíssimo bem preservados: Luberon é Parque Regional Natural desde 1977. Destaque para L'Isle sur le Sorgue que aos domingos recebe aquela que tem fama de ser a melhor feira da região. Ela se espalha da Place de la Liberté pelas margens do rio e ruazinhas próximas: tem antiguidade, comida, roupa, acessórios, flores, cosméticos, geleias... É imperdível. O vilarejo de Gordes visto do mirante (Foto: Victor Villarpando) Outra muito legal é Gordes: na chegada há um mirante de tirar o fôlego. Todo mundo para lá, então, além das placas que indicam, você vai ver um bocado de carros e vans de turismo: não tem erro. O truque aqui é que poucos metros antes do mirante principal há um menor, cujo acesso não é tão devassado, que é bem melhor pra fazer fotos, porque fica menos cheio. Na vila, deixe o acaso te levar pelas ruazinhas. Não tem como errar. Na rótula principal, um pequenino café vende sorvetes artesanais maravilhosos: Le petit Nans. Pode ir sem medo no de lavanda e o de baunilha (de verdade, dava pra ver as bolinhas das favas). L'Isle sur le Sorgue (Foto: Victor Villarpando) Quem for na excursão vendida no escritório de turismo de Aix en Provence (105 euros por pessoa), ainda passa por Fontaine-de-Vaucluse (vila no pé da serra, à beira de um rio lindo), Roussillon (vila com casas cor terracota e mirante – não caia na besteira de tomar sorvete na Còté Glacier: tudo tem gosto de xarope artificial) e Lourmarin (tem um castelinho bonito e, aos domingos, tem feira só de antiguidades e quinquilharias. Os sorvetes de lavanda e pétalas de rosas da La Pan Garni valem muito a pena). Fontaine-de-Vaucluse (Foto: Victor Villarpando) Paul Cézanne O ateliê do pintor pós-impressionista fica num ponto bem alto da cidade (vale a pena pegar uber ou ônibus pra poupar a caminhada). O jardim e a própria estrutura da casa não têm nada demais, o ponto de atração é mesmo onde o local onde trabalhava o mais famoso habitante que Aix en Provence já teve. Ateliê de Cézanne funciona em casa na qual o pintor trabalhou (Foto: Victor Villarpando) O espaço, que guarda objetos usados pelo próprio Cézanne, é pequenininho. A visita de 30 minutos cronometrados custa 9,50 euros se comprada no local. Vale agendar pelo site: além da economia (1 euro mais barato) você tem mais opções de horário. Endereço: 9 Avenue Paul Cézanne. Objetos originais do artista, que inclusive aparecem em obras dele, estão em exposição (Foto: Victor Villarpando) Comida O Le Bouche à Oreille é um restaurante bem pequenininho e simples, onde dá para experimentar a boa e tradicional comida da Provence e da França. Tinha escargots (7 euros), pernas de rã (12 euros), fois gras com Vinho do Porto e conhaque (13 euros), mas também coisas menos exóticas, como cordeiro cozido lentamente por 7 horas (20 euros) e crème brullée com baunilha (7 euros). O cordeiro cozido lentamente com ervas e verduras: sabor incrível (Foto: Victor Villarpando) É preciso reservar pelo telefone +33 9 72 89 19 19 e quem atende o telefone entende inglês. Mas quem atende as mesas só fala francês. Fica na rue Aumône Vieille, nº 1, no centro histórico de Aix en Provence. Só funciona de terça a sábado, de 12h às 14h e de 19h30 às 22h. O crème brullée (Foto: Victor Villarpando) VOCÊ PRECISA SABER

Como chegar Não há voo direto entre Salvador e Paris, capital da França. Daqui dá para ir para Lisboa (8h10 pela TAP) ou Madri (8h40 pela Air Europa). Das duas cidades há voos diretos para Marselha, principal cidade da Provence. Do Aeroporto marselhês há uma linha de ônibus que vai e volta para Aix em Provence, cujo trajeto demora pouco menos de meia hora. De meia em meia hora tem saída e o trecho custa oito euros.

Visto Brasileiros não precisam de visto prévio para visitar a União Europeia em viagens de até três meses. No país pelo qual você entrar vai rolar uma entrevista, mas não costuma ser nada demais. Podem pedir pra ver sua reserva da passagem de volta, um comprovante de onde vai se hospedar ou perguntar quanto dinheiro você está levando para se manter durante a viagem. Então, é bom ter essas informações à mão.

Moeda O euro estava custando, até o fechamento desta reportagem, cerca de R$ 4,60 em casas de câmbio de Salvador. Isso para levar dinheiro vivo, porque no cartão a cotação é sempre mais cara. Conselho de quem já viajou mais de 5 vezes pra a Europa: prefira em espécie. Lá não é como no Brasil, ninguém vai te assaltar. No máximo rola furto, nada que uma doleira  ou guardar o dinheiro bem lá no fundo da mochila ou da mala não previnam.

Transporte Recomendo fortemente alugar um carro porque não há trem ou linha regular de ônibus entre algumas das principais cidades da região. Para tanto, é necessário pedir no Detran (pode ser do SAC) a Permissão Internacional para Dirigir (PID). Custa R$ 329,27 e demora 15 dias úteis para ficar pronta. Um veículo para até 4 pessoas de uma sexta a uma terça-feira em junho do ano que vem está custando a partir de 117 euros. Dá menos de 30 euros de diária. Para ter noção, um passeio de uma tarde pelos campos de lavanda de Valensole custa 50 euros por pessoa no escritório de turismo de Aix en Provence.

Onde ficar Escolha uma das cidades principais da região para se hospedar e de lá você pode fazer passeios. Eu, por exemplo, fiquei em Aix en Provence (146 mil habitantes). Mas dá para ser Marselha (segunda maior cidade da França, com 1,7 milhão de pessoas) ou Avignon (94 mil habitantes).

Melhor época A visitação dos campos de lavanda é vinculada ao período de floração e, normalmente, vai de junho a agosto, a depender da área. Em Valensole, em 2019, foi de 10/06 a 19/07. Em Sault, a cerca de 80 km, será entre 20/7 e 5/8. A cada ano pode haver pequenas variações, então vale a pena conferir no site do escritório de turismo de Aix en Provence, que lista os passeios de van disponíveis. A dica é planejar a visita do meio para o fim do período indicado: quem chega muito cedo pega poucas flores abertas.

Idioma Muita gente que trabalha em lugares que recebem turistas não sabe falar inglês, espanhol ou português. Então, o jeito é aprender o que não dá pra se virar sem: bom dia, por favor, desculpe, obrigado, frente, trás, direita, esquerda, banheiro, tchau e a contar de um a dez.