Milhares vão às ruas de Caracas em protesto contra governo de Maduro

O chamado de "golpe em andamento" - supostos movimentos do governo para acumular mais poder - energizou e uniu a oposição normalmente frágil na Venezuela

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  • Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2017 às 16:33

- Atualizado há um ano

A oposição na Venezuela organizou protestos em Caracas e em outras cidades do país neste sábado (8), em uma renovada onda de protestos contra o que chamam de ditadura imposta pelo presidente Nicolás Maduro. As manifestações lideradas pela oposição começaram na última semana depois que o Tribunal Supremo de Justiça assumiu funções parlamentares, o que gerou condenações internacionais.

Na quinta-feira (6), um jovem de 19 anos foi morto a tiros durante protestos. Um policial foi preso. O grupo de direitos humanos Penal Forum afirma que quase 100 pessoas foram presas durante os protestos no país nos últimos dias. A oposição afirma que mais de 100 ativistas políticos foram presos em uma campanha do governo contra os dissidentes.

No momento em que a marcha estava começando hoje, membros da oposição furiosos arrebataram uma câmera de TV de profissionais que trabalhavam para a emissora estatal pró-governo VTV, perseguindo-os para longe da multidão jogando objetos e insultando-os.

Entre os manifestantes estava Victoria Paez, de 26 anos, que jogou uma boné de beisebol do candidato da oposição Henrique Capriles para a presidência, quando perdeu para Maduro por menos de 250 mil votos.

"Todos os dias, o governo nos dá mais motivos para deixar nossas casas e protestar", disse Páez, que ganha menos de US$ 20 por mês como engenheira química. Ela disse que está pensando em se juntar a uma irmã e dezenas de amigos da faculdade que deixaram o país sul-americano para buscar um futuro melhor.

Enquanto ela se disse esperançosa, afirmando que o mundo começa a ver que há injustiças na Venezuela, seu pai, Carlos Páez, foi mais pessimista. "Infelizmente, se houver derramamento de sangue para que o governo mude, não será a primeira vez na história", disse ele.

As manifestações passadas de oposição na Venezuela foram algumas delas planejadas semanas antes para garantir alta participação. Mas agora a realização quase diária de eventos, contra o que está sendo chamado de "golpe em andamento" - os supostos movimentos do governo para acumular mais poder - energizou e uniu a oposição normalmente frágil.

Autoridades impediram Capriles, na sexta-feira, de disputar eleição por 15 anos por irregularidades administrativas como governador do Estado de Miranda, uma ação condenada por seus partidários e governos estrangeiros como mais um passo rumo à ditadura, depois da decisão da Suprema Corte na semana passada de esvaziar a legislatura controlada pela oposição.

"Ninguém pode desqualificar o povo venezuelano", disse Capriles de um palco, em breves comentários antes da manifestação começar Quando ele convocou os manifestantes a marchar para o escritório da ouvidoria do governo, a multidão entrou em uma versão do hino nacional da Venezuela e começou a marchar em direção ao centro da cidade.