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Eduardo Dias
Publicado em 3 de outubro de 2019 às 14:00
- Atualizado há 2 anos
Acostumado a noticiar coisas boas e ruins na Rádio Educadora 100,7 FM, em Caetité, o radialista Pedro Silva, pai do estudante Klausten Lima Ferreira, de 30 anos, uma das quatros vítimas fatais do acidente de quarta-feira (2), na BR-030, foi pego de surpresa ao receber a informação da batida em seu Whastapp. Outras 13 pessoas ficaram feridas no choque entre um ônibus universitário e um caminhão.>
Preocupado com a notícia, rapidamente Pedro tentou ligar para o filho, mas no trecho onde ocorreu o acidente não havia sinal. Então, automaticamente, o instinto de pai falou mais alto que a necessidade de checagem da informação e ele resolveu verificar pessoalmente se o ônibus que transportava seu filho era o envolvido no acidente. Klausten estava fazendo segunda graduação (Foto: Reprodução) Foi aí que Pedro decidiu tirar o carro da garagem e, junto com a esposa, ir até o local do acidente. Segundo o radialista, três ônibus da empresa Lívia Tur faziam o roteiro com os estudantes universitários de Caetité para Guanambi. >
“Quando eu soube do acidente em um grupo do Whatsapp, vi que a empresa de ônibus era a mesma que fazia o roteiro dos estudantes e meu filho poderia estar nele. Vi a notícia, ainda com poucos detalhes, tive o instinto de pai, tirei o carro da garagem e fui lá para conferir”, contou o radialista, ainda abalado e sem conseguir detalhar o momento de tristeza que viveu na última noite.>
Ao CORREIO, o radialista contou que, ao se aproximar do veículo, ainda sem saber o motivo do acidente, se deparou com uma imagem que afirmou que jamais irá esquecer: seu filho morto enquanto voltava para casa.“Não sei ainda se foi por falta de freio ou por imprudência do motorista do caminhão. Quando me aproximei, o primeiro corpo que vi foi o dele, reconheci na hora. Me deparar com a cena de meu filho morto no local, não dá para traduzir em palavras, estamos arrasados”, afirmou.Klausten morava com os pais e a irmã, a recém-formada em direito Julia Caroline, com quem o rapaz há poucos dias celebrou por conta da aprovação no exame da Ordem dos Advogados da Brasil (OAB-BA).>
Ele, que era formado em administração, e fazia o primeiro semestre do curso de engenharia civil, sua segunda graduação, trabalhava como bioconsultor ambiental na cidade natal. Para o pai do rapaz, a segunda graduação era um sonho que ele tinha desde pequeno.>
“Estávamos comemorando há alguns dias o fato dela [irmã] ter sido aprovada no exame da OAB, todos celebramos essa conquista dela juntos. O sonho do Klausten era fazer esse curso de engenharia”, afirmou.>
Pedro fez questão de lembrar que Klausten era uma pessoa de bem, tinha bastante amigos, e era bem querido na cidade, além de demonstrar tristeza pelo fato do acidente envolver tantos estudantes da cidade.>
“Ele era muito gente boa, bem relacionado com as pessoas. Foi um acidente que gerou muita comoção pelo fato da quantidade de vítimas. A cidade está de luto por todos os estudantes. É uma dor que somente quem vivencia pode tentar descrever”, afirmou.>
Depois de ver o corpo do filho no local do acidente, o radialista confessou que não conseguiu mais dirigir seu carro até em casa e cedeu seu veículo para que um amigo da família conduzisse os parentes de volta para casa.>
O enterro do estudante será realizado nesta quinta-feira (3), no Cemitério de Municipal de Caetité. O horário do sepultamento não foi informado pela família. (Foto: William Silva/Radar 030) Sobrevivente O CORREIO também conseguiu contato com um dos estudantes sobreviventes do acidente. Sem se identificar, ainda em estado de choque, um aluno do curso de medicina veterinária relatou o momento de tensão que viveu durante o impacto, que acabou arremessando vários passageiros para a frente.“Fomos arremessados para frente, os cocos do caminhão entraram no ônibus e atingiram algumas pessoas. Havia muita água de coco dentro do ônibus. Eu pensei que fosse sangue porque estava muito escuro não dava para ver nada”, lembrou.Após o desespero, ainda sob muitos gritos, os estudantes começaram a quebrar as janelas do veículo para tentar escapar. “Quebramos as janelas e o pessoal começou a pular para se salvar. Minha amiga pedia para eu tirar os cacos de vidro do braço dela. As pessoas choravam e gritavam muito”, completou o estudante.>
Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro>