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Advogado da família deve entrar com um pedido de habeas corpus para desinternação do menino
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2022 às 21:15
- Atualizado há um ano
O policial militar reformado que foi baleado pelo filho adolescente no último sábado (19), na Paraíba, diz que quer criar o menino mesmo após ele ter matado a mãe e o irmão mais novo.
"Ele diz que vai cuidar do filho com muito amor", afirmou o advogado de defesa, Aylan da Costa Pereira, em conversa com o g1 nesta quinta-feira (24).
O pai do adolescente está internado na UTI do Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, mas já foi transferido para a enfermaria. Ele ainda está sem conseguir movimentar nem sentir as pernas.
Desde domingo (20), o adolescente de 13 anos está internado no Centro Especializado de Reabilitação de Sousa, no Sertão da Paraíba.
Segundo o advogado, a família do adolescente deseja sua liberdade, e a defesa vai entrar com um pedido de habeas corpus. “A família está muito unida neste momento e deseja a desinternação”, disse.
A inda de acordo com o g1, a audiência de apresentação do caso aconteceu nesta quinta (24) na 7ª Comarca de Patos. Na próxima sexta-feira (1º), deve acontecer a audiência de instrução. Segundo o advogado, caso o estado de saúde permita, o pai do menino deve participar.
Aylan da Costa ainda revelou que o adolescente passou por uma avaliação psiquiátrica e recebeu um diagnóstico, mas não revelou qual foi o transtorno.
Relembre o caso
Um adolescente de 13 anos matou a tiros a mãe Iranilda de Sousa Medeiros Araújo, de 47 anos, e o irmão mais novo, Gabriel de Sousa Medeiros Araújo, de 7 anos, dentro de casa, no município de Patos, sertão da Paraíba. O crime aconteceu na tarde de sábado (19), depois de uma discussão por notas baixas e proibição de jogos online pelo celular. O pai do menino, que é um PM reformado, também foi baleado no tórax e está em estado grave.
Momentos antes do crime, o pai do garoto tomou o celular do filho e justificou com o mal desempenho escolar. Em seguida, ele foi até uma farmácia comprar remédios para esposa. Foi nesse momento que o adolescente pegou a arma do pai, que estava "bem guardada" em um "armário de ferro fechado" no escritório, segundo o delegado Renato Leite.
Leia também: Adolescente que matou mãe e irmão se assustou ao saber que pai estava vivo
"A mãe aguardava no quarto, deitada, dormindo. Ele chegou, encostou a arma na cabeça dela e efetuou um disparo contra a mãe", relatou Leite à TV Sol.
Por conta do barulho, o irmão mais novo do adolescente saiu de outro quarto e, quanto percebeu o que havia acontecido, começou a brigar com o adolescente. Armado, o jovem chegou a correr atrás do irmão, mas foi surpreendido pelo pai, que havia retornado para casa.
"O pai chegou, tentou intervir para que ele soltasse a arma, e ele terminou efetuando um disparo contra o pai, que caiu na sala. O irmão, ao ver o pai caído, foi tentar socorrer, o abraçou, foi quando ele (o adolescente) atirou no irmão pelas costas", contou o delegado.
Ainda de acordo com Leite, o menino pediu socorro e tentou forjar um cenário de assalto dentro de casa. "Depois, friamente, ele guardou a arma onde estava, chamou o Samu e tentou fazer (parecer) que tinha sido um assalto, que (ladrões) tinham entrado. Mas depois de todas as diligências que fizemos, a gente conseguiu elucidar esse caso", explicou. Foto: Reprodução Depoimento O menino contou à polícia que se sentiu pressionado por cobranças para estudar e cumprir tarefas domésticas, como arrumar a cama ou lavar a louça. O delegado contou à TV Sol, que o rapaz estava tirando notas baixas e passava a maior parte do tempo em casa jogando online.
"Ele alegou que a motivação pra ter cometido o que fez foi porque os pais estavam privando ele de jogar um jogo. O jogo que ele estava jogando era "Roblox". A motivação, que ele alegou ter sido a gota d'água hoje", afirmou o delegado, com base no depoimento do adolescente. "Eu percebi que ele, quando soube que o pai ainda estava vivo, se assustou. Acho que ele estava mais satisfeito se todos os três tivessem falecido", concluiu o delegado.
A investigação foi concluída e os corpos foram liberados para a família fazer o enterro. A arma usada no crime foi apreendida e encaminhada para perícia. O adolescente teve sua internação provisória decretada e deve ser encaminhado para o Centro Educacional Do Adolescente da Paraíba, onde ficará à disposição da Justiça e do Ministério Público. "O pai continua em estado grave", disse Leite, ao Globo no início da tarde deste domingo (20).