PF cumpre mandados contra desvios em obras da Arena Fonte Nova

Segundo investigação, a obra foi superfaturada em R$ 450 milhões

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  • Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 06:46

- Atualizado há um ano

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A Polícia Federal cumpre na manhã desta segunda-feira (26) sete mandados de busca e apreensão no âmbito da investigação que apura irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão da Arena Fonte Nova.

A Operação Cartão Vermelho busca suspeitos de envolvimento na fraude a licitação, superfaturamento, desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo investigação, a obra foi superfaturada em valores que, corrigidos, podem chegar a mais de R$ 450 milhões. 

A licitação que culminou com a Parceria Público Privada (PPP) foi direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações (FNP), formado pelas empresas Odebrecht e OAS.

Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e estão sendo cumpridos em órgãos públicos, empresas e endereços residenciais dos envolvidos no esquema criminoso. Os mandados têm por objetivo possibilitar a localização e a apreensão de provas complementares dos desvios nas contratações públicas, do pagamento de propinas e da lavagem de dinheiro.

Itaigara Foram cinco equipes da PF em ação na manhã de hoje no Itaigara. Uma delas, composta de menos cinco policiais federais, cumpriram um dos mandados no escritório da empresa Parceria Inteligente, que ocupa duas salas, de números 337 e 338, no Edifício Max Center, no bairro do Itaigara. 

Quatro policiais, incluindo uma delegada, chegaram por volta de 7h. Eles chegaram a entrar com duas testemunhas, um segurança e uma funcionária da limpeza do edifício - procedimento de praxe da PF. O segurança saiu da sala pouco depois, e se limitou a dizer que o local funciona como um "escritório virtual" do ramo da construção civil.  Sala onde equipe da PF cumpre um dos mandados no Itaigara (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) Por volta de 7h30, um homem e uma mulher chegaram com a chave da sala e entraram. À imprensa, disseram que não queriam ser filmados ou entrevistados. Eles permanecem dentro do escritório. O quinto policial federal chegou por volta de 7h50, acompanhado de uma mulher - possivelmente outra funcionária do local.

A Parceria Inteligente, que há mais de 20 anos atua como escritorio virtual oferecendo  os mais diversos serviços para cerca de 500 pessoas jurídicas, informou, em nota, que não é objeto de investigação da Polícia Federal. "O episódio que aconteceu hoje, nas dependências da nossa empresa visa investigar uma das empresas que utilizam o nosso endereço comercial, cuja razão social não pode ser divulgada por estar em segredo de justiça. Reiteramos que a Parceria Inteligente apenas oferta seus serviços de apoio às empresas sem ter qualquer responsabilidade ou ligação com suas operações", destacou a empresa.

Em nota, a Fonte Nova Negócios e Participações (FNP), concessionária responsável pela gestão da Arena Fonte Nova, informou  que aguarda informações oficiais sobre a Operação Cartão Vermelho, deflagrada pela Polícia Federal, nesta segunda-feira (dia 26/02), mas se coloca à disposição das autoridades para colaborar no que for preciso.

A Odebrecht, também por meio de nota, afirmou que está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. "Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas", informou.