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Memórias ECV: campanha luta para viabilizar material inédito sobre a história do Vitória


 

  • Da Redação

Publicado em 20/03/2022 às 16:00:00
Atualizado em 20/05/2023 às 00:04:15
. Crédito: Foto: Carlos Catela/Arquivo CORREIO

O historiador Felipe Silveira guarda com carinho os momentos em que se reconheceu como torcedor do Vitória. Os times que conquistaram o tetracampeonato baiano entre 2007 e 2010, chegando a uma final de Copa do Brasil no último ano, fizeram de Felipe o torcedor que é hoje. Xará e amigo, o historiador Felipe Duplat se recorda da equipe de 2013, que somou a maior quantidade de pontos de um clube nordestino na Série A de pontos corridos e chegou à 5ª colocação no ano em que o rubro-negro trucidou o Bahia dentro de uma recém-inaugurada Fonte Nova. Como esquecer o 5x1? E o 7x3? 

Já para o policial da reserva Marcelo Sousa Santos, 67, o trio formado por André Catimba, Osni e Mário Sérgio foi uma das coisas mais especiais que viu. Mais até que o time de garotos que ficou a dois passos do paraíso em 1993, ano do vice-campeonato nacional.

Quatro torcedores se juntaram num projeto pensado há 12 anos para garantir que essas histórias não sejam esquecidas. Mais do que isso: querem garantir que futuras gerações entendam o tamanho da instituição centenária e transformadora chamada Esporte Clube Vitória.

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O quarteto assina autoria do livro Memórias do Esporte Clube Vitória: a história rubro-negra contada por seus personagens. Um livro escrito com paixão, como a própria divulgação define. E que precisa contar com a paixão de torcedoras e torcedores para ser viabilizado. Para tanto, uma campanha de financiamento colaborativo foi lançada. Em menos de uma semana, 289 pessoas apoiaram, ajudando o sonho a chegar em 54% da meta. 

Com cerca de 360 páginas, Memórias do Esporte Clube Vitória é um livro essencial para torcedores e para todo mundo que é fascinado por futebol. Como os próprios autores, Tiago Bittencourt, Milton Filho, Allan Correia e Lucas Gramacho. O trabalho de 12 anos é motivo pra Tiago cravar que o livro é o mais completo já produzido pelo Leão.

O projeto reúne relatos inéditos de 40 personagens fundamentais na história do clube, como Bebeto, André Catimba, Petkovic, Rosicleide, Wagner Moura, Lázaro Ramos, George Valente, Bigu, Joel “Meu Santo”, Ramon Menezes, David Luiz e outros ilustres nomes que fizeram o Vitória se tornar o que é. “Esse lançamento é um marco na história mais recente do clube. Eu, enquanto torcedor, sempre vi o Vitória com dificuldade de fazer as pazes com a própria história. Rememorar, saudar, reconhecer os esforços de determinadas personalidades. O Vitória é muito importante na formação e consolidação do esporte baiano”, disse o torcedor Felipe Duplat.Fazer um financiamento colaborativo não passava pela cabeça dos autores. A ideia foi aceita após uma proposta da editora Máquina dos Livros (RJ), que não tem relação com a Bahia, mas viu o potencial da produção por conta dos vários nomes pesados que o compõem. “É tenso, mas tem tido uma saída muito boa, com mais de 50% da meta de arrecadação batida. Mas sabemos que o mais fácil são os primeiros 50%, ainda mais que no futebol o Vitória não tem ajudado. Institucionalmente, o Vitória tem ajudado. Mandou comunicado, mostrou no telão e esperamos que o Vitória ajude em campo para ter uma saída ainda melhor”, explicou Tiago Bittencourt.  Autor do Memórias ECV, Tiago posa para foto com outras três produções escritas por torcedores sobre a história do rubro-negro (Acervo Pessoal) Também torcedor, Felipe Silveira se valeu de sua formação para explicar que a memória é praticamente irmã do pertencimento. E o futebol depende muito dessas duas palavras, principalmente quando se fala de torcida. “Como você pode pertencer a algo sem ter uma memória daquilo?”, questiona o historiador. 

“Cada geração de torcedor se apega a uma época, um time, um momento. É o ponto de ligação que existe. Eu tenho uma memória afetiva enorme com os times de 2007 a 2010, que foi quando eu comecei a torcer. As pessoas 10, 15 anos mais novas do que eu não têm essas memórias. Assim como eu não tenho do time de 1993. E ter esses registros é importante para fortalecer esses vínculos”, explicou. Amigos, os dois Felipes posam para foto enquanto entram rumo ao cimento do Barradão (Acervo Pessoal) Diretor do documentário “Nêgo: Um nome na história”, o primeiro sobre a história do clube, o jornalista Matheus Caldas foi outro a comemorar a iniciativa. Ele conta que boa parte da trajetória rubro-negra não se perdeu por conta da oralidade ou documentos como jornais. Por isso, é necessário um esforço coletivo para resgatar uma série de fatos que se perderam nos últimos 120 anos.

“Ainda sinto muita escassez. Temos páginas, estudos acadêmicos, alguns livros falando sobre a história do clube, mas material audiovisual temos muito pouco. Tive muita dificuldade de achar material de vídeo da década de 1970. Vamos conseguir mais coisa na década seguinte. Foram 80 anos documentados com histórias, imagens e fotos. E ter gente que queira contar a história do clube é importante”, relatou Caldas. Irmãos Caldas, Filipe e Matheus posam para foto com o ex-atacante André, falecido em 2021 (Acervo Pessoal) O Vitória ofereceu apoio institucional para o lançamento do livro e realizou ações como: enviar e-mails para sócias e sócios, fazer menções durante a transmissão do último jogo, contra Bahia de Feira, e exibir uma chamada no telão do Barradão, no intervalo.

Em 2012, o clube fundou o Memorial 13 de Maio, localizado na loja do clube que fica Barradão. À época, a visita tinha inclusive um arquivista para guiar o público pelos troféus e camisas disponíveis. Ao CORREIO, o Vitória informou que o memorial está fechado temporariamente por conta do encerramento da loja. O clube negocia com um novo fornecedor para reabrir os dois equipamentos e liberar visitação. Ainda segundo o Vitória, o memorial continua montado. Além das conquistas no futebol, o local exibe taças levantadas no vôlei, polo aquático, remo e divisões de base. Textos, vídeos e aplicativos em tablets ajudam o torcedor a conhecer um pouco mais da tradição do Leão.

É possível apoiar o livro no link catarse.me/memoriasdovitoria com contribuições a partir de R$ 30, que dá direito a um exemplar digital do produto. Com R$ 62, o torcedor ganha uma edição impressa que acompanha um marcador de página. Há ofertas mais atrativas, como a cota de R$ 450 que, além do livro e marcador, dá direito a nome impresso nos agradecimentos e uma camisa oficial do Vitória, de 1998, autografada pelo elenco daquele ano.