Morre diretor de redação do jornal Folha de S. Paulo

Ele foi vítima de um câncer de pâncreas, que descobriu no ano passado

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  • Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 05:36

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo Agência Senado

Diretor de redação da Folha de S. Paulo, Otávio Frias Filho, 61 anos, morreu na madrugada desta terça-feira (21), em São Paulo. Segundo informações da TV Globo, ele foi vítima de um câncer no pâncreas, que descobriu no ano passado.

Frias foi mentor do Projeto Folha, que modernizou o periódico e foi de grande influência para o jornalismo brasileiro. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês. Ele vai ser enterrado no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.

Ele comandou o jornal por 34 anos. Filho do dono da Folha, Frias Filho começou a trabalhar aos 17 anos e participou do processo de abrir as páginas do periódico para diversas opiniões em 1974, inclusive para as que eram contrárias à ditadura.

Formado em direito e com pós-graduação em ciência política, escreveu peças de teatro e livros. Nos últimos anos, escrevia uma coluna no caderno Ilustríssima, de cultura.

O diretor de jornalismo do CORREIO, Roberto Gazzi, escreveu sobre a perda. "A morte precoce de Otavio Frias Filho é uma perda enorme para o jornalismo brasileiro e para o Brasil. Nesta fase de radicalidade, fará falta a seriedade, o caráter e a inteligência de Otavio, mas principalmente a busca da pluralidade que ele sempre pregou e buscou. Trabalhar a seu lado nos primórdios do Projeto Folha serviu de inspiração em toda minha carreira. Deixa um legado inesquecível para o jornalismo brasileiro."   

O prefeito ACM Neto lamentou a morte do jornalista. Confira a nota de pesar na íntegra:

"O prefeito de Salvador e presidente nacional do Democratas, ACM Neto, lamentou nesta terça-feira (21) a morte do jornalista Octavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de S.Paulo. “Ao estimular a prática do jornalismo pluralista, crítico, independente e apartidário, Octavio Frias não apenas deu uma nova dimensão à Folha de S.Paulo, mas, principalmente, contribuiu de forma decisiva para a modernização da imprensa brasileira nos anos 1980 e, também, para a consolidação da nossa democracia. Nestes tempos de fake news e constantes ameaças à imprensa livre, Octavio Frias Filho vai fazer muita falta, sem dúvida alguma. O seu legado, no entanto, fica como exemplo para as futuras gerações. Meus sentimentos à família Frias e ao Grupo Folha”, afirmou ACM Neto."

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também lamentou, com imensa tristeza, a morte prematura de Otávio Frias Filho e manifestou "seu profundo pesar e solidariedade à família e a todos os colaboradores da Folha de S.Paulo" por meio da seguinte nota: 

"Desde  jovem, Otávio se destacou pela visão crítica da atividade jornalística e pelo empenho em modernizá-la e colocá-la em sintonia com os anseios da sociedade brasileira. Com talento, ousadia e criatividade, Otávio revolucionou a Folha de S.Paulo e deixou profundas marcas na história da nossa imprensa.   O poder transformador de sua ação foi materializado no Projeto Folha, conjunto de princípios e práticas que são um marco e seguem norteando o que há de melhor no jornalismo brasileiro.   O papel fundamental do jornalismo na democracia, sobretudo em um país como o nosso, onde a tentação do autoritarismo está sempre tão presente, marcou o pensamento e a ação de Otávio Frias Filho. Ele sonhava com um país moderno, justo e civilizado, e enxergava no jornalismo sério e responsável uma ferramenta indispensável para a construção desse sonho.   Otávio, na sua discrição e seriedade, fará uma enorme falta ao jornalismo e ao Brasil".    A própria Folha de S. Paulo também fez uma nota à imprensa sobre a morte, confira:

"Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de S.Paulo, morreu em São Paulo nesta terça-feira, às 3h20, aos 61 anos, vítima de um câncer originado no pâncreas. À frente do jornal por 34 anos, foi o mentor do processo de modernização técnica do jornalismo na década de 1980 batizado de Projeto Folha.  Sob a direção de Otavio, a Folha se tornou o maior e mais influente jornal do Brasil, líder em circulação e em audiência, posições que veio mantendo desde então. O veículo consolidou-se como uma referência no jornalismo apartidário, pluralista, crítico e independente. 

Jornalista, ensaísta e dramaturgo, publicou “De Ponta Cabeça” (2000), “Queda Livre” (2003) e “Seleção Natural” (2009), entre outros livros. Deixa Fernanda Diamant, editora da revista literária Quatro Cinco Um, com quem teve as filhas Miranda e Emilia, e os irmãos Maria Helena, médica, Luiz, presidente do Grupo Folha, e Maria Cristina, editora da coluna Mercado Aberto. Estou acrescentando no pé as informações sobre o velório, que mando abaixo O velório ocorrerá a partir das 11h30 desta terça-feira, e a cerimônia de cremação, às 13h30, ambos no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra", escreveram.