MP diz que acompanha investigação sobre mortes de tio e sobrinho

Acusados de furtar comida de mercado, eles foram entregues a traficantes, segundo família

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  • Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2021 às 13:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O Ministério Público do Estado da Bahia informou nesta sexta-feira (30) que está acompanhando o caso do tio e sobrinho que foram achados mortos no porta-malas de um carro na Polêmica, em Brotas, na segunda-feira (26). Segundo familiares, eles foram mortos por traficantes depois de serem acusados de furtar comida no Atakarejo de Amaralina. Um funcionário do local teria chamado os traficantes após flagrar Bruno Barros da Silva, 29 anos, e Ian Barros da Silva, 19, furtando.

O MP diz que "adotou as providências cabíveis nesta fase preliminar de apuração, autuando uma notícia de crime e  encaminhando ao Núcleo do Júri da Capital, para fins de acompanhamento das investigações que, conforme noticiado pela imprensa, já vêm sendo realizadas pela Polícia Civil". 

Segundo parentes, Bruno chegou a ligar para pedir dinheiro para pagar por produtos que eles teriam furtado no supermercado. Ele falou que o segurança havia afirmado que iria entregá-los para traficantes. 

Elaine Costa Silva, mãe de Ian, explicou que Bruno chegou a entrar em contato com uma amiga pedindo que conseguisse R$700 para pagar as carnes que eles teriam furtado e dizendo que os seguranças estavam entregando os dois a traficantes. “Ele ligou de dentro do mercado pelo WhatsApp, porque nem crédito ele tinha no celular, pedindo R$ 700 para pagar as carnes, mas não deu nem tempo da gente ir até lá. Ele falou ‘os seguranças já estão me entregando para os bandidos, pelo amor de Deus não me deixa ser morto’", revelou Elaine.

A mãe de Ian disse que a família ainda tentou conseguir o dinheiro. “Essa amiga dele ligou para mim avisando e chegamos a juntar R$ 300, mas eles não deram a chance de ir levar o dinheiro”, narrou. Elaine também falou sobre o furto que teria sido cometido por tio e sobrinho: “A gente estava passando por dificuldades, eles podem ter feito isso, mas eu não entendo aquela quantidade toda de carne, não sei se foi isso mesmo porque R$ 700 de carne é muita coisa”, completou.

De acordo com outro familiar de Bruno e Ian, que preferiu não se identificar, os traficantes que torturaram e mataram a dupla teriam pedido recompensa em dinheiro para liberá-los. “Os seguranças do mercado pediram R$ 700 e os traficantes pediram R$ 10 mil”, contou. Os autores da ligação não teriam informado onde a entrega do dinheiro deveria ser feita.

A Polícia Civil informou que as investigações estão em estágio avançado e que o caso de duplo homicídio está sob responsabilidade da 1ª Delegacia de Homicídio (DH/Atlântico) e que tem indicativo de quem cometeu o crime. Equipes da unidade realizaram rondas na região para tentar localizar os suspeitos, mas até agora ninguém foi preso. Algumas testemunhas já foram ouvidas no DHPP e outras ainda serão chamadas.

Relembre o caso Os corpos foram encontrados no porta-malas de um carro, com marcas de tortura e de tiros, e identificados pela polícia. Segundo os familiares de Bruno e Ian, após serem acusados de furto no supermercado, os dois teriam sido entregues a traficantes por funcionários do estabelecimento. 

Fotos que circulam nas redes sociais mostram tio e sobrinho em três momentos. O primeiro logo após eles terem sido flagrados roubando carne na rede de supermercado. Os dois estão agachados numa área interna do estabelecimento, ao lado dos produtos que teriam sido furtados e de um homem, apontado como segurança da loja.

O segundo momento mostra tio e sobrinho sentados numa escadaria do Boqueirão - local do crime. Depois, os corpos foram levados para a Polêmica.

“Foram mais de dez [bandidos], todos armados, e levaram eles para o Boqueirão. Lá, deram mais de 30 tiros de metralhadoras, pistolas, escopeta e ainda deram facadas”, disse um amigo das vítimas, que também teve o nome preservado. 

Por meio da assessoria de comunicação, a rede de supermercado informou que "o Atakarejo é cumpridor da legislação vigente, e atua rigorosamente comprometido com a obediência às normas legais. Não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei".