'Não paramos de investir na pandemia', diz Laelson Nascimento, da Bombom Gelados

Empresário contou como conseguiu transformar um pequeno negócio de família em referência em sobremesas

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 28 de outubro de 2020 às 21:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo Pessoal

Quem vê a planta de uma fábrica de 6 mil metros quadrados, pontos de vendas em 40 cidades do interior baiano, o mailing com mais de 300 clientes finais diretos, as duas lojas de fábrica, a autossuficiência energética, uma equipe coesa de 30 funcionários e a comunicação fluida por todos os setores da empresa não imagina o que a família de Laelson Nascimento, 31, precisou investir em termos de trabalho pesado para alcançar esse patamar.

Há pouco mais de 30 anos, a Bombom Gelados era uma fábrica pequena, com pouca expressão no sul da Bahia, que vendia picolés e sorvetes e existia para garantir a sobrevivência da família. As coisas começaram a melhorar quando os quatro filhos do casal voltaram para somar forças, habilidades e competências em nome do crescimento do negócio da família.  

Laelson foi o convidado de Flávia Paixão na live Empregos e Soluções dessa quarta-feira (28), na página do Jornal Correio, no Instagram. Durante a sua participação, o jovem empreendedor falou sobre os aprendizados da pandemia e aqueles adquiridos ao longo do tempo, quando precisou trabalhar em outras empresas, sempre colocando em prática uma lição de casa: cuidar de qualquer negócio sempre como se fosse o seu e criar parcerias capazes de fortalecer os apoios quando chegassem os momentos difíceis.  Laelson Nascimento detalhou sua história no suporte ao negócio da família e conta como uma pequena fábrica se tornou referência no fabrico de sobremesas (Foto: Reprodução) Negócio no sangue Laelson conta que o empreendedorismo sempre esteve no DNA da família. Com os avós que começaram com uma sorveteria, na cidade de Ibicaraí, até o pai que abriu uma pequena empresa para sustentar a família, em Ilhéus. Desde criança, Laelson esteve acostumado a participar dos processos de produção da pequena fábrica. “Aos 11 anos, eu já frequentava banco para resolver as pendências do negócio da família. Quando o Verão e as férias escolares chegavam juntas, era lá que estávamos”, conta. 

Talvez, por isso mesmo, a escolha de administração como formação superior tenha sido uma escolha tão orgânica e natural. Logo após a conclusão do curso, o jovem volto para a empresa da família na tentativa de auxiliar o que fosse possível, mas os desafios ainda eram muitos e durante os oito meses que trabalhou no financeiro, sequer conseguia tirar um salário mínimo. “Não poderia tirar nada de onde havia prejuízo, então, conversei com os meus pais e fui tentar projetos pessoais, mas sempre que podia, dava o suporte necessário”, conta.

“Fui gerenciar uma franquia de lanchonetes e fiquei responsável pela abertura de algumas lojas na região. Em seguida, Laelson passou a integrar a equipe da TV Santa Cruz, filiada da Rede Bahia. “Trabalhei com Inteligência de Mercado e como Executivo Comercial e chegou um momento em que não havia mais possibilidade de crescimento”, conta, lembrando que nas duas experiências chegava a dedicar até 16 horas por dia. 

Laelson salientou que nas duas experiências teve a sorte de trabalhar com verdadeiras lideranças, capazes de apoiar e trabalhar junto e com equipes que viam o esforço como algo positivo. “Nunca precisei lidar com comentários maldosos sobre o fato de estar trabalhando demais ou um clima de animosidade que impedisse aquilo que, para mim, era muito orgânico”, reforçou. 

Filho pródigo Como a vontade de empreender era grande, enquanto cuidava dos negócios de terceiros, montou uma empresa na área de serviços de limpeza chamada Equipe Clean. “Era um projeto muito interessante, que deu muito certo e que, até hoje, tenho bons retornos de clientes, inclusive, parte da equipe migrou comigo para a Bombom”, relembra. 

Enquanto isso, a empresa da família vivia alguns bons momentos, como a febre da paleta mexicana, que chegou para revolucionar os produtos de sorveteria. “O sorvete no Brasil tem 186 anos e não havia grandes inovações na produção dessas sobremesas”, ressalta o empresário, lembrando que o boom chegou com o retorno dele para a empresa, há pouco mais de cinco anos. 

Enquanto começava a reorganizar os negócios, o administrador conseguiu quebrar alguns mitos que ouvia na faculdade e na vida profissional. “Ouvia que empresa familiar era só conflito, no entanto, percebi que o conflito existe em qualquer empresa e que, para qualquer negócio prosperar, é preciso compreender o papel que cada um exerce na estrutura de trabalho, é preciso respeitar isso e entender o outro como humano”, completou. 

Trabalho humano A compreensão dessas questões possibilitou que os irmãos começassem a atuar conjuntamente, nas suas áreas de conhecimento (há uma psicóloga, uma nutricionista e outro administrador) e unissem a tudo isso a experiência dos pais.   Com isso, a fábrica foi se estruturando internamente, investindo na qualidade dos produtos e nas parcerias da revenda. “Certa vez, ouvi de um revendedor que não podíamos ensinar como vender, pois não tínhamos nenhuma loja. Com esse desafio, depois que abrimos a nova planta, investimos numa sorveteria pequena, com 16 lugares. No entanto, o sucesso foi tanto que precisamos ampliar três vezes e, hoje, temos a possibilidade de atender até 150 pessoas”, comemora. 

Aliado a tudo isso, eles também investiram na implantação de uma outra loja de fábrica, no centro da cidade, onde funcionava a primeira fábrica da família e que conta com todos os produtos fabricados pela Bombom, inclusive as sobremesas, tortas Nestlé, uma vez que a empresa multinacional é parceira e a Bombom a representante no sul da Bahia. 

Na pandemia, eles passaram por alguns apertos, pois Ilhéus teve lockdown e as cidades vizinhas também se viram impedidas de comercializar os produtos. “Não paramos de investir nesse período. Respiramos fundo, reduzimos a equipe ao necessário para trabalhar, investimos em atendimento e fomos aprender a trabalhar com as redes sociais e com o consumidor final, além de termos modificado nossos produtos para atender ao público, que não podia mais fazer grandes festas e precisava de tudo em outras proporções”, pontua. 

Antes de concluir sua participação, Laelson fez questão de reforçar que nada ocorre num passe de mágica e que o mercado é de quem tem coragem e vontade para fazer. “Não é fácil, mas é preciso ter trabalho e muito sangue no olho”, finalizou.  

Passos para o Sucesso   1.    Se quer crescer, identifique o objetivo principal e, a cada momento, vá alcançado os objetivos menores; 2.    Líderes humanos fazem a diferença; 3.    Invista na comunicação com toda a equipe; divida as decisões, converse com todos, pois diálogo é fundamental; 4.    Respeite o papel de cada um na construção de um negócio. Ninguém sabe tudo e todos colaboram para o negócio crescer; 5.    As redes sociais são um grande apoio para os pequenos empreendedores. Conheça as redes, faça cursos que possibilitem usar bem as ferramentas e reverta tudo isso para o seu negócio; 6.    Inove sempre que for possível. Não tenha medo de investir; 7.    Ouça o cliente com atenção e faça tudo por ele; 8.    Trabalhe duro, pois empreender exige esforço e determinação; 9.    Esteja atento aos custos desnecessários e elimine-os sempre que puder; 10.    Tenha parceiros reais, que estejam presentes e invista neles.