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Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2017 às 07:00
- Atualizado há um ano
Para conhecer a coragem, a firmeza e o poder de um forte, fira-lhe o brio. O que seria o brio? É aquela parte mais sensível do caráter acionada quando somos menosprezados, humilhados, tratados como inferiores, ignorantes, fracos, pobres, incapazes ou modestos.Perder em casa por 2x0 é ter o brio ferido. Sua torcida foi te ver. Te apoiar. Havia vencido o coirmão. Estava bem. Maior entusiasmo. Certo que o gol viria junto com as estrelas do céu naquela noite quente. Certo como a lua rosa saudaria o beijo. Tomou 2x0. Dois. Todo mundo está sujeito a errar. Mas, de brio ferido, com certeza, o profissional de caráter e coragem vai doar todo o sangue para mostrar que o acidente será corrigido em Curitiba, no ajuste de contas do jogo de volta, nessa quarta-feira agora, uma redentora quarta-feira. É o que se espera do Vitória. Que os santos profissionais obrem seus milagres, como no DVD, ensopando com o suor sagrado o manto rubro-negro em que Verônica enxugou o rosto de Jesus e ali deixou o desenho do emblema sagrado, sobre a inscrição ‘1899 d.C’. Além de revelar a força do valor brio, a derrota em casa, véspera de Sexta Santa, coincidiu com o calvário, seguido da Páscoa, conforme a profecia: a ressurreição virá na Vila Capanema: os ovos – de choco - do Leão estão guardadinhos para os amarelos curitibas. Nem só por ter tido os ex-invictos glúteos alisados, gozadamente, por duas vezes, deve o Rei Leão agradecer. A derrota fortaleceu a epistemologia do ‘fútilbol’: a despeito de todo o legado da escola de Pitágoras, a bola conta mais que o número. Ela revela, ele esconde. Os que brandem estatísticas – o Vitória 100%, recordista -, não podem ver a imensa dificuldade na saída de bola, a omissão na criação para o ataque e a ausência de ensaio nos lances de bola parada. A derrota arreganhou a careta monstruosa de um time instável.O tropeço permite também perceber o quanto ferimos a lógica e a ética gregas, ao tratar desiguais de forma igual. Focamos no clássico doméstico, venceu o Bahia, ótimo: erro fatal de investimento! Copa do Brasil é a competição do tope do Vitória. A única.Por força de seu crescimento e capacidade, o Vitória pede energia na Copa do Brasil. Esta é a conquista que falta. O bem maior. A tal estrela de brilho nacional. O esforçado Campeonato Estadual ou a Copa do Nordeste são tosquinhos perto da Copa do Brasil.Fica, agora, o desafio ao grupo de jogadores, que se uniram quando tiveram seu brio ferido, na vitória de 1x0 sobre o Galícia. Foi o brio ferido que levantou o moral do Vitória a partir daquela noite em Pituaço. Uma nova oportunidade de lavar a honra é dada a vocês.Se são fortes o quanto alardeiam seus empresários, estão agora no ódio, inquietos por terem sido derrotados em seu doce lar. Envergonhados de quem foi aplaudi-los. O brio ferido está no Texto Sagrado: “Tragam a classificação e serão salvos” (Livro dos Reis). A Curitiba dos juízes durões há de aplaudir um time de ulisses, feridos na alma e dispostos a dar a vida. Brio ferido, sabem que, de nada vale viver sem a dignidade rubro-negra, profanada pelo Paraná, na terra santa do Parque Esportivo e Místico Manoel Barradas. * Paulo Leandro é Jornalista e prof. Dr. em Cultura e Sociedade