Líder de quadrilha de roubos a carros-fortes cobrava R$ 500 por mortes

Ulisses estava escondido em Ilhéus e foi morto terça (5) em confronto com a PM

Publicado em 7 de fevereiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO e Divulgação

Apontado como líder de quadrilha de roubo a carros-fortes na Bahia pela Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a ficha criminal de Ulisses Rubens Almeida Silva, conhecido como Corujito, 34 anos, que foi morto na terça-feira (5) após um confronto com policiais militares, é extensa e antiga. Além de assaltante, ele já foi denunciado à Justiça por homicídios e tráfico de drogas.

Em uma das denúncias de assassinato apresentadas pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) à Justiça e a que o CORREIO teve acesso, a entidade chega a afirmar que Ulisses e seus comparsas "possuem como meio de vida a eliminação de pessoas por encomenda de chefes do tráfico". Os valores citados nos homicídios são sempre de R$ 500. Em um deles, ele aparece como mandante do crime para eliminar uma testemunha e pagou o mesmo valor. 

Das ações penais no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), a primeira é de um homicídio registrado em 2004. Ele é alvo de outra do mesmo tipo por homicídio e outra por tentativa de homicídio que teriam ocorrido em 2013 e 2018. Ulisses também é alvo de ações por roubo e tráfico de drogas - é apontado como chefe do tráfico de uma localidade do bairro do Uruguai em 2015. São cinco ações no total. Morador da praia do Canta Galo, na Calçada, os crimes por ele praticados -  menos os dos roubos a carros-fortes-  foram todos realizados na Cidade Baixa.

Ele já foi condenado a prisão em regime aberto por posse de armas em Jequié, sendo transferido posteriormente para o Presídio de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, em novembro de 2017.

De acordo com a SSP-BA, Ulisses, que era líder de uma quadrilha especializada em roubar carros-fortes, estava escondido na cidade de Ilhéus e foi morto em confronto. 

O bando de Ulisses, ainda segundo a pasta, vinha agindo em Salvador desde o ano passado e é responsável pelas ações no Shopping Itaigara (12/3/18),  Extra Vasco da Gama (2/10/18), Salvador Shopping (13/11/18) , Caixa Periperi (8/1/19) e Bradesco da Fazenda Grande do Retiro.  

Na semana passada, os outros cinco integrantes da quadrilha foram presos e outro foi morto também em confronto com a polícia. Na última ação, na Fazenda Grande do Retiro, o grupo teria a pretensão de roubar R$ 600 mil do carro-forte durante o abastecimento de caixas eletrônicos da agência do Bradesco do bairro. No entanto, a ação foi frustada por seguranças do veículo blindado.  Quadrilha de Ulisses tentou roubar R$ 600 mil de banco em Salvador (Fotos: Marina Silva/ CORREIO e Divulgação) A SSP-BA destacou que Ulisses tinha mandado de prisão em aberto por homicídio e também por venda de entorpecentes.

Veja crimes:Homicídio em 2004 Carlos José Moreira Gonçalves foi morto com um tiro no olho esquerdo em março de 2004 na rua Rio Negro, Pedra Furada, bairro de Mont Serrat. São acusados Ulisses e mais três pessoas. O valor cobrado pelo homicídio teria sido de R$ 2 mil, dividido entre os quatro. 

No argumento para manter a prisão preventiva dele, “a autoridade policial aduz que o acusado seria o autor material de diversos crimes, figurando no polo passivo de ações penais em curso pela prática de crime de tráfico de drogas na comarca de Jequié/BA, na 1ª Vara de tóxicos desta Capital, na comarca de Itaparica/BA por crime de homicídio e na 6ª Vara Criminal de Salvador, além de Inquérito Policial para a apuração da suposta prática de crime de roubo circunstanciado”. Também argumentam que há “periculosidade do acusado”. A prisão preventiva foi negada. A última movimentação foi uma audiência de instrução e julgamento em novembro de 2017.

Roubo em 2013 Ulisses assumiu ter participado de pelo menos um roubo à Casa de Couro Santa Rita, na Avenida Vasco da Gama. A casa foi alvo de três assaltos seguidos - em dezembro de 2012 e janeiro e fevereiro de 2013. No primeiro roubo, foram subtraídos R$ 17.760,70 em espécie e 168 folhas de cheque no valor total de R$ 82.022,62. No segundo, R$ 3 mil e pertences e no terceiro, R$ 100 mil em cheques de terceiros. Ele afirmou ter participado no último roubo, quando foi apreendido com um revólver 38, um relógio e diversos telefones celulares. 

A última movimentação do processo é uma intimação para audiência de instrução e julgamento no dia 19 de março deste ano às 9h30. 

Tentativa de homicídio em 2015 José Hilton Santos foi atingido por vários disparos na região do tórax por dois homens em, sendo um deles Corujito, de motocicleta em 2015 no bairro do Uruguai. De acordo com o inquérito, José era traficante de drogas e agia na área em que Corujito era chefe do tráfico de drogas. Ele teria recebido um recado de que ele “deveria se juntar à facção criminosa comandada por ele e vender droga adquirida por ele”. A recomendação não foi aceita e ele foi atingido, mas sobreviveu.

Tráfico de drogas em 2015 Corujito foi preso em flagrante em outubro de 2015 por posse de entorpecente e posse ilegal de arma de fogo. No endereço dele, os policiais teriam encontrado dentro do guarda-roupa um revólver 38, resíduos de droga e embalagens plásticas. Aparelhos celulares dele foram apreendidos e a prática do tráfico de drogas foi constatada. Ele foi preso por posse ilegal de arma de fogo e condenado por três anos no regime aberto. 

Homicídio em 2018 Ulisses é acusado de ser mandante do assassinato de Thompson Santos Macêdo em fevereiro de 2018 enquanto cumpria regime aberto em Lauro de Freitas. De acordo com a denúncia, dois homens contratados por ele atiraram em Thompson dentro de uma pizzaria e lanchonete da família dele. Ele teria pago R$ 500 para matar a vítima. Thompson teria sido testemunha de um homicídio de Ulisses no bairro de Uruguai. Ele teria ido socorrer a pessoa e se deparou com ele.