'Meu tio me abusava na frente dos meus pais': mulheres revelam estupros na infância

Metade dos estupros contra menores de 14 anos acontece em casa, na Bahia, mostra levantamento do CORREIO; leia relatos de vítimas e saiba como denunciar

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  • Fernanda Santana

Publicado em 22 de agosto de 2020 às 11:00

- Atualizado há um ano

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Ela mal tinha aprendido a falar, quando seu tio, adulto com o triplo do seu tamanho, começou a abusá-la sexualmente. Por isso, Sandra*, aos 4 anos, não sabia colocar em palavras o que sofria sempre que, pelos cantos da casa, o homem a quem chamava de tio se aproximava. O trauma dessa menina, vivido dentro do seu próprio lar, representa quase a metade dos casos de violência sexual contra vulneráveis. Na Bahia, desde 2009, foram, em média, três abusos contra menores de 14 anos por dia - 9.832, até 2018. Deles, 1,3 (4.844) aconteceram em casa. 

Conversamos, ao longo da última semana, com cinco mulheres que, na infância, foram vítimas de uma violência da qual o tempo não as curou. Os crimes foram cometidos por parentes ou pessoas com relações familiares, nas casas das vítimas. Os relatos podem ser lidos ao lado. Era em casa que também a criança do Espírito Santo sofria os abusos, dos 6 aos 10 anos. Grávida do seu algoz, fez um aborto legalizado, em Recife, sob protestos de fundamentalistas religiosos que viam no seu direito, um crime. De 2009 a 2018, dos 489,1 mil registros de estupro contra vulneráveis no Brasil, 303,7 mil aconteceram em ambientes domésticos.  Protesto na frente do Cisam (Foto: Jornal do Commercio) Desde 1940, há permissão legal para interromper gravidezes provocadas por violência sexual. Mas as vítimas, não raro, se calam por medo do descrédito, sobretudo. As mulheres que conversaram com a reportagem  afirmaram que apenas mais de 15 anos depois dos abusos pronunciaram a frase: “Fui abusada”. Elas não engravidaram. Por sorte, talvez, pois duas delas já tinham menstruado, na época dos abusos.

Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia, 11 menores de 14 anos vítimas de abuso sexual solicitaram interrupção da gravidez Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), no ano passado. Neste ano, foram 4. O Instituto é um dos responsáveis pela realização de abortos legais no estado. O outro é o serviço Ame, dentro do Hospital da Mulher, que não nos informou o número de procedimentos realizados. 

Qualquer contato “libidinoso” (não é preciso haver penetração) com menores de 14 anos é considerado estupro pelo Código Penal Brasileira. Isso não impediu que, desde 2009, 261.263 meninas nessa faixa etária dessem à luz no Brasil. A Bahia aparece no segundo lugar da lista de estados, com 23.779 filhos de menores - atrás apenas de São Paulo, com 31.519 registros. São crianças com outras no colo.

Desde maio de 2012, a contagem de tempo para a prescrição do crime só começa a valer quando a vítima completa 18 anos. A partir daí, há um prazo de 20 anos para a denúncia. Caso contrário, o crime prescreve. Em 2019, foram 2.131 denúncias de estupro de vulnerável na Bahia, informou a Secretaria de Segurança Pública estadual.Neste ano, até junho, foram 771 queixas. Os processos correm em segredo de justiça, para preservar a imagem da criança. 

Abuso na infância mexe com estruturas cerebrais A coordenadora executiva do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Luciana Reis, acredita que o silêncio das crianças, além da própria idade,  está associado a três razões: o tabu sobre o sexo leva muitos pais a não ensinarem às crianças que qualquer violação aos seus corpos é criminosa; a relação de proximidade com os algozes; e o descrédito.

Na maioria das vezes, a coordenadora do Cedeca explica, o resultado é que o abuso só será descoberto anos depois. Isso quando chega a ser descoberto. A criança fica em silêncio, mas o corpo responde aos traumas. A psiquiatra Ana Paola Robatto, professora do Departamento de Pediatria da Universidade Federal da Bahia, afirma que um abuso vivido por uma criança é configurado como um “estresse tóxico”.“As estruturas ainda estão se formando e aquilo causa uma mudança estrutural e hormonal na criança, no hipocampo e no sistema límbico, onde nossas emoções estão guardadas e são reativadas”, explica. A médica recomenda um diálogo aberto com os filhos, de acordo com a faixa etária de cada um, observação do comportamento da criança com o outro e com o próprio corpo e alterações do relacionamento dela com o entorno. Marcas na pele também devem ser observadas.

A médio e longo prazo, é possível observar uma tendência dessas vítimas a ter problemas como depressão e Transtorno Obsessivo Compulsivo. “Há crianças que são abusadas muito novinhas e realmente pode ser difícil sinalizar. Mas é certo que a criança vai demonstrar alguma coisa. Quando ela é muito pequenininha, ela não responde necessariamente com palavras, mas com atitudes, como alteração no padrão de sono, de alimentação, os ritmos mudam”, frisa. 

Leia os relatos das cinco mulheres e confira abaixo onde é possível conseguir ajuda em caso de abuso sexual: 

Sandra* (nome fictício), 27 anos, estudante de Medicina: "Minha família passou a achar que eu era uma criança detestável"

Os abusos que eu sofri aconteciam dentro da minha própria casa, na piscina ou em qualquer local que o abusador estava. Ele era meu tio, eu chamava esse homem que eu odeio de tio. Os abusos começaram quando eu tinha mais ou menos 4 anos e duraram até os meus 8. Ele colocava a mão na minha vagina dentro da piscina, ficava cutucando meu clitóris. Meus pais, muitas vezes, estavam perto, mas não viam. Ele conseguia esconder. Também me fazia me pegar no pênis dele. Eu não queria, mas era muito pequena, não sabia como resolver. 

Teve uma época em que eu, criança, achava que aquilo era uma coisa boa, porque ele estava me estimulando diretamente. Mas eu não fazia ideia do que era. Meus pais nunca imaginaram que isso ia acontecer com a filha deles. Meu pai até hoje não sabe e minha mãe, quando eu finalmente contei, há poucos anos, foi um chororô. Ela se achava culpada. Acho que ninguém tinha culpa. Na Bahia, quase metade dos casos de estupro contra vulneráveis acontece em casa (Foto: Arquivo CORREIO) Mesmo depois de um tempo, eu não entendia o que acontecia, eu era muito pequena, só ficava tremendo. Todo mundo fala que eu só queria ficar agarrada em minha mãe, que não ia pro colo de ninguém. Minha família passou a achar que eu era uma criança detestável, mas eles não sabiam o que estava acontecendo.  Na verdade, eu só estava tentando me defender. Quantas vezes eu fiquei no colo daquele homem, com minha boneca na mão, e ele me violentando. Ele até tinha me ensinado a colocar as bonecas para “trepar”, como ele falava. 

Menstruei aos 9 na escola e  achando que estava morrendo. Eu comecei a gritar. A diretora da escola achou que eu era louca. Hoje, estudo Medicina, e, mesmo sendo algo que eu goste, acabo passando por assédios em clínica, no hospital. Estou tentando lidar melhor, sem chorar, nem me culpar. Até agora, estou meio nervosa. Tenho vergonha do que você vai achar de mim. 

Os abusos só pararam quando esse homem foi embora de cidade. Ano passado eu o vi e tive uma crise de pânico. Ainda sigo em processo de evolução. Com meu primeiro namorado, não conseguia ficar com ele, então tive que acabar contando o que aconteceu. 

Se eu contar para meu pai, tenho medo do que ele pode fazer. Mal dei abraços nele na vida. Meus pais foram pessoas criadas na roça, de um pensamento em que não há diálogo. Um assunto como esse é motivo de polêmica. Isso não passa. Gostaria que as coisas fossem diferentes. 

Luana Rocha, 33 anos, jornalista e roteirista: "Meu tio falava que aquilo era uma brincadeira"

Vivi com o abuso por muito tempo. Acho que dos 5 aos 10 anos, algo assim. Eu não gostava daquilo, achava estranho, mas não sabia o que era. Sempre fui  uma criança muito curiosa, de leitura, então eu comecei a sacar algumas coisas e aí eu percebi. Aquilo não era bom, não gostava. Mas meu tio, que me abusava, falava que era uma brincadeira. Quando eu fiquei menstruada, ele falou: “A gente não vai poder brincar mais”. 

Acabei indo morar com meus padrinhos, me distanciei daquela realidade. O cara era muito bizarro. A primeira vez que falei foi com minha mãe e meu irmão, eu tinha uns 21 anos. No fundo, eles esperavam que eu nunca fosse falar. Eles acreditaram, porque sabiam de alguma maneira. Isso aconteceu comigo porque foi uma falha. Isso não dá para negar. Minha tia não tinha filhos, e ela dava uma forçada para eu, meus primos, ficarem com eles. Quando você é criança não têm opções. Meus pais só queriam se livrar mesmo, porque estavam passando por problemas. Se eu pudesse dizer algo seria: ouçam as crianças! 

Vivi minha adolescência como se já tivesse queimado etapas. Como se a partir daquele momento, tudo que eu fizesse já não tivesse tanta diferença. Isso que passei se reflete nas minhas relações. No fundo, eu não confio direito. No último Natal, resolvi falar abertamente com a família. As pessoas diziam que sabiam daquilo e eu me senti muito pior. Como assim a galera sabia e não fazia nada? 

O que me fortaleceu foi ler outras histórias e saber que eu não estava sozinha. Veio essa quarentena, comecei a fazer vários processos. Falar é libertador. O monstro vai diminuindo.  Acho que usei muito da fantasia, criar outras histórias, para pensar no passado e reinventar. Hoje eu trabalho como roteirista, acho que tinha a ver. Há algum tempo, minha avó ficou doente, veio para Salvador. Fui no hospital e ele estava lá, veio falar comigo. Eu me afastei e disse: “não fale comigo, não”.

Depois de um tempo, soube que ele ficou doente, ficou muito mal, vegetou. Minha mãe disse que ele estava no hospital e deu uma vontade de ir lá falar umas coisas. Mas pensei: "o desgaste é muito". Aí, ele morreu. Uma das maneiras que tenho mentalizado para que doa menos é pensar a vida como compartimentos. Isso aqui é a minha realidade. É buscar olhar para a gente com mais afeto, mais compreensão.

Ana Paula Vieira, 20 anos, estudante de Psicologia: "Cresci me sentindo ruim, uma pessoa horrível e suja"

Na minha lembrança mais antiga, eu tinha 4 anos quando os abusos começaram. Minha família era muito amiga de outra família. Como moramos numa cidade pequena, a gente era como uma família só. Lembro de ir para a casa da frente, onde essa família morava, e o rapaz tocar em mim. Sempre que eu ia, ele fazia isso. Meu único discernimento para saber que aquilo era errado era porque tinha vergonha. Mas o quanto errado era, não sabia. 

Um dia, estava brincando em casa com a irmãzinha dele, uma prima para mim, e ela disse para a mãe: “meu irmão passou a mão em mim”. A mãe reclamou com ele e eu pensei que, se eu contasse, ela também ia fazer algo por mim. Quando eu disse, ela disse que era mentira minha.  Depois disso nunca mais falei, mas ele continuou me abusando. Achava que era comum aquilo acontecesse. Por mais que eu sentisse vergonha, eu não sabia o que era, e achava que todo mundo passava por aquilo. 

Nessa época, eu amava brincar, era uma das coisas favoritas. Até que brincar se transformou em algo nocivo. Passei a ter raiva, ódio de brincar. Os abusos continuaram até meus 9 anos, quando ele se mudou para São Paulo. Fora essa aversão a brincadeira, eu desenvolvi Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) quando eu era criança. 

Eu não tenho um ritual específico, eu tenho vários. Me lavo muito quando vou tomar banho, chego a me machucar para me limpar e acho que tem muito essa relação com o que passei. Talvez minha mãe percebesse minhas mudanças de comportamento, mas ela não imaginava que era por causa disso. Tentei, durante muito tempo, deixar essa memória de escanteio. Quando fiz 15 anos, estava namorando, e as coisas começaram a piorar. Tinha medo dele.

Até que um dia, eu já estava com 17 anos, eu e minha mãe estávamos assistindo ao jornal e passou uma reportagem sobre violência sexual contra criança. Minha  mãe perguntou: “Ana, alguém já fez alguma coisa em tu?” Aí eu pensei: agora vai e contei. Começamos a chorar.  A gente pensou em denunciar, mas nunca tive coragem. Eu tenho medo até hoje. 

No começo deste ano, o médico me diagnosticou com transtorno bipolar. Na terapia, eu já falava mais abertamente. Eu já tive medo de tocar, de ter contato, eu chorava ou às vezes eu não conseguia ficar com alguém. Cresci me sentindo ruim, errada, uma pessoa horrível e suja.

Thainara Nepomuceno, 29 anos, psicóloga: "Meu padrasto disse que se eu falasse, ele mataria minha bisavó"

Minha bisavó precisou se mudar pra Salvador, e eu, que morava com ela, fui junto. Minha mãe já morava na cidade, com o marido dela, um tenente do exército. Para a família ele era um amor e até um certo momento eu identificava isso. A minha mãe, certa vez, saiu e minha bisavó foi para Feira, porque tinha consulta. Um dia dia eu fiquei sozinha em casa com ele. Lembro que eu estava no meu quarto, no andar de cima da cada, assistindo televisão. Peguei naquele sono, mas como eu tenho um sono leve, senti alguém tocando a mão do meu corpo. Eu só tive reação de ficar paralisada.

Era meu padrasto que estava atrás de mim. Ele sussurrava no meu ouvido e isso, por si só, já me deixava com ânsia de vômito. Foi uma covardia, estava deitada de bruço, nem consegui me mexer, estava paralisada. Quando ele se levantou, a única coisa que ele disse foi: “Se você ainda quiser ter sua bisavó, fica quieta, se não ela morre”.

Chorei muito aquele dia. Lembro de me tremer, trancada no quarto. A minha avó perguntava o que foi, mas as palavras não saíam. Eu era uma criança carinhosa, sempre brincalhona. Todo mundo que chegava em casa, eu abraçava, qualquer pessoa mesmo, amigos. Daquele dia em diante, eu paralisei. Me fechava. 

Minha bisavó quis que eu fosse para a psicóloga, aos 10 anos, mas nem para a psicóloga eu falava. Só falei quando completei 18 anos. Todas as mulheres da minha família me diziam que eu não deixasse nenhum homem me tocar e que se me tocassem, que eu deveria falar. Sabia que o que meu padrasto fez era errado. 

Até que eu voltei para Feira de Santana,  dois anos depois, com minha bisavó. Se passaram mais dois anos e recebemos a notícia de que ele tinha sido assassinado. É triste dizer que eu fiquei feliz pela morte de alguém, mas é a verdade. Contei para minha bisavó, minha mãe, minha tia Mas só minha bisavó acreditou. Minha madrinha dizia que ele era um cara íntegro. 

Não consegui, até os 17 anos, me envolver com homem nenhum. Eu tinha crises de choro e chorava. Eu chegava no hospital com minha pressão lá embaixo, ninguém entendia. Eu não tinha nenhuma doença. Nessa quarentena, eu surtei no primeiro mês. Tudo isso veio muito a tona e eu comecei a falar. Mas não é fácil. Estou falando aqui, a base de chá de camomila e calmante. Espero introjetar dentro de mim que a culpa não é minha.

Rafaela* (nome fictício), administradora, 38 anos: "Meu pai era daqueles machões, poderia dizer que eu inventei"

Não sei ao certo quando meu tio começou a me abusar. Lembro que ele sempre ficava perto de mim, me dava aqueles beijos molhados, e eu não entendia. Ele me tocava sempre que eu ficava sozinha com ele. Lembro com mais detalhes das coisas quando eu tinha uns seis, sete anos. Eu até achei que poderia ser algum carinho comigo, que era normal, mas depois achei é que ele estava me punindo por alguma coisa. 

Ficava quieta porque eu não sabia o que estava acontecendo. Nessa época, um dia minha mãe saiu e ele ficou em cima de mim e me estuprou. Não consigo lembrar se ficou alguma marca no lençol, ou em mim, mas ele deve ter dado um jeito. As coisas não são como hoje, não tem essa informação toda. 

Chegou um momento, pouquinho tempo depois, uns seis meses depois que eu fiquei muito irritada. Meus pais achavam que era meu jeito, que eu era respondona. Os abusos continuaram até eu ter uns 10 anos. A gente se mudou de cidade, porque meu pai foi transferido. Lembro que eu fui embora tão feliz. Mas continuei achando que era algo normal, por isso não falava nada.

Quando cheguei na minha nova casa, estava feliz. Mas qualquer coisa me abalava. Teve um dia na escola que ouvi uma história de uma menina que tinha sido abusada. Entendi que era isso que eu sofria. Eu pensei em contar para meus pais. Mas fiquei com medo. Meu pai era daqueles machões, poderia dizer que eu inventei.

Meus relacionamentos foram sempre complicados. Eu tinha medo, nojo, dos homens. Conheci meu marido quando estava com uns 22 anos. Tinha dias que eu gritava com ele. Teve um dia que tomei coragem e contei para ele. Ele me ajudou bastante e me incentivou a ir para psicóloga. Para mim, se eu falasse, eu viveria aquilo de novo. Para você ter ideia, eu tenho duas filhas, e quando elas eram pequenas, eu não deixava meu marido dar banho. Eu não consigo confiar em ninguém.

Em festas de família, eu via ele, mas depois que minhas filhas nasceram, eu nunca mais voltei para a cidade. Ele era gentil, amoroso, parecia que gostava de mim. Isso me dava ainda mais repugnância. Fui diagnosticada com transtorno de bipolaridade. Já cheguei a faltar emprego, perder um emprego, porque ficava muito mal, não conseguia ir trabalhar. Meu pai faleceu e minha mãe continua viva. Mas também nem sei se, depois de tanto tempo, vale a pena falar alguma coisa. 

ONDE TER AJUDA E COMO DENUNCIAR: 

Acopamec: Abriga crianças e adolescentes vítimas de violência.Telefone: 3306-1817.Endereço: Rua São Mateus, Mata Escura,  41220-200.

Cedeca: Centro de Defesa da Criança e do Adolescente.Telefone: 3321-1543.Endereço:  Rua Gregório de Matos, nº 51 - 2º andar, Pelourinho.

Viver (IML): Acolhimento de vítimas de violência sexual e atendimento psicológico.Telefone: 3117-6700.Endereço: Instituto Médico Legal (IML), Av. Centenário, Garcia.

Derca: Delegacia Especial de Crime Contra a Criança e o Adolescente.Telefone: 3116-2151. Endereço: Rua Agripino Dórea, 26, Matatu de Brotas.

IPERBA: Realiza aborto legal em vítimas de estupro.Telefone: 3103-9300.Endereço: Rua Teixeira Barros, 72, Brotas.

Serviço AME (Hospital da Mulher): Realiza aborto legal em vítimas de estupro. Telefone:  4141-6520 ou 3034-5005.Endereço: Rua Barão de Cotegipe, 1153, Largo de Roma.

Disque 100: Número para realizar denúncias anônimas.