Neozelandeses de olho em negócios na Bahia

Bacia leiteira do Nordeste tem grande potencial e está crescendo, diz agência do país da Oceania

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  • Georgina Maynart

Publicado em 16 de agosto de 2019 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Raul Voorsluys divulgação)

Conhecidos como os maiores produtores de derivados lácteos do mundo, os neozelandeses estão de olho em novas oportunidades de negócios no Brasil.

“A gente tem percebido um incremento importante no volume de negócios das empresas neozelandesas no Brasil. Estamos bastante otimistas e acreditamos que a cadeia brasileira do leite tem a oportunidade de crescer”, afirma Nádia Alcântara, gerente da New Zealand Trade &Enterprise (NZTE), agência para o Desenvolvimento de Agronegócio do governo da Nova Zelândia no Brasil. 

As perspectivas de novos negócios no país foram apresentadas durante a Agroleite 2019, o maior evento brasileiro da cadeia leiteira, que está sendo realizado no Paraná.

Os neozelandeses já mantem na Bahia uma das fazendas de maior produtividade do Brasil, a Leitíssimo, que fica no município de Jaborandi, no oeste da Bahia. A fazenda é a única do país a produzir leite UHT Integral, 100% livre de antibióticos, mesmo antes de ser esterilizado. 

“Nós temos percebido que a região Nordeste é uma bacia leiteira que está se desenvolvendo. Recentemente houve uma parceria entre empresários de laticínios com empresas de Pernambuco. Existe um potencial grande a ser desenvolvido nesta região em matéria de produção de leite, e acreditamos que a nossa tecnologia e know-how podem contribuir muito”, acrescentou Nádia.

Atualmente, sete escritórios de empresas neozelandesas atuam no Brasil na área agropecuária. Eles oferecem desde serviços de manejo e genética animal, até oferta de produtos como sementes de pastagens. Aumentar a produtividade das vacas é um desafio para a cadeia leiteira do Brasil. Na Agroleite, capacidade de produzir leite é diferencial durante o julgamento dos animais. (Foto: Raul Voorsluys divulgação) TECNOLOGIA

Os neozelandeses se consolidaram no podium da produção de derivados lácteos no mundo ao aliar um modo peculiar de manejar os animais ao uso da tecnologia. 

Energizadores inteligentes de cerca, sistemas especiais de nutrição de bezerros, identificação de futuros touros através do genoma. 

Foram alguns dispositivos diferenciados como estes que permitiram ao país atingir uma produção média bem acima da mundial. As fazendas de lá conseguem produzir em média cerca de 22 litros de leite por vaca por dia, uma das maiores do planeta. 

"A Nova Zelândia investe constantemente no desenvolvimento de soluções para a melhoria da eficiência no campo e, agora, pretende se consolidar como parceira dos produtores brasileiros, que podem contar com suporte e acompanhamento local das empresas. Os índices zootécnicos no Brasil estão muito longe de outros países como Estados Unidos e Canadá. Com certeza o ganho eficiente de produtividade se dará com tecnologia. Só com a tecnificação é possível aumentar a produção em áreas já existentes”, aponta Nádia. 

Até o próximo domingo (17/08) durante a Agroleite, as empresas vão mostrar como estas tecnologias podem ser utilizadas pelos pecuaristas brasileiros para aumentar a rentabilidade nas fazendas.

O Brasil precisa aumentar muito a produção. O desempenho do país é bem menor do que a média mundial. O Brasil produz cerca de 1,6 mil litros de leite por vaca/ano, enquanto a média mundial chega a 3,5 mil litros por vaca/ano. Em alguns países esta média ultrapassa os 10 mil litros por vaca/ano.

Na Bahia, a média de produção é uma das mais baixas do país. Ano passado, a Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia criou a Comissão da Cadeia Produtiva do Leite para fomentar o segmento no estado. Os produtores baianos não conseguem abastecer o mercado interno e a Bahia tem um déficit de 1,3 bilhão de litros de leite por ano. 

INOVAÇÃO

Um dos destaques apresentados durante a Agroleite é um sistema inteligente de cerca elétrica. À base de energia elétrica ou solar, ele funciona através de controle remoto. Desenvolvido pela empresa neozelandesa Gallagher, o equipamento informa, à longa distância, a localização do trecho onde há algum problema.

Outra novidade é o programa desenvolvido pela empresa LIC que permite desenvolver bezerros num período mais curto, 10 dias mais cedo, em comparação ao período normal de gestação.

Já a Milk Bar trouxe para o Brasil um sistema de alimentação que favorece o controle da mamada natural. O recipiente reduz problemas como pneumonia entre os bovinos, e favorece um ganho de peso até 10% superior em relação aos animais alimentados com baldes. 

A Agroleite chega à terceira edição oferecendo aos visitantes um roteiro variado, desde exposições de animais, julgamentos, trilhas interativas sobre a cadeia do leite, até palestras e cursos.