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Daniel Silveira
Publicado em 5 de março de 2018 às 12:40
- Atualizado há 2 anos
Entre missas, confissões, casamentos, batismos, eucaristias e leituras da bíblia, alguns padres ainda têm energia para feitos como cozinhar um mocotó para três mil pessoas numa festa da paróquia com direito a muito forró, criar o mais famoso samba de largo da cidade e apresentar programas de rádio. Padre Valson comanda a Paróquia Paulo Apóstolo, que fica no fim de linha do IAPI e realiza uma vez por ano o Mocotó do Padre (Foto: Marina Silva/CORREIO) O sucesso vai muito além dos projetos nas igrejas. Segundo padre Valson, que faz uma festança com mocotó para três mil pessoas, o importante é não se iludir pela fama. “Não pode deixar subir pra cabeça, sabe? Sempre estou no meio de todo mundo”, conta ele, que diz já ter sido parado em mercados e shoppings sendo chamado de “padre do mocotó”.>
Conversamos com ele e com padre Ronaldo, que criou o famoso samba no bairro de Santo Antônio Além do Carmo. Também mostramos como as ondas do rádio ajudam padre Paulo Avelino a disseminar a fé. Dá só uma olhada.>
O padre do mocotó>
O que começou como um pequeno serviço numa festa da Paróquia de São Paulo Apóstolo, no fim de linha do IAPI, se tornou uma grande festa de largo. O primeiro mocotó foi servido pelo padre Valson Sandes e pela comunidade em 2008, logo depois dele ter chegado à paróquia, em 2007, assim que foi ordenado. No primeiro ano, a iguaria foi servida para apenas 50 pessoas. “Foi o que primeiro acabou na quermesse”, lembra. São 600 pés bovinos que entram no Mocotó do Padre (Foto: Betto Jr/CORREIO) No seguinte, a porção para 300, também voou. Em 2018, o Mocotó do Padre, como ficou conhecido o evento que arrecada dinheiro durante a festa de São Paulo, teve seu recorde de público, em janeiro deste ano, recebendo 3.000 pessoas.>
Para esse batalhão de gente, foram necessários 600 pés bovinos, 360 quilos de charque, 360 quilos de carne fresca, 200 de bucho, 150 de bacon e 150 de calabresa. Isso tudo servido com pirão, que para ser feito precisou de 320 quilos de farinha. Sou conhecido pela alegria e descontração, não esperava que Deus fosse me conduzir por esse caminho. Padre Valson, o padre do mocotó, da paróquia de São Paulo ApóstoloA receita, ele conta, aprendeu com a avó. Mas não revela detalhes “Tem oração no meio e a gente também não usa tomate”, confidencia. Os trabalhos começam oito dias antes, com a compra, limpeza e tratamento das carnes, tudo com a ajuda dos paroquianos dos bairros do IAPI, Santa Mônica, Caixa d’Água e parte do Pero Vaz.>
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O padre conta que a fama, que já era grande, cresceu mais ainda depois de sua participação no quadro Panela de Bairro, do telejornal Bahia Meio- Dia (TV Bahia). “Vem gente da cidade inteira e de fora. Me tornei muito conhecido depois do mocotó”, conta. Ele lembra que na edição deste ano recebeu até turistas italianos e ingleses. “E é sempre certo ter gente de Santo Amaro, Valença e Madre de Deus”, comenta o religioso. O Mocotó do Padre chega a receber cerca de 3000 pessoas e se tornou quase uma festa de largo, no IAPI (Foto: Betto JR/CORREIO) Cada prato é vendido por R$ 25. O lucro, cerca de R$ 50 mil, é destinado à própria paróquia, que, segundo ele, precisa de reformas com custo estimado em R$ 150 mil. A respeito da fama que ganhou com o mocotó, o padre revela: “sou conhecido pela alegria e descontração e não esperava que Deus fosse conduzir por esse caminho”.>
E diz que não tem medo de ser reconhecido por onde passa. “Eu não sou artista, ando no meio do povo. Muita gente fala comigo e eu nem sei quem é, mas respondo a todos”, completa. Frei Ronaldo crisou o Samba do Carmo, que acontece mensalmente sempre na segunda sexta-feira do mês (Foto: Angeluci Figueiredo/CORREIO) Sambar com fé>
Sabe aquele samba famoso que acontece no Santo Antônio às segundas sextas-feiras de cada mês? Foi ideia de Frei Ronaldo. Ele tem 20 anos de ordenação, é pernambucano, morou no Rio de Janeiro e veio para Salvador em 2002 para assumir a Paróquia de Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico.>
“Criei antes a Feijoada do Padre, que a gente faz todo ano. A gente chegou a trazer a banda Estakazero, Mariene de Castro e Batifun”, lembra. Então, ele conheceu o Grupo Botequim e assim nasceu o ‘samba do Santo Antônio’, que recebe entre 400 e 500 pessoas por edição.Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: “Eles começaram a tocar no nosso espaço já tem seis anos”. Amante de música e de samba, o padre comemora. “O pessoal diz que eu sou o padre mais festeiro que eles conhecem. Gosto de Carnaval, é minha festa preferida”, diz Frei Ronaldo, que às vezes aproveita para soltar a voz também no palco do pátio da igreja. E até arrisca uns passinhos. “De leve, não sou grande sambista, sou pé de valsa, gosto de dançar, mas dá para passar”, explica, rindo.O pessoal diz que eu sou o padre mais festeiro que eles conhecem. Gosto de Carnaval, é minha festa preferida. Frei Ronaldo, da paróquia de Santo Antônio Além do Carmo O padre assume que adora festa e que no início ouviu críticas de muitas pessoas, mas diz que tudo que escutou ajudou a melhorar o evento (Foto: Angeluci Figueiredo/CORREIO) O padre conta que sua relação com a música e com o samba vem desde a infância, quando escutava discos que seus pais colocavam na vitrola. Morar no Rio o fez conhecer sambistas famosos como Noel Rosa e Nelson Cavaquinho, além do baiano Dorival Caymmi. Mesmo seis anos depois, ele lembra que ouviu - e ainda ouve - algumas críticas.>
“No início, as pessoas sempre estranham, têm dificuldade de compreender que a festa faz parte da vida do cristão. Ser padre não me impede de gostar de festa e ser feliz. Deus nos criou para sermos alegres”, lembra o sacerdote. Esse não é o único evento que o padre organiza. >
“Tem festival de tortas uma vez por ano. Temos uma ligação cultural com o bairro. E como eu gosto de poesia, música e teatro, sempre convocamos a comunidade para participar”. Inclusive, a Feijoada do Padre deste ano já tem data marcada: 16 de setembro. “Vai ter banda, começará às 11h e vai até às 19h”, finaliza sem revelar a atração musical. Padre Paulo Avelino celebra todos os domingos a famosa Missas com oração por Cura e Libertação, quie acontece na comunidade de Nossa Senhora do Resgate, no Cabula (Foto: Divulgação) Nas ondas do rádio>
Quem mora ou passa pela rua Silveira Martins aos domingos pela manhã, ali entre o Cabula e Pernambués, deve ter percebido a profusão de carros. A culpa é da Missa com Oração por Cura, celebrada pelo padre Paulo Avelino. A paróquia chega a receber de 3 a 5 mil pessoas por domingo, quando acontecem 5 celebrações. A igreja comporta cerca de 700 pessoas sentadas.>
Com quase 19 anos de ordenação, ele começou celebrando na Igreja de Nossa Senhora da Luz, na Pituba e, há 10 anos trabalha na comunidade de Nossa Senhora do Resgate. A fama do padre vai além da missa badalada. No Réveillon do ano passado, ele promoveu uma festa na Arena Fonte Nova, o Santíssimo Réveillon. (A rádio) É um grande serviço, porque não estou falando só para 500 pessoas numa missa, mas para milhares. Padre Paulo Avelino, pároco da Igreja de Nossa Senhora do Resgate e radialista No Réveillon de 2018, Padre Paulo reuniu centenas de fieis na Arena Fonte Nova para o Santíssimo Réveillon (Foto: Divulgação) Há dois anos ele apresenta o programa Minha Fé, na rádio Bahia FM, de segunda a sexta das 5h às 6h e de lá corre para Dias d’Ávila para levar ao ar o Eu Creio na 106 FM. “É um grande serviço. Não estou falando apenas para 500 pessoas numa missa, mas para milhares”, diz o religioso. “Com isso, hoje em dia, 200 cidades acompanham pela internet ou pelo rádio e isso atinge pessoas que, por vezes, não têm comunidade próxima”, comenta. >
Entre Instagram e Facebook, ele acumula mais de 38,5 mil seguidores. Mas ele faz ressalvas à fama. “Quando se fala de padres queridos pelo povo, corremos o risco de falar dos que fazem sucesso, apenas, mas a força precisa vir da fé e não podemos abrir mão da radicalidade do Evangelho”, finaliza o sacerdote. Padre Pinto é um dos mais famosos padres que já passaram pela Arquidiocese e ficou conhecido nacionalmente com seu comportamento exótico durante os festejos de Reis, na comunidade da Lapinha (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Por onde anda Padre Pinto?>
Há pouco mais de 11 anos, Salvador e o Brasil conheciam um dos mais famosos padres que já passou por esta terra. José de Souza, o Padre Pinto, ficou conhecido pelo seu comportamento pitoresco durante as animadas e coloridas celebrações da Festa de Reis, que promovia na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha, desde o início dos anos 1990. >
Em 2006, os festejos da data ganharam notoriedade em todo o país por causa do comportamento incomum do então pároco. Em um de seus momentos mais emblemáticos, o Padre Pinto, que é artista plástico e ex-aluno de balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, chegou a se vestir de Oxum, orixá das águas doces no Candomblé, durante a celebração dos Santos Reis. E isso foi só o começo da maior lacração de batina da qual já se teve notícia. Anos depois, Padre Pinto se refugiou na Paróquia de São Caetano, onde é vigpario, atualmente (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) O religioso entrou em roda de capoeira, aproveitou o Verão da capital baiana, deu entevistas em que contestava posicionamentos da Igreja Católica, defendeu o fim do celibato, foi visto diversas vezes em uma boate gay que existia na Barra e até deu selinho em Caetano Veloso. >
Atualmente recluso e reconciliado com a Igreja, evita aparecer e serve como vice-pároco na Paróquia de São Caetano, sem os olhos delineados de lápis preto, sem o costumeiro tom róseo na boca, sem pulseiras, anéis, nem gargalhadas. A quermesse de lá é bem tranquilinha. O sacerdorte foi procurado pelo BAZAR, mas não foi possível contactá-lo. Segundo pessoas da Paróquia, ele está viajando.>
Outros padres famosos pelo Brasil Padre Alessandro Campos é o "Padre Sertanejo", tem programa de televisão e tudo (Foto: Divulgação) Alessandro Campos Conhecido como o padre Sertanejo. Além da carreira de cantor, em que regrava clássicos do estilo, ele comanda dois programas de televisão em que preza pelo sertanejo raiz nas apresentações e nos convidados. Nascido no interior de São Paulo, foi considerado um dos padres mais jovens do Brasil quando foi ordenado aos 23 anos. Está no ar atualmente em dois canais: Rede Vida (terças às 20h30) e Rede Século 21 (quarta-feira às 19h30). Padre Fábio deve ser o mais famoso sacerdote do país, estrela das redes sociais onde manda mensagens para os fieis e faz piada para seus seguidores (Foto: Marina Silva/CORREIO) Fábio de Melo É um dos padres mais populares do país, que se tornou muito conhecido por usar intensamente suas redes sociais (@pefabiodemelo), onde faz piadas e escreve mensagens aos fiéis. Possui milhares de seguidores (4,6 milhões no Twitter, 8 milhões no Instagram), já lançou 20 discos, 5 DVDs e tem 13 livros publicados.Além disso, apresenta toda quarta-feira às 22h o programa Direção Espiritual na TV Canção Nova. Padre Marcelo Rossi foi muito famoso na década de 1990 e 2000 fazendo participação em diversos programas de televisão (Foto: Sora Maia/CORREIO) Marcelo Rossi O padre estourou nacionalmente com suas músicas animadas em 1998, quando lançou o primeiro disco. Se apresentou em diversos programas de TV entre o final das décadas de 1990 e início dos anos 2000 cantando, dançando e louvando. Atualmente aparece menos na televisão, mas mantém um programa na Rádio Globo FM em São Paulo e celebra uma missa que é transmitida pela TV Globo aos domingos a partir das 6h25.>