Mini porco de estimação é fofo e esperto, mas chora alto como bebê

Sensação ao redor do mundo, bichinho é pura fofura, mas nem sempre fica tão pequeno quanto o nome diz e grunhidos podem parecer choro de criança

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  • Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2018 às 13:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Instagram

Se você era criança nos anos 1990, provavelmente assistiu ao filme Babe, o Porquinho Atrapalhado. O longa narrava a história de um porco superfofo, que achava que era um cachorro - tanto que fez o dono dele o inscrever num  Campeonato Nacional de Cães Pastores. 

Essa história pode até ser baseada em um romance inglês, mas tem similaridades aqui na Bahia. Isso é o que jura Rafael Cabalero. @prissy_pig - Priscilla e Poppleton - ou Prissy e Pop - moram nos Estados Unidos e possuem 690 mil seguidores no Instagram (Foto: Reprodução/Instagram) O médico veterinário adotou Filó há cerca de 8 meses, quando o antigo proprietário da porquinha desistiu de cuidar dela. Especializado em animais silvestres e exóticos, aceitou a missão. Afinal, já tinha vários outros bichos em casa. Com tantas companhias, Filó achou sua turma: a dos cachorros.

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“Ela pegou o comportamento deles. Quando chego, por exemplo, os cães vão até a porta me receber, e ela vai junto”, diz. Prestes a completar 1  ano, a porquinha recebeu outro nome - hoje se chama Flica - e tem cerca de 30kg. Ela é uma ‘mini pig’ ou ‘miniporca’. @mybestfriendhank - Hank tem até um site: mybestfriendhank.com (Foto: Reprodução/Instagram) Mas, afinal, o que são esses bichos? “São uma mistura de raças e linhagens menores dos suínos, criados com o cruzamento dos porcos de menor porte”, explica o médico veterinário Rodrigo Arapiraca. “Enquanto um porco comum tem peso entre 150kg e 200kg, os minis têm média de 25kg”.  Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de pets, turismo, gastronomia, moda, beleza, decoração, bem-estar, tecnologia e as melhores coisas de Salvador e da Bahia Por serem oriundos de um cruzamento genético, não há uma raça definida dos mini pigs. Cada fazenda de criação tem os seus e vende por valores que variam entre R$ 800 e R$ 1.500. Como a maioria desses lugares fica no estado de São Paulo, há, possivelmente, o acréscimo de frete. Flica é a mini pig de estimação de Rafael Cabalero (Foto: Arquivo Pessoal) Apesar de serem menores que os suínos comuns, isso nem sempre quer dizer que os mini pigs ficarão, de fato, minis. “A genética importa, mas também a alimentação. Quanto mais carboidratos e proteínas o dono dá, mais o porco crescerá”, fala Arapiraca. Por isso, Rafael escolheu para Flica uma dieta com frutas, verduras e legumes. Uma vez na semana, somente, dá alimentos como a soja, rica em proteínas.

Vantagens... Entre os atrativos para se ter um porco está o fato de que a expectativa de vida é bem maior que a de outros animais domésticos mais comuns: em média, vivem 20 anos, mas há alguns que seguem até três décadas.

“Eles também são bem inteligentes e sociáveis. É uma opção para aquelas pessoas que acabam não podendo criar bichos como cão e gato por alergia a pelo, ou algo do tipo”, opina o médico veterinário Márcio Andrade. Isso é porque os porcos têm poucos pelos em comparação a esses outros animais. A cantora Miley Cyrus é uma das celebridades que se renderam aos porcos de estimação (Foto: Reprodução/Instagram) “Eles ainda podem ser domesticados e se acostumar a andar com coleiras se criados desde pequenos, por exemplo. Os suínos também fazem suas necessidades sempre no mesmo lugar”, lembra Talita Pinheiro Bonaparte, zootecnista e professora de suinocultura e avicultura da Ufba.

“Os porcos adoram receber carinho. São animais extremamente afetuosos. Se forem acostumados desde filhotes com outras espécies de bichos domésticos, convivem em harmonia”, garante a médica veterinária Tatiana Feuchard. Tatiana e George, quando o mini pig ainda era um bebê (Foto:Arquivo Pessoal) Ela era a responsável por cuidar de George, o miniporco de estimação do Mundo Pet (localizado na Av. Juracy Magalhães Júnior, no Rio Vermelho). Hoje em dia, o bicho vive em uma fazenda de um dos ex-funcionários do  local - e já arrumou até namorada.

Mas, quando ainda morava em Salvador, era o xodó de Tatiana. “Tomar conta dele era muito divertido! O George é um supercompanheiro, animal de estimação mesmo”, derrete-se.

...e desvantagens Nem tudo é fácil na vida de quem tem um porco de estimação. “Flica é muito gulosa e muito forte. Uma vez, ela descobriu que a comida dela ficava na cozinha, só que a porta estava fechada. Ela praticamente arrombou para entrar lá. Também já tentou abrir a geladeira”, recorda Rafael. “Os suínos conseguem ainda arrastar móveis, como sofás”, diz Arapiraca. George circulava pelo Mundo Pet e, hoje, mora em uma fazenda (Foto: Arquivo Pessoal) Por naturalmente não transpirarem, eles normalmente trocam calor na natureza - por isso que, comumente, vivem, em fazendas, na lama. Assim, não toleram temperaturas altas. 

“Se o dono for sair com o animal em um dia de bastante sol, tem que passar protetor solar”, lembra Márcio Andrade. “O uso de hidratantes, duas vezes por semana, também é indicado, pois eles possuem a pele muito ressecada, o que favorece a descamação”, completa Tatiana.

Apesar dos problemas com calor e de pele, eles não complicam na hora da higiene. “São animais extremamente limpos, além de adorarem tomar banho. Podem ser semanais,  sempre com xampu neutro e água morna”, segue a veterinária. @juditemisspig -  Com 13,5 mil seguidores no Instagram, Judite é brasileira, mora em São Paulo e faz quatro anos no dia 1º de junho (Foto: Reprodução/Instagram) Outra complicação de se ter um porco doméstico é o grunhido que ele faz.  “Se o dono morar em um apartamento, o som pode atrapalhar a convivência com o condomínio”, conta Márcio.

Quer entender mais ou menos como é a reclamação dos mini-porquinhos? Lembra o choro de um bebê. Assista ao vídeo abaixo, da porquinha Juliana sendo retirada do banho e enxugada pela mãe:

“Eles podem gritar para receber alimentação. E, como precisam fazer atividade física, se viverem em apartamento e não sairem para passear, podem ficar estressados e agressivos. E isso também faz eles vocalizarem demais”. Por fim, para se viver em ambientes domésticos, é necessária a vacinação, assim como em cães e gatos, e a vermifugação semestral.

Confusão

Baruch é um mini porco de 2 anos, com cerca de 40 centímetros de altura e cor caramelo. Nasceu em uma fazenda no interior de São Paulo em 2016 e, de avião, veio para Salvador diretamente para os braços da família Bonfim. Ele é o foco de um processo judicial que envolve seus tutores, um condomínio residencial em Piatã e centenas de vizinhos.

Em setembro de 2017, a família de Baruch se mudou de um prédio na Pituba para um apartamento no Condomínio Cores de Piatã. Na mesma época, começou o imbróglio. Em outubro, o condomínio solicitou ‘a retirada do porco da unidade’, nas palavras do processo, que tem mais de 120 páginas. Por isso, os donos do animal estão movendo uma causa de indenização por danos morais. Baruch curtindo uma praia (Foto: Reprodução) Segundo vizinhos, o animal tem um ‘forte odor’ e faz um barulho muito alto. Defendem que ali não é o lugar para criar um porco. A família contesta. Eles dizem que Baruch foi ensinado a não fazer nada – nem fezes, nem urina – dentro de casa. Argumentam que, no prédio onde moravam antes, o Condomínio Praia Bella, na Avenida Oceânica, nunca tiveram nenhum tipo de reclamação.

Em dezembro, houve uma sessão de conciliação na 6ª Vara de Justiça Especial de Causas Comuns, no Fórum Regional do Imbuí. Na ocasião, foi marcada a data que decidirá o dia do destino de Baruch: no dia 26 de março, quando foi realizada uma audiência de instrução e julgamento. A decisão judicial ainda não saiu.

Da família

Para a família, Baruque é um importante membro da casa, desde sua chegada. Na época, a filha da personal trainer Alexsandra Bonfim queria um bichinho de estimação, mas tem alergia a pelos de cachorro.

Na internet, descobriu o tal mini pig, que são um fenômeno nas redes sociais. Logo, parecia que estava tudo certo. Antes mesmo da chegada do porco – trazido da Fazenda Angolana, um rancho em São Roque (SP) que envia animais para todo o Brasil –, a família tinha decidido seu nome. “A gente viu uma peça que tinha uma menina que ficava sozinha. Ela ganhou uma ovelhinha de estimação que se chamava Baruch. Como minha filha também ganhou uma companhia, decidiu colocar Baruch”, contou a mãe. Para fazer Baruch se exercitar, a família costuma estimular brincadeiras, como é o caso com a bola de pilates (Foto: Reprodução) O mini pig se tornou seu escudeiro. No entanto, as coisas mudaram quando a família se mudou. Lá, na Pituba, o apartamento era menor. Precisavam de mais espaço. Alexsandra se encantou pela área verde do Cores de Piatã – que tem, além disso, muito espaço para passeio. Achou que aquele seria um bom espaço para receber a família.

Não foi como eles esperavam. Alguns dos vizinhos se incomodaram com a presença de um mini pig no condomínio – especialmente, nas áreas comuns

Ela diz que, sempre que saíam para passear, vizinhos apontavam e faziam comentários. Alguns se afastam quando encontram a família no elevador. Alexsandra diz que se tornou quase uma persona non grata – tem alguns que sequer dão ‘bom dia’.

Baruch, que sempre sai à noite para passear, passou a querer ficar pouco tempo fora. Sempre que desce, logo quer voltar ao apartamento. Segundo ela, não há nenhum cheiro ruim no apartamento. “Eu também não gosto de fedor, nem de cachorro. Mas as pessoas têm preconceito com ele por ser um porco. Ele é um animal muito limpo. É muito carinhoso com minha filha”.