Negação e medo alimentam agressões e comportamentos de risco na pandemia

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  • Andreia Santana

Publicado em 6 de março de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Um médico infectologista e a mulher dele, também médica, foram agredidos em Toledo, no Paraná, após tentar conscientizar um parente dos riscos das aglomerações para a disseminação da covid-19, no momento em que a rede de saúde de diversos estados está saturada e as mortes pela doença no país tiveram um salto, beirando as duas mil por dia.

Nas redes sociais, na segunda-feira, 01, José Eduardo Mainart postou a foto com o rosto machucado e o relato do ataque sofrido após tentar convencer o familiar a não sair para a balada. Infectologista desabafou nas redes sociais após ser agredido (Foto: Reprodução/Instagram) Apesar do caso em Toledo chocar, não é fato isolado. Ainda nos primeiros dias da pandemia, em 20 de março de 2020, quando pouco se sabia sobre o vírus, uma reportagem do UOL trazia os casos de agressão sofridos por médicos e enfermeiros no metrô e nos ônibus da capital paulista.  Naquela época, as pessoas temiam se contaminar ao ver os profissionais fardados nos coletivos. 

Especialistas como Adriano Dias, que coordena um estudo da Unesp - Universidade Estadual Paulista - sobre impactos psicológicos da pandemia em moradores de 26 países, diz que o medo é um fator que desencadeia agressividade e, diante de uma doença misteriosa, as pessoas reagem sob forte estresse e de forma violenta para tentar se proteger.  

Mas, nos socos levados pelo médico paranaense não parece ter sido apenas medo irracional puro e simples o que determinou a reação do familiar, mas também a negação da realidade por quem teima em não confiar na ciência.  O sentimento de que ‘não está acontecendo nada’, quando a situação é cada vez mais crítica, causa ainda aquelas situações vividas por quem cumpre o isolamento social e  as regras de segurança ao  presenciar o  comportamento de muita gente nas filas dos supermercados, onde as faixas amarelas coladas no chão para sinalizar o metro e meio de distância segura entre um cliente e outro  são ignoradas solenemente.

Ainda em maio de 2020, Adriano Dias, que é professor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu, definiu o que acontecia no Brasil após os primeiros dias da pandemia. O que ele disse na ocasião, explica bem as agressões sofridas pelo médico José Eduardo ou as atitudes de quem negligencia o distanciamento social.

Para o especialista, depois do período inicial da pandemia,  quando muitas pessoas foram mais solidárias com  as mais vulneráveis, o prolongamento do isolamento  e das restrições da atividade econômica fez com que muita gente desenvolvesse um maior sentimento de irritabilidade, individualismo exacerbado e intolerância; além de certa falta de senso de coerência,  que  as leva a duvidar da veracidade das  informações sobre a doença e culmina na  agressão a  quem se opõe a essas  tentativas de fuga da realidade. Muitas vezes, alguém foge dos fatos reais por desconhecimento ou medo de lidar com  a verdade

Outros destaques do noticiário

Bahia lidera assassinatos não tipificados de mulheres

A Bahia liderou o número de homicídios praticados contras mulheres em 2020, segundo revelaram os dados da Rede de Observatório de Segurança, divulgados na quinta, 04. Foram 111 casos de assassinatos que não foram considerados feminicídios, tipificação que ocorre quando a vida de  uma mulher é tirada motivada por questões de gênero,  quando ela morre por ser mulher.

"Quando os detalhes não foram informados pela mídia ou não foram identificados pela polícia por ocasião da sua comunicação, ou quando não há maiores informações sobre a vítima, pessoa suspeita ou motivação, catalogamos o fato como homicídio", explicou ao CORREIO Luciene Santana, da Rede.

A Rede de Observatórios de Segurança acompanha a criminalidade  em cinco estados com base na imprensa e registro de ocorrências: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Em segundo lugar nos casos de homicídios  não tipificados de  mulheres em 2020 está o Ceará, com 91 ocorrências, seguido de  Pernambuco (62). Ao todo, foram monitorados 18 mil eventos de segurança pública, em 16 categorias diferentes.

Ruas mais vazias só nos domingos de ‘lockdown’ Centro de Salvador durante as medidas restritivas (Foto: Nara Gentil/Arquivo CORREIO) O fechamento das atividades não essenciais vai  até a segunda-feira,  dia 08, em Salvador. A proibição da venda de bebida alcoólica vale desde às18h de sexta-feira, 05, e por todo esse  final de semana. As ruas da cidade, porém, têm ficado  mais desertas aos  domingos, apesar das restrições valerem por toda a semana.

América Latina está mais pobre Sala da Cepal com as bandeiras dos países da América Latina na sede da ONU (Foto: Cepal/ONU) A pandemia da covid-19 levou ao aumento dos índices de pobreza e de pobreza extrema na América Latina (AL) no ano passado, afirma o  relatório Panorama Social da América Latina 2020, divulgado na quinta-feira, 04,  pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Segundo o documento, a taxa de pobreza extrema atingiu 12,5% da população e a de pobreza, 33,7%. O total de pessoas pobres na AL - formada por quase todos os  países das américas do Sul e Central - chegou a 209 milhões no fim de 2020, 22 milhões a mais que em 2019. Desse total, 78 milhões vivem em extrema pobreza.

Livros didáticos Sandra Ramos é cotada para cargo no MEC (Foto: Reprodução) O Ministério da Educação (MEC) pretende nomear como coordenadora de materiais didáticos, a professora Sandra Ramos, que é uma aliada do movimento Escola sem Partido e  acumula críticas à base curricular nacional a partir de seus princípios religiosos. A informação foi antecipada na sexta-feira, 05, pelo jornal Folha de São Paulo, e é divulgada na sequência da alteração já feita pelo Fundeb no edital do PNLD - Programa Nacional do Livro Didático - 2023, que excluiu das suas  regras a exigência de que as escolas não adquiram obras que reforcem estereótipos de gênero ou ideias racistas e transfóbicas.  

Mini Titanossauro Fóssil do titanossauro foi escavado na Patagônia (Foto: Latin America News Agency/Divulgação) Um fóssil de titanossauro descoberto na Patagônia argentina é o exemplar mais antigo da espécie descoberto até agora, afirmaram na terça, 02, os cientistas que dataram o exemplar em 140 milhões de anos. Os ossos do herbívoro, o maior dinossauro que já caminhou sobre a Terra, foram encontrados no sul da província de Neuquén, em uma escavação iniciada em 2014, e indicam que a espécie viveu há muito mais tempo do que se pensava antes. Esse titanossauro da Patagônia era até pequeno para a média de sua espécie, tinha só 20 metros,  metade da média de comprimento dos ‘irmãos maiores’.

O que as celebridades disseram Paulinho da Viola postou foto da vacinação no Twitter (Foto: Reprodução) “A alegria de ser vacinado  contrasta com a tristeza de saber que a cada dia tantas vidas estão sendo perdidas. A única ferra- menta que temos são os cuidados e a vacina. Não deixe de se vacinar quando chegar a sua vez”, Paulinho da ViolaCantor e compositor, na quinta-feira, 04, após tomar a primeira injeção, defendeu a vacinação. Outros artistas, como Caetano Veloso, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Tom Zé também já se imunizaram. Veja aqui.