Papai Noel da Polêmica: policiais doam mais de 500 brinquedos em ação de Natal

Cerca de R$ 3 mil em presentes e guloseimas foram distribuídos em comunidade

A dona de casa Luiza Carvalho dos Santos, 25 anos, estava dormindo quando recebeu a notícia abafada de alguns vizinhos: "Luiza, acorda! Corre que tá cheio de gente da polícia aí". Moradora da comunidade da Polêmica, em Brotas, desde que nasceu, Luiza logo imaginou que se tratava de alguma ação ostensiva. Mas, dessa vez, foi bem diferente: os policiais da Coordenação de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil realmente estavam lá, só que para distribuir presentes para as crianças da comunidade, com direito a um Papai Noel um tanto inusitado, mas não menos generoso.

Devidamente equipado com barba branca, gorro e saco de presente, lá estava o investigador Luis Bastos Figueiredo, coordenador do canil da COE que, por conta de sua barba característica, foi escolhido como o bom velhinho da vez. No traje da vez também estava presente a farda da polícia, tatuagens e óculos escuros. Uma versão um tanto mais moderna e tropical do Papai Noel, que só usou arma para garantir que os presentes chegassem em segurança à criançada da Polêmica. O investigador Luis Bastos Figueiredo, coordenador do canil da COE, assumiu o papel de Papai Noel (Foto: Alberto Maraux/SSP-BA) Ao mesmo tempo que organizava a fila imensa de crianças à espera do mimo natalino (já desarmado, claro), o Papai Noel explicou que a Operação COA (Conhecer, Operar e Aproximar), encerrada neste domingo (23), atuou em 16 comunidades em 2018 e conseguiu efetuar 54 prisões. A ação dos brinquedos também estava prevista para a comunidade da Gamboa, mas pelo volume da criançada que marcou presença na Polêmica, a passagem pela segunda comunidade foi adiada.

Segundo o investigador da COE, Douglas Piton, as ações da Operação COA aconteceram semanalmente em regiões com presença de organizações criminosas atuantes na venda de drogas ou que apresentam, por exemplo, taxas de homicídio elevadas."Esse tipo de ação (entrega de presentes) é para mostrar à comunidade que a polícia não serve apenas para reprimir. Fazemos parte do cotidiano desses lugares e o que queremos é, justamente, que olhem para nós como parceiros na busca da paz", explica o investigador.Cerca de 50 policiais da COE se juntaram para arrecadar dinheiro que serviu para comprar brinquedos e guloseimas. Segundo Piton, foram cerca de R$ 3 mil levantados pelos agentes, que fizeram a alegria de crianças como Adson Rodrigues, 8, que não conseguia esconder a própria empolgação após ganhar carrinhos e um kit de guloseimas. “Eu ganhei até balão!", exclamou Adson.

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Lembra de Luiza, lá do início do texto? Ela é a mãe de Adson e tem outras duas crianças: Luís Arcanjo, 6, e Luíse Carvalho, pequenina de dois meses que ela estava carregando nos braços. 

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A mamãe contou que, por estar desempregada, não conseguiu comprar presentes para os filhos e comemorou a oportunidade de colocar os garotos ainda mais dentro do clima natalino."A gente comemora, né? A comunidade sofre todo dia, mas é um lugar bom de morar. Todo mundo tem problema, mas hoje é um dia feliz pra eles", conta Luiza.Na dúvida, quem não perdeu tempo foi Allan Miguel Conceição, que com seus 11 meses estava no colo da irmã, Beatriz Conceição, 15. Enquanto Allan ainda não é muito de conversa, Beatriz mostrou desenvoltura com as palavras ao contar que é nascida e criada na Polêmica e está no 2º ano do ensino médio.

"Enfrentamos muitas dificuldades, desse jeito mesmo que você vê na televisão. Mas esse é o lugar que me acolheu desde que nasci. Eu gosto muito daqui e sonho que um dia se torne um lugar melhor. Daqui até lá, vou guardar esse Natal antecipado no coração porque foi um dia de paz e felicidade", explicou a garota, enquanto carregava o irmão cheia de afeto e esperança de prosperidade.

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro.