Livro traz histórias e relatos inéditos de Santa Dulce dos Pobres

A biografia Além da Fé: A vida de Irmã Dulce, do jornalista Valber Carvalho, será lançada nesta quinta (10)

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  • Laura Fernades

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Osid
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“Você vai fazer um livro sobre a primeira metade da vida de Irmã Dulce? Será que interessa?”, escutou o jornalista e escritor Valber Carvalho, 60 anos, antes de escrever a biografia Além da Fé – A vida de Irmã Dulce (624 páginas | R$ 89,90). Ao defender a obra, que será lançada nesta quinta-feira (10), no Shopping Barra, Valber respondeu de pronto: “Você acha que Irmã Dulce era dinâmica com 60 anos, certo? Então imagine ela com 20”.

O jornalista mergulhou em 13 mil documentos e fez mais de 500 entrevistas durante sete anos de pesquisa para construir o livro que traz histórias e relatos inéditos de Santa Dulce Dos Pobres, canonizada em 13 de outubro de 2019. Durante a investigação que considera a maior reportagem da sua vida, Valber descobriu que a vida de Irmã Dulce é “impressionantemente dividida em ciclos de 13”.

Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, a Santa Dulce, nasceu em 26 de maio de 1914 (“26 é dobro de 13”, pontua Valber) e morreu em 13 de março de 1992. Era devota de Santo Antônio, cujo dia é 13 de junho, e em 13 de agosto vestiu a roupa de freira pela primeira vez. Já em 13 de setembro, Irmã Dulce se apresentou para trabalhar como freira no Hospital Espanhol pela primeira vez. Em 13 de dezembro foi batizada e em 13 de janeiro foi crismada.

“O número 13 é muito ligado ao cristianismo. No dia 13 de maio, por exemplo, foi a última aparição da Virgem Maria na cidade de Fátima. Quando descobri isso, dividi esse primeiro livro em quatro grandes ciclos – o segundo livro vai ter quatro grandes ciclos também”, revela Valber, que já tem material para lançar um segundo volume.

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Segundo o autor, os ciclos contêm capítulos curtos, de seis páginas em média, “até para não assustar as pessoas, afinal 620 páginas são quase 100 capítulos”. O ciclo zero, chamado de Primórdios, vai da segunda metade do século XIX até antes do nascimento de Santa Dulce. Já o ciclo 1, A Infância, vai de 1914 até 1926, quando ela completa 13 anos. É com essa idade que Irmã Dulce tem “um momento da epifania” e decide largar tudo pelos pobres.

“Ela veio fazer essa missão e, a partir do dia em que teve uma epifania, tudo mudou pra ela. Não queria mais saber de futebol – gostava do Ipiranga e ia ao estádio todo domingo –, não queria mais saber de brincadeira de criança, nada disso. A partir desse dia, aos 13 anos, ela se conecta com esse olhar que já trazia dentro dela. ‘Coincidentemente’ Deus trouxe ela nesse planeta em uma família que já exercia à caridade”, destaca Valber.

É com essa idade que o Anjo Bom da Bahia começa suas primeiras atuações na rua. Esse período está representado no ciclo 2, A Vocação, que vai de 1927 a 1939. Já o ciclo 3, A Ação, vai de 1940 a 1952, quando o livro acaba. “Ela viveu 77 anos, 9 meses e 13 dias, ou seja, faltavam 2 meses e 13 dias para que ela completasse o sexto e definitivo ciclo de 13 anos da vida dela”, conta o autor, entusiasmado.

Revolucionária Antes, Irmã Dulce recebia as pessoas na porta de casa, onde cortava cabelo, dava dinheiro, alimentos e o que mais precisassem. Ao se tornar freira, entrou em uma atividade missionária onde ia até os pobres. “Considero ela uma das mulheres mais revolucionárias do século XX. Pelo estilo de atuação, de não ser uma religiosa contemplativa que fica dentro dos conventos orando apenas”, elogia Valber.

O autor, então, resgata um comportamento conhecido por todos: Irmã Dulce “era capaz de estar na rua límpida e receber o abraço de um mendigo fétido, sem repelir”. “Ela ia para o abraço. Ela era uma ponte social entre os que podiam dar e os que precisavam receber. Ela é motivo de orgulho para todos nós baianos, porque essa alma nasceu aqui”, agradece Valber.

Exemplo de alguém que não tinha barreiras para acolher outras pessoas, Santa Dulce atendia “com muito apreço e simpatia Mãe Menininha do Gantois e Divaldo Franco, personagens grandiosos que não são separados pelas baias da religião”, enaltece o autor. No segundo livro, Valber prevê contar a relação de Santa Dulce com o político baiano Antonio Carlos Magalhães (1927-2007).

“Irmã Dulce continuava extremamente católica, mas não via separação com outras religiões que, para fazer o bem, ela estendia a mão. Isso é muito moderno, numa época em que as religiões se digladiavam”, comenta Valber. “Jesus é um ser que prega o amor ao seu semelhante. Jesus é amor, compreensão, misericórdia e paz. Irmã Dulce é uma interprete e uma executora devotada desses ensinamentos aqui na Terra”, conclui.

Serviço Shopping Barra (Stand L4 Norte) Quando: Quinta-feira (10), a partir das 16h. Vendas de quinta-feira (10) ao dia 24/12, das 11h às 21h, com sessão de autógrafos a partir das 16h, todos os dias. Disponível no site www.alemdafe.com.br, após o lançamento.