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Livre, leve e ecológico: conheça o shampoo sólido


 

Entenda porque a barrinha está fazendo a cabeça de quem busca cosméticos mais sustentáveis

  • Priscila Natividade

Publicado em 29/08/2020 às 16:00:00
Atualizado em 21/04/2023 às 13:20:06
. Crédito: Foto: Divulgação

A base de ingredientes naturais, sem embalagens plásticas, nem testes em animais. Prazer, esse é o shampoo sólido, uma barrinha para lavar os cabelos, que tem ganhado cada vez mais adeptos. Tanto para quem quer praticidade, como para quem está mais engajado com a questão do impacto do consumo no meio ambiente.

“Muita gente está aderindo ao ‘faça você mesma’ e a busca por aprender a fazer os próprios cosméticos aumentou bastante, assim como o uso de produtos sólidos e mais sustentáveis”, afirma a farmacêutica Mona Soares, que tem uma vasta pesquisa na área e dá dicas de como produzir os próprios cosméticos no site www.ewealquimias.com.br e no seu perfil do Instagram @monasoars. “Os produtos sólidos elaborados com ingredientes naturais estimulam um estilo de vida mais natural e consciente”, destaca.

E foi nesta vibe que a artesã e fundadora da Natura'telier (@naturatelier_), Emmanuelle Sousa, lançou sua marca de sabonetes sólidos em pleno isolamento social. Só no último mês, das 15 unidades de shampoo sólido que Emmanuelle fez artesanalmente, 10 já foram vendidas. A marca Natura'telier surgiu durante a pandemia e apostou na fabricação artesanal do shampoo sólido (Foto: Divulgação) A expectativa é dobrar a produção. “Passei por um processo de ressignificação do meu cabelo crespo. Quando descobri que ele poderia ser totalmente tratado com o uso dos cosméticos naturais, decidi começar pelo shampoo sólido”, diz.

A administradora e cabeleireira Alê Estrela se soma às artesãs baianas que produzem o cosmético. O envolvimento com a saboaria é antigo. “A minha bisavó fazia óleo de coco e produzia o sabão em barra que hoje chamamos de shampoo”, afirma. A cozinha de Alê se transforma em fábrica e um quartinho de casa, laboratório. Alê transforma a cozinha de casa em fábrica para produzir cosméticos (Foto: Divulgação) “O que mais vendo são os indicados para cabelos secos e/ ou ressecados. O movimento dos cacheados, crespos e ondulados mergulha mais profundamente nesta busca pelos sólidos”, completa a criadora do Alê Estrela Cabelo & Arte (@aleestrelaa).

Todo mundo pode A Loja Guapa Multimarcas Artesanais (@lojaguapa_) vende três marcas de shampoo sólido, entre elas a Natura'telier, Airi e Baunilha Haus. Os preços variam de R$ 28 a R$ 36. Apesar de não ter dados consolidados sobre o aumento na procura, a sócia da Guapa, Tarsila Ferreira reconhece o crescimento do interesse: “O shampoo sólido é o que mais sai. A demanda veio das marcas que procuraram a Guapa para movimentar isso”.

Mas, afinal, todo mundo pode usar o shampoo sólido? Quem tira a dúvida é a médica estética com especialização em Dermatologia da Clínica EMEG, Veruska Maciel.“Fique atento à composição, verifique se tem alergia a algum componente e escolha produtos seguros. Fora isso, não vejo maiores restrições”, ensina.Nada impede quem queira produzir o seu próprio shampoo sólido, como acrescenta a especialista: “ Quem se sente seguro e estuda bem o assunto, por que não? É necessário ter um cuidado redobrado com a manipulação de substâncias cáusticas e voláteis, além do uso adequado de EPIs”.

A advogada Janaína Castro faz parte do grupo que decidiu experimentar cosméticos mais alternativos, quando começou a utilizar o shampoo sólido no  mês passado. Além disso, ela se tornou adepta à escova de dente de bambu e costuma fazer produtos caseiros para limpeza a base de vinagre e bicarbonato de sódio.“Quando entendi que consumir gera consequências no meio ambiente e na sociedade, comecei a me responsabilizar por essa compra”, pontua.Cabelo verde No caso da jornalista Ana Fernanda Souza, a opção pelo shampoo sólido tem a ver com o apoio aos pequenos negócios, sobretudo, os femininos: “Tem um lado que vai além da estética. Comprar de empreendedoras era uma forma de ajudar essas mulheres”.

Os hábitos mais conscientes se refletem numa pesquisa feita pelo Instituto Akatu Consumo Consciente, no último ano, que identificou que mais da metade dos brasileiros não compra mais de empresas que realizam testes em animais (58%) e nem associadas ao trabalho escravo (65%).“São cosméticos que se destacam pela transparência nos processos e ingredientes por trás do produto”, ressalta o analista do Akatu, Bruno Yamanaka.As indústrias maiores estão atentas aos cosméticos mais verdes.  Marcas baianas como a Avatim (@avatimoficial) desenvolveram produtos veganos e estão fortalecendo a proposta do orgânico. Na linha Sabor & Ar, a embalagem pet se decompõe em menos de 10 anos, ao invés de 40.

Para a  sócia-fundadora da Avatim, Mônica Burgos, a preocupação com os resíduos  não é só mais uma tendência e sim, uma realidade. Mesmo sem previsão, a empresa não descarta a possibilidade de incluir o shampoo sólido no portfólio.  

“Redefinimos, por exemplo, a embalagem do nosso clássico difusor de ambientes. Era uma caixa volumosa e bonita, mas as pessoas logo jogavam fora. Trocamos o formato do frasco e o embalamos numa caixa menor de papel reciclado, buscando um direcionamento mais sustentável do produto”, ressalta Mônica. 

IMPACTO

Só para se ter uma ideia  Até 2040, a quantidade de plástico nos oceanos quadruplicará, atingindo mais de 600 milhões de toneladas. Os dados são do estudo Breaking the Plastic Wave, publicado  pela Pew Charitable Trusts e a SYSTEMIQ - junto com a Fundação Ellen MacArthur, Universidade de Oxford, Universidade de Leeds e Common Seas.

MAIS ITENS NA PEGADA SUSTENTÁVEL*

Escovas de bambu O cabo da escova é biodegradável, ou seja, dá para descartá-lo até no quintal. Cada escova custa a partir de R$ 15. 

Condicionador sólido Ele complementa a ação da versão sólida do shampoo. Os preços variam de R$ 35 e R$ 50.

Sabonete vegetal Ervas, manteigas e óleos  são só alguns dos componentes dos sabonetes que possuem essa pegada mais caseira. Os preços ficam em torno de R$ 8 a R$ 35.

Desodorante natural O desodorante orgânico também leva ingredientes naturais e não é industrializado. Os preços variam de R$ 19 a R$ 39,90.

Argilas As máscaras de argila são usadas para o tratamento da pele, controle da oleosidade e redução dos poros. Cada uma chega a custar de R$ 12,90 a R$ 75.  

*Os preço médio destes produtos foram pesquisados no dia 29/08 em sites de lojas especializadas na internet , entre elas, a B.O.B,  Tropica Botânica, Use Orgânico e Beleza do Campo

SAIBA MAIS

Sólidos São cosméticos em barra produzidos a base de extratos e ingredientes naturais, sem ativos químicos.   

Veganos Eles possuem a fórmula livre de qualquer componente de origem animal. Também não podem ter sido testados em animais.

Orgânicos Segundo  a maior certificadora da América Latina de produtos orgânicos, o IBD, os cosméticos orgânicos devem possuir, no mínimo, 95% de matérias-primas certificadas como orgânicas.

 Low poo A técnica não utiliza produtos a base de sulfatos, silicones insolúveis e derivados de petróleo.

 No poo Já o no poo não se utiliza nenhum  tipo de shampoo.