Orla tem domingo de praias e calçadões cheios e várias pessoas sem máscara

Apesar disso, houve quem passeou, brincou e trabalhou com responsabilidade

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  • Marcela Vilar

Publicado em 30 de agosto de 2020 às 22:03

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Tiago Caldas/CORREIO

Os domingos têm sido de orla cheia na região do Jardim de Alah e Jardim dos Namorados, em Salvador, locais onde as pessoas aproveitam para fazer exercícios, passear com a família – ou com o cachorro – e sentir uma brisa. Neste domingo (30) não foi diferente e teve de tudo: skate, corrida, bicicleta, basquete, piquenique e o famoso baba de final de tarde, em muitos momentos causando aglomeração em plena pandemia da covid-19.

Quase nenhum dos atletas nas quadras, na pista de skate ou na areia da praia estavam com as máscaras devidamente colocadas. O problema foi maior em quem ocupava a faixa de areia. Veja algumas fotos feitas no Jardim de Alah e Pituba.

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Entre os 'mascarados' dando rolé no Jardim de Alah estava o turista Ricardo Correia, de Recife, que passeava com o recém-adquirido Braco Alemão de Pelo Curto, uma raça de cachorro que fez o supervisor de TI se deslocar até Salvador para ter em casa. “Essa raça é mais conhecida para criar em residência. Achei pela OLX e vim até aqui de carro porque confiei no criador, pela referência dos cães dele”, contou Correia, que veio com a família passar o final de semana na capital baiana e adquirir o cão.

Como o apartamento da prima, onde está hospedado, é em frente ao Jardim dos Namorados, aproveitou o final de tarde para passear com o filhote de dois meses, que apelidou de Pingo.  Ricardo, que veio de Recife até Salvador para buscar Pingo, brincava com seu o novo doguinho da família (Foto: Marcela Villar/CORREIO) Já a bancária Rafaela Borges, assim como outros familiares que estavam no local, trouxe a filha de quatro anos para brincar de patinete. Era a primeira vez que ela vinha ali desde o início da pandemia, em março.“A gente fica sem ter muita opção e as crianças vão cansando de ficar em casa. Então a gente vai dando essas brechas”, conta Rafaela. Os atletas também aproveitam para sair de casa. George Sopa, 38, tirou a tarde para andar de patins com a esposa, Raisa Franco, que ainda está “pegando a manha” sobre as rodas.

Ele patina desde os 18 anos, quase que diariamente, pelo menos 2 horas por dia. Com a pandemia, deixou de pegar transporte público e usa os patins para ir a qualquer lugar da cidade, até para o trabalho. 

“É um veículo melhor que ônibus, mil vezes mais seguro porque o ar vai mudando e no ônibus tem gente tirando a máscara, você não sabe se foi higienizado direito. Pode demorar um pouco pra chegar mas dá sentir a brisa, tirar uma selfie e você ainda tá fazendo atividade”, conta George Sopa, que é professor de música. Sua esposa, a cabeleireira Raisa, concorda: “Já vale como uma academia, mexe com glúteo, com coxa, tudo”. George Sopa aproveitou o domingo à tarde para andar de patins com a esposa, Raisa Franco (Foto: Marcela Villar/CORREIO) Teve gente que usou o domingo para encontrar com os amigos e dar um rolezinho de bike. Foi o caso da estudante Beatriz Casemiro, que combinou com a amiga Dandara Carmo para fazer um pequeno circuito. Como ainda esperavam o terceiro integrante, ainda estavam sem saber a rota que fariam. “A gente veio mais para se distrair e ver o pôr do sol”, disse Beatriz, que mora na Boca do Rio. 

Também foram vistos muitos casais, desde frequentadores assíduos aos mais discretos. Fábio Oliveira, 41, veio de longe: saiu do bairro da Vila Laura com a esposa para desfrutar do fim de tarde e, de quebra, pedalar um pouco com as bicicletas Itaú disponíveis na região. Era a primeira vez que vinham ali desde março, coisa que faziam pelo menos uma vez no mês. “Vim para curtir uma brisa, espairecer um pouco nesse momento de pandemia. Me sinto seguro e gosto do ambiente”, conta Oliveira, que é técnico de saneamento.  

Em frentes aos bares e restaurante do Jardim dos namorados, que tinham uma boa movimentação neste final de tarde, estava seu Almiro Jesus Santos, 71 anos. Ele vende sorvetes da Kibon há mais de 30 anos. Segundo ele, que voltou a trabalhar há um mês somente aos finais de semana, era o domingo mais movimentado de agosto. “Hoje foi o melhor dia do mês, vendi uns 150 reais de picolé. Vai melhorar porque o pessoal tá saindo mais”, relata o vendedor, que estava ali desde 10h da manhã.  Este domingo foi o melhor em vendas para seu Almiro, que vende picolé há 30 anos (Foto: Marcela Villar/CORREIO) Desde abril, a Prefeitura de Salvador tornou obrigatório o uso de máscaras no trânsito, no transporte público e em ambiente de trabalho. O órgão recomenda ainda o uso da mesma para todos que forem sair de casa, a fim de evitar a propagação do novo coronavírus. As praias continuam interditadas por decreto municipal. 

O boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde de da Bahia deste domingo registrou 42 novas mortes no estado e 1.272 novos casos de covid-19. A taxa de crescimento ficou em  0,5%. O número total de óbitos pela doença é de 5.344, representando uma letalidade de 2,09%. São 256.062 casos confirmados na Bahia desde o início da pandemia, sendo 239.467 curados e 11.251 casos ativos. 

*Sob orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier.