Personalidades lamentam morte do escritor Rubem Fonseca; veja repercussão

Romancista e contista não resistiu a infarto, em casa; ele tinha 94 anos

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  • Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2020 às 17:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Zeca Fonseca/Divulgação

Escritores, intelectuais, artistas e personalidades lamentaram a morte do romancista e contista Rubem Fonseca, aos 94 anos, nesta quarta-feira, 15. O autor de Agosto e Feliz Ano Novo sofreu um enfarte em seu apartamento, no Rio de Janeiro.

O escritor André de Leones, leitor contumaz da obra de Fonseca, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo: "Rubem Fonseca é tão imprescindível em 2020 quanto era em 1963, ano em que publicou seu livro de estreia, Os Prisioneiros. Acho importante ressaltar isso porque a recepção de sua obra sofre em várias frentes, seja com a má vontade em relação aos livros mais recentes (como o excelente Amálgama, que resenhei para este jornal), seja com as leituras preguiçosas e contaminadas que ainda se faz por aí".

De Leones lembrou ainda que o trabalho de Fonseca "como passeador noturno das nossas ruínas não se esgotou com o término da Ditadura Militar, conforme demonstram obras-primas posteriores como O Buraco na Parede e Pequenas Criaturas". "Pelo contrário, a brutalização que sua obra investiga só se adensou nas últimas décadas e, sobretudo, nos últimos anos. Seus contos e romances traduzem à perfeição a atmosfera asfixiante do nosso país falhado, enfermo e em processo de implosão", conclui ele.

O escritor português Valter Hugo Mãe publicou uma foto com Fonseca em suas redes sociais para lamentar a perda."Desolado com a notícia da morte de Rubem Fonseca, essa maravilha das letras do mundo. Querido amigo, querido magnífico escritor que tanto me honrou, tanto me inspirou. Adeus, mestre. Obrigado", postou Hugo Mãe.O escritor Joca Reiners Terron também lamentou a perda: "Morreu Rubem Fonseca (1925-2020). Boa viagem e obrigado por tudo, mestre do universo."

A escritora Andréa Pachá prestou sua homenagem nas redes sociais: "Viver quase 95 anos, escrever com a potência de Rubem Fonseca, e não se submeter ao mercado, nem negociar com princípios é para poucos e raros. Não é triste uma partida assim É um privilégio."

José Eduardo Agualusa comentou nas redes que Fonseca foi importante para sua formação: "Tenho todos os livros dele e continuarei a lê-lo, como sempre o leio quando preciso me sentir inquieto para escrever. Escritores morrem quando deixam de ter leitores."

O escritor, tradutor e pesquisador Fábio Fernandes se manifestou em suas redes: "Rubem Fonseca foi a minha grande referência na escrita de ficção e jornalística, junto com Hemingway."

O ator, escritor e roteirista Hélio de la Peña também publicou uma postagem em suas redes sociais. "Mais tristeza. Meu escritor preferido desde a adolescência. Adoro seus contos."

Sérgio Sant'Anna lamentou a perda e relembrou sua relação com Rubem Fonseca: "Pois é, morreu o grande mestre Rubem Fonseca, mas seus livros, principalmente até a metade de sua obra, ficarão para sempre, Na descrição da cidade do Rio de Janeiro, onde ambientava seus livros, no meu entender tem importância tão grande quanto Machado de Assis.Um Machado, claro, dos tempos modernos. Tive alguns papos com ele, sempre muito gentil. É curioso que, com sua recusa de falar à imprensa, antigamente até de ser fotografado - e era um homem bonito - pessoalmente era muito afável, capaz de ler originais de jovens autores e dar opiniões valiosas sobre os trabalhos deles. O grande consolo é que viveu uma vida extremamente bem vivida".