Peças de prata e bronze são levadas do Museu Casa de Ruy Barbosa, em Salvador

Imóvel onde jurista nasceu foi invadido; veja lista de itens furtados

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  • Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2018 às 21:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: ABI/Divulgação

O Museu Casa de Ruy Barbosa, no Centro de Salvador, teve diversas peças do seu acervo furtadas no último final de semana. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (3) pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI), proprietária atual do museu, que é administrado através de um convênio firmado desde 1998 com o Centro Universitário UniRuy/Wyden (antiga Faculdade Ruy Barbosa).

Entre os itens subtraídos da casa onde nasceu o jurista baiano Ruy Barbosa (1849-1923) estão objetos pessoais e antiguidades, como bustos, medalhas, canetas, óculos, taça, parte deles de prata e bronze. 

O caso foi registrado na Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur), na segunda-feira (1º), como “furto qualificado/arrombamento com subtração de bens” e está sendo investigado, mas até agora não há sinal dos arrombadores ou das peças levadas.

O furto, que a ABI acredita ter ocorrido entre a noite de sexta-feira (28) e domingo (30), só foi percebido na manhã de segunda, quando uma funcionária do UniRuy chegou para trabalhar e encontrou a porta da frente apenas encostada. 

Os vigilantes contratados pelo UniRuy para a guarda patrimonial não estavam no local na hora do crime. A ação, segundo a ABI, sequer chamou a atenção dos moradores vizinhos do edifício situado na Rua Ruy Barbosa, nº 299.

História Ruy Barbosa morou até os 16 anos (de 1849 a 1865) na rua que hoje leva seu nome. A Casa de Ruy Barbosa foi arrematada em leilão pelo jornalista Ernesto Simões Filho, então presidente do Jornal A Tarde, no início do século XX. Em 1935, a ABI conseguiu a posse do imóvel. Naquele mesmo ano, foi feita a reconstituição no imóvel original, que estava completamente em ruínas.

O presidente da ABI, Walter Pinheiro, lamentou a invasão e relatou a importância do jurista, sua trajetória e a relevância da manutenção do museu. O dirigente também convocou a população a apoiar a campanha iniciada pela ABI para encontrar o acervo. “Nosso objetivo é recuperar os bens roubados. Evidentemente, tudo o que pertenceu a Ruy Barbosa é importante. A sociedade pode nos ajudar a localizar as peças”, afirmou Pinheiro, em nota divulgada no site da instituição.

O diretor de Patrimônio da ABI, Luís Guilherme Pontes Tavares contou que o roubo dos objetos altera o projeto de exibi-los em evento preparatório da reabertura do Museu de Imprensa da ABI. Segundo ele, nos últimos anos, a ABI realizou o inventário do acervo da Casa Ruy Barbosa, de modo que conhece, com detalhes, cada objeto roubado. “Essa ação criminosa instala a ABI entre as entidades brasileiras agredidas devido à missão que se impuseram de preservar a história nacional”, comentou.

Quem tiver informações sobre o paradeiro das peças deve entrar em contato com o Disque-Denúncia pelo telefone 3235-0000 (Salvador e RMS) ou pelo 181 (interior).

“É assustador o que tem sido feito com a memória do Brasil e, particularmente, da Bahia. Um acervo constituído por peças que contam a história do ‘maior dos brasileiros’, como Ruy era chamado, se transformou em relíquias sujeitas a roubos e transações”, declarou o diretor de Cultura da ABI, Jorge Ramos, também no site da entidade. 

Para Ramos, a ação pode ter sido programada e encomendada, porque no próximo ano, será o 180º aniversário de Ruy Barbosa. “Roubar peças do museu da casa onde ele nasceu é roubar a memória da Bahia. Urge que sejam tomadas todas as providências na esfera policial, para elucidar esse crime”, reforçou.

Precedente A Casa de Ruy Barbosa abriga um museu gerido e mantido pelo Centro Universitário UniRuy/Wyden. O Convênio de Intercâmbio e Colaboração Técnica e Cultural firmado em 1998 entre a instituição e a ABI teve o objetivo de devolver à comunidade o espaço do Águia de Haia, como também era conhecido o jurista baiano. O imóvel chegou a ser invadido por ladrões em 1997. Na época, a maior parte dos objetos roubados foi recuperada e seguia disponível para exibição até agora.

A pró-reitora administrativa/operações do UniRuy, Eliana Martins, acompanhou a ocorrência. Por e-mail, ela reforçou a parceria e manifestou a disponibilidade do reitor da instituição de ensino, Hubert Basques, em contribuir com as investigações.

Confira a lista de materiais roubados 1 busto de Ruy Barbosa em bronze (meia idade) 1 busto de Ruy Barbosa em bronze (ancião) 1 busto em miniatura de Ruy Barbosa em bronze (peso para livro) 1 estátua de bronze 6 medalhas de bronze de formato circular, com borda lisa. (1849/1907) 1 medalha de prata de formato circular, com borda marcada por friso em relevo. (09/10/1907) 1 medalhão de bronze dourado com bordas lisas 1 par de óculos de viagem com antolhos, armação de metal prateada, formato oval, lentes ovais acinzentados 1 par de óculos de grau, armação de metal prateado de formato oval, lentes ovais incolores. 1 Caneta tinteiro preta.