O que 2018 ensina aos profissionais: Me Too levou empresas a rever políticas de gênero

Na segunda matéria da série veja como #MeToo engajou mulheres contra casos de abuso e o impacto do movimento no mundo do trabalho

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 7 de janeiro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Imagem: EBC (Wolfmann/Wikimedia Commons - CC-BY)
'Ninguém pode fazer isso por mim, mas eu não preciso fazer isso sozinha' (Ashley Judd) por Divulgação

Sob os holofotes elas são lindas, famosas e populares. Por trás deles, como mulheres comuns também são vítimas de assédio sexual em relações abusivas na indústria do entretenimento. Tudo isso estava bem ali, debaixo do tapete de Hollywood até que o #MeToo veio para quebrar o silêncio de atrizes como Ashley Judd e Gwyneth Paltrow decidiram relatar esses crimes. 

O artigo publicado pelo The New York Times completou um ano em 2018. Intitulado “Harvey Weinstein comprou durante décadas o silêncio de mulheres que o acusavam de perseguição sexual”, a voz de mulheres que foram por 30 anos, vítimas de um dos produtores mais influentes de Hollywood, o tiraram do pedestal da fama.  

[[galeria]]

Conhecido por estar a frente de filmes como Pulp Fiction -Tempo de Violência (1994), o magnata Harvey Weinstein foi demitido da sua própria empresa. Em 15 de outubro, a atriz Alyssa Milano publicou um tuíte pedindo que todas as mulheres que sofreram algum tipo de assédio sexual respondessem dizendo “me too”, para dar uma ideia da magnitude do problema. Em poucas horas, as respostas ultrapassaram 66 mil mensagens. 

Daí em diante outras denúncias contra artistas poderosos - como os atores Kevin Spacey, Dustin Hoffman, Ben Affleck e diretores aclamados, entre eles Brett Ratner, James Toback, Lars von Trier - aumentaram a dimensão global ao Me Too e ao poder de mobilização e resistência feminina. 

Um pouco mais de um ano depois, aquele tuíte trouxe inúmeros desdobramentos, até mesmo em instâncias corporativas: O cancelamento da série da Netflix House of Cards e a expulsão de Weinstein do Oscar são exemplos disso. Em outubro do ano passado, o New York Times divulgou um relatório que mostrou que desde a ascensão do movimento #MeToo mais de 200 homens perderam seus cargos de privilégio em Hollywood, por conta de acusações de abuso sexual.

“Uma vez que a sociedade absorveu o conceito, o mundo do trabalho terá que se adaptar também”, destaca o gerente da Michael Page, especialista em recrutamento de gestores para Recursos Humanos, Sérgio Margosian. Segundo ele, O Me Too fez parte de um processo de começar a reconhecer a violência de gênero e ampliou a discursão do respeito à diversidade.“Isso tem se tornado um valor para as empresas. E claro, do ponto de vista do negócio, esses movimentos ajudam as companhias a ser tornarem mais éticas, plurais, admiradas e desejadas pelos colaboradores, afinal, quais talentos não desejam fazer parte de empresas inclusivas?”, questiona.Não se cale

Algumas organizações têm adotado iniciativas como comitês, códigos de conduta, canais de denúncia, palestras e conversas em grupos específicos para combater a violência de gênero no ambiente de trabalho, conforme destaca a assessora de Carreira da Catho, Luana Marley.“A ideia é proporcionar um ambiente seguro de reflexão, para que esses comportamentos sejam percebidos e desconstruídos”.  A diretora do ManpowerGroup, Wilma Dal Col, concorda: a direção da empresa precisa acreditar e promover um ambiente livre de preconceitos e separatismos. “ Nós temos percebido cada vez mais as empresas engajadas no objetivo de oferecer espaço e desafio para as mulheres, considerando todos os níveis organizacionais”, completa. 

#METOO

O movimento Em 2018 completou um ano que o ‘Me Too’ (em tradução livre, ‘eu também’) abalou as estruturas de Hollywood e trouxe a tona denúncias de estupro e assédio sexual cometidos por magnatas do cinema. O impacto da mobilização ganhou o mundo. 

Vítimas Atrizes como Mira Sorvino, Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie, Ashey Judd, Lupita Nyong’, Salma Hayek são algumas que decidiram não se calar sobre as agressões sofridas, principalmente no início de carreira.    

Agressores Kevin Spacey, Dustin Hoffman, Ben Affleck, o produtor Harvey Weinstein e os diretores Brett Ratner, James Toback e Lars von Trier - estão entre os artistas acusados de assédio.