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Polícia identifica dois suspeitos de invasão e assalto ao Ilê Axé Ojisé Olodumare

Polícia também afirmou que "não há indicativo de intolerância religiosa" na ação

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  • Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2019 às 18:42

 - Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes / CORREIO

A Polícia Civil identificou dois homens suspeitos de participar do assalto ao Terreiro Ilê Axé Ojisé Olodumare no sábado (12). Seis homens, pelo menos dois armados, invadiram o local, que fica na localidade de Barra do Pojuca, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, roubaram celulares e deram uma coronhada no babalorixá Rychelmy Imbiriba.

As investigações estão sendo realizadas pela 33ª Delegacia Territorial (DT) de Monte Gordo. A Polícia Civil também afirmou que "não há indicativo que relacione a ação criminosa a intolerância religiosa cometida por bandidos". Durante a ação, além da agressão física, os bandidos também profanaram a fé do candomblé. Dentre as falas dos bandidos, que deixaram os presentes revoltados, estavam: “Vamos bater nesses macumbeiros”; “Vocês nem deveriam praticar essa macumba aqui”; “Isso não existe, manda ele (orixá) parar”, dentre outros.Apesar de entidades especializadas e ligadas à religião e ao culto da ancestralidade afrodescendente afirmarem e reivindicarem, a Polícia Civil não investiga o caso como intolerância religiosa."O Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) não identificou falha no atendimento às vítimas, que podem fazer o registro de insatisfação ou reclamação na Corregedoria da Polícia Civil", diz a nota.O CORREIO perguntou à Polícia Civil o que tipificaria a intolerância religiosa. "Para esse e todos os crimes, a Polícia Civil segue a legislação penal brasileira", afirmou a assessoria de comunicação do órgão.

No entanto, a lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 considera que são considerados crimes de discriminação ou preconceito contra religiões, por exemplo, o disposto no artigo 20º: “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Veja todos aqui. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7716.htm

Lembre o caso Na noite destinada ao pai dos orixás, Oxalá, no primeiro festejo do ano, seis homens invadiram o local e, no meio da cerimônia, a transformaram em um cenário de violência, pânico e choro.

Eles entraram no templo pela porta principal, foram para o salão em que a festa estava acontecendo e deram ordem de assalto. Algumas pessoas, pouco mais de 20 das 150 que estavam no local, conseguiram fugir para os fundos do terreno, lugar em que passa o Rio Pojuca.

Durante a ação, os bandidos ordenaram que todos deitassem no chão, o que não foi cumprido pelas pessoas que estavam incorporadas pelos orixás. Após levar o celular dos adeptos que estavam deitados, os homens começaram a revistar os orixás e chegaram a chacoalhá-los e apontar armas em suas cabeças, em uma tentativa frustrada de fazer com que eles deitassem ao chão e acordassem.

Na saída, os homens conseguiram levar um carro e acabaram batendo em outros veículos que estavam no local. “Eles levaram inúmeros celulares, um carro, a câmera de um fotógrafo que estava aqui que acabou levando uma coronhada e três pontos na cabeça também, e alianças das pessoas”, narrou o babalorixá.

*Colaborou Bruno Wendel