O desfecho da Libertadores é um melancólico tango

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  • Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Em 2015, vivia em Buenos Aires quando, graças aos tortuosos caminhos do futebol, ficou definido que Boca e River se enfrentariam três vezes num intervalo de apenas dez dias: um jogo pelo Campeonato Argentino e dois pelas oitavas de final da Libertadores.

Naquele momento, a Argentina tornou-se um país monotemático. Até os programas de culinária metiam o jogo na pauta e um portal de notícias criou uma página especial batizada como Revolución de Mayo, em referência aos episódios que, em 1810, resultaram na independência argentina.

Pois bem, pra quem não lembra, no terceiro jogo da série, a torcida do Boca tacou spray de pimenta em jogadores do River, deu-se um quiprocó e o jogo nunca terminou, sendo o River declarado vencedor.

Passados três anos, a bola deu a Boca e River a chance de fazerem, talvez, o maior duelo da história do futebol de clubes. De longe, fiquei imaginando o alvoroço no país: última final da Libertadores com duas partidas, bons times, acordo para jogos em finais de semana e audiência global de olho na América do Sul. Deu xabu de novo.

Um dilúvio bíblico sobre Buenos Aires adiou o primeiro jogo. Quando teve, foi um jogaço, mas agora sabemos que aquele era só o primeiro acorde da milonga. O segundo embate fez que ia ter, não teve, depois parecia ir, mas acabou não ‘fondo’. Agora será na Espanha, desfecho coerente para este melancólico tango, com o perdão da redundância. Ou, como já disseram por aí, é a final da Taça Colonizadores da América e os sul-americanos deveriam mesmo era saquear Madrid - o que é apenas o justo.  

Neste coquetel da Conmebol e do futebol argentino, misturam-se corrupção comprovada, má gestão, interesses corporativos, máfia política, incompetência na segurança pública e pedras voando em direção a um ônibus. Parafraseando o famoso narrador, a Argentina é o Brasil na Libertadores. 

Se os cartolas já tinham definido que a Libertadores terá finais de jogo único (possivelmente fora da América do Sul), agora acharam o argumento perfeito para consolidarem essa importação europeia fuleira. Para os sempre tão orgulhosos hermanos, sobrou o vexame.

Dizem que a Argentina tem a maior concentração de psicólogos e psicanalistas do mundo. A esta altura, deve ter fila nos consultórios. E, sem dúvida, uma fila monotemática.

Quase mudando No sábado passado (24), anotei aqui que, apesar de ser a personificação do desastre rubro-negro, Ricardo David deveria cumprir seu mandato de presidente até o fim, exclusivamente por uma questão de estabilidade institucional do Vitória.

Sempre gentil, o leitor Roberto Elgaid escreveu para discordar do meu texto. No meio de palavras emocionadas, foi taxativo: “Ricardo David já demonstrou ser incapaz. O Vitória minimiza a passos largos”. Eu não poderia concordar mais com Roberto, mas ainda assim achava que David deveria ficar. Acontece que veio a entrevista coletiva do presidente (?).

Depois de um ano fazendo merda e levando o Vitória para o buraco, Ricardo David conseguiu ocupar o microfone apenas para demonstrar que não aprendeu absolutamente nada. Ao contrário, seguiu derramando um palavrório que só convence trouxas.  Prezado Roberto, tô achando que se tiver mais uma entrevista do presidente, serei convencido de que ele tem mesmo é que ir embora.

*Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados