Mamíferos e répteis morrem após incêndio em parque nacional na Bahia

Fogo destruiu área de 3 mil campos de futebol; local tem centenas de onças

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 10 de setembro de 2018 às 17:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Ibama/Divulgação

Um incêndio que já dura 12 dias, no Parque Nacional do Boqueirão da Onça, no Norte da Bahia, consumiu 3.073,75 hectares de área preservada da Caatinga – equivalente a mais de 3 mil campos de futebol – e matou dezenas de animais, sobretudo mamíferos e répteis.

Segundo o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), responsável pela administração do parque, criado em abril deste ano para preservar os últimos remanescentes em área contínua do bioma Caatinga no Brasil, dentre os animais atingidos estão cotias, mocós (endêmico da Caatinga) e várias espécies de serpentes. Estima-se que no local haja pouco mais de 30 onças pintadas e cerca de 200 onças pardas.

Chefe do parque, a analista ambiental Camile Lugarini informou que uma parcela grande da vegetação arbustiva e arbórea da Caatinga foi queimada, mas o incêndio, segundo ela, está praticamente controlado. A expectativa é que até o final de semana ele seja totalmente debelado.

“Há alguns pontos em que o fogo tem reiniciado, por isso vamos ficar aqui ainda por mais uns dias. Mas a situação agora está bem melhor que antes, quando chegamos aqui”, ela disse, informando em seguida que combatem o incêndio 77 brigadistas, 4 aviões Air Tractor e um helicóptero do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O Parque Nacional Boqueirão da Onça, com 851 mil hectares, é dividido em duas áreas: uma unidade de conservação permanente, de 345.378 hectares, e uma Área de Proteção Ambiental (APA), de 505.680 hectares. O parque abrange as cidades de Sento Sé, Campo Formoso, Sobradinho, Juazeiro e Umburanas.

A área atingida pelo fogo fica quase em sua integridade na região de Sento Sé, ao oeste do parque. “É uma área de serras, não pega a parte dos sítios arqueológicos que tem na região (cerca de 3 mil), mas traz muita preocupação com relação à fauna e à flora, sobretudo por causa das espécies endêmicas”, acrescentou. Brigadistas do ICMBio preparam drone que fará reconhecimento de área com foco de incêndio a ser avaliada (Foto: Programa Amigos da Onça/Divulgação) Durante as ações de combate aos focos de incêndio, realizadas por equipes de brigadistas das Bahia, Tocantins, Pernambuco, Rio de Janeiro e Distrito Federal, foram vistas fezes frescas de onças, um sinal de que o local do incêndio é de passagem desses animais, um dos motivos principais para a criação da área de preservação.

A flora nativa no parque apresenta grande diversidade – recentemente, 97 novas espécies foram catalogadas. As causas do incêndio ainda estão sendo investigadas pelo Ibama e ICMBio.

Outros parques nacionais da Bahia:

Floresta Nacional de Cristópolis Bioma: Cerrado Área: 12.840,69 hectares

Refúgio de Vida Silvestre das Veredas do Oeste Baiano Bioma: Cerrado Área: 128.048,99 hectares

Parque Nacional Grande Sertão Veredas (MG e BA) Bioma: Cerrado Área 83.264 hectares

Parque Nacional da Chapada Diamantina Bioma: Caatinga Área: 152.141,87 hectares

Floresta Nacional Contendas do Sincorá Bioma: Caatinga Área: 11.215,78 hectares

Refúgio de Vida Silvestre de Boa Nova Bioma: Mata Atlântica Área: 15.023,86 hectares

Parque Nacional da Serra das Lontras Bioma: Mata Atlântica Área: 11.343,84 hectares

Reserva Biológica de Una Bioma: Mata Atlântica Área: 18.715,06 hectares

Parque Nacional do Pau Brasil Bioma: Mata Atlântica Área: 18.935,55 hectares

Parque Nacional do Alto Cariri Bioma: Mata Atlântica Área: 19.238,02 hectares

Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal Bioma: Mata Atlântica Área: 22.240,67 hectares

Parque Nacional do Descobrimento Bioma: Mata Atlântica Área: 22.693,97 hectares

Reserva Extrativista de Cassurubá Bioma: Marinho Costeiro Área: 100.767,56 hectares

Revis Rio dos Frades Bioma: Mata Atlântica Área: 898,67 hectares