Na base dos gritos e da invasão vermelha, Chile vence o Equador

Quase sem baianos, Fonte Nova foi tomada pelos chilenos - a torcida mais efusiva da Copa América

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  • Vitor Villar

Publicado em 21 de junho de 2019 às 21:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

A Fonte Nova recebeu muito bem o Chile. Também, pudera: vermelho, azul e branco já são cores bem familiares a ela. E a bandeira do país, que é praticamente igual à do nosso estado? Então pronto, chilenos: podem chegar que a casa também é de vocês.

Com os baianos indo em peso para o interior curtir o São João e deixando a porta da Fonte Nova assim, aberta, os chilenos tomaram conta. Com pouquíssimos brasileiros nas arquibancadas e uma multidão vermelha – cor da La Roja – eles ganharam do Equador por 2x1 pela segunda rodada da Copa América, nesta sexta-feira (21).

Com isso, os atuais bicampeões do torneio chegam à liderança do Grupo C, com seis pontos, e garantem a vaga nas quartas de final.

Os chilenos aproveitaram bem tanta hospitalidade. Até certo ponto, abusaram. É que, até o momento, não teve torcida por aqui mais barulhenta que a chilena – nem mesmo a brasileira. Começou pelo hino, berrado, e que foi cantado até o final, mesmo após o trecho protocolar, tal qual fazem os brasileiros.

Mas o que chamou a atenção, mesmo, foi o tradicional grito de 'Chi-Chi-Chi, Le-Le-Le, viva Chile!', repetido milhares de vezes. Em cada setor das arquibancadas da Fonte Nova – Oeste, Leste e Norte – havia uma aglomeração de chilenos. E cada um desses grupos ficava disputando quem gritava mais alto. Era um grito atrás do outro, em sequência.

E olha que, para fazer tanto barulho, era preciso muita garganta. A cor vermelha não era predominante no estádio. Na verdade era o verde dos assentos vazios. O público nesta sexta-feira entre feriados foi decepcionante: apenas 11.946 pagantes, o segundo menor desta Copa América.

Tanta garganta e presença assim só se explica pelo momento que vive o país no futebol. Apesar de não ter se qualificado para a última Copa do Mundo, o Chile é o atual bicampeão da Copa América, nas edições de 2015 e 2016, vencendo os rivais da Argentina em ambas as finais.

Michel Báez e seu filho, Felipe Báez, são exemplos disso. “Estamos planejando a viagem desde janeiro. Temos certeza que vamos ser tricampeões aqui”, conta o pai, turista de Copiapó, cidade no Atacama. “Vamos a todas as partidas da seleção. Vi a equipe ser campeã em casa (em 2015) e agora trouxe meu filho, de 16 anos, para ver comigo. Na época ele era muito novo”.

“Vamos ser tri. Brasil está mal, Argentina também. Gosto muito do futebol da Colômbia, mas acho que o Chile é mais forte. Toda a torcida está muito animada por isso. Em São Paulo (4x0 no Japão, primeira partida) aconteceu o mesmo: foram 25 mil chilenos nas arquibancadas. Para onde vamos, invadimos”, conta Christian Torres, turista de Valparaíso e que também vai a todos os jogos.

Suado Em campo o Chile sofreu, mas deu conta da expectativa da invasão vermelha. Empurrado pelos gritos, começou pressionando. Com 7 minutos de jogo, Fuenzalida abriu o placar para La Roja ao aproveitar rebote de uma cabeçada de Pulgar que explodiu na marcação.

A partir daí viu-se um jogo duro, em alguns momentos até monótono, sem grandes chances. O cenário mudou aos 24, quando Méndez disputou uma sobra de bola na área do Chile e acabou derrubado pelo goleiro Arias. Na cobrança, Enner Valencia empatou.

Mais um bom pedaço de jogo truncado se passou até os 5 minutos do segundo tempo, quando Alexis Sánchez colocou o Chile de novo na frente. Aránguiz cruzou da direita e o atacante pegou da quina da área, meio sem jeito, mas suficiente para marcar o gol.

O Chile continuou sem mostrar um futebol digno de tanta confiança da torcida, mas teve tranquilidade para ganhar. Sobretudo após a expulsão do zagueiro Achilier, do Equador, aos 44 da etapa final.