Preço da batata dispara e baianos buscam alternativas para o almoço da Páscoa

Produto teve alta no preço de 94,13% no últimos 12 meses; veja dicas de como substituir o produto

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 6 de abril de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Nos últimos 12 meses, a batata-inglesa, adorada por muitos brasileiros e, quase, indispensável, na ceia de Páscoa, teve alta no preço de 94,13% na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15).

A batata também foi uma das responsáveis por elevar a inflação da RMS no mês de março, uma vez que sofreu aumento de 27,13% no preço médio. De acordo com levantamento da Fundação Getulio Vargas, o reajuste  nos preços dos produtos da Semana Santa se deve em razão do impacto do período chuvoso nas lavouras e da alta do dólar. Além disso, quanto mais a data se aproxima, mais caro fica o produto, por causa da lei da oferta e da procura.

De acordo com o IBGE, “o aumento do preço da batata não está ocorrendo apenas na Bahia. É um fenômeno nacional, de uma forma geral ligado a uma queda de produtividade na safra, em virtude de problemas climáticos no fim de 2018 e início de 2019”.

No entanto, o órgão também explicou que, no estado, especificamente, “a previsão de safra mostra uma estimativa de pequena redução da produção total de batata-inglesa (são três safras), de 203,1 mil toneladas em 2018 para 200,1 mil em 219 (-1,5%), que sozinha não justifica um aumento dessa magnitude”.

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, afirmou que é sempre esperado um aumento no preço de legumes e hortaliças no início do ano. “Isso acontece devido a adversidades climáticas”, disse.

O diretor da Associação Brasileira da Batata, Natalino Shimoyana, explicou que na região sul, onde a batata é produzida,  registrou   um calor acima do normal no fim do ano passado. No início deste ano,  o problema são as chuvas intensas. “O resultado é uma produtividade mais baixa e uma menor oferta, o que encarece o produto”, destacou.

Alternativas A presidente do Movimento de Donas de Casa e Consumidores da Bahia, Selma Magnavita, comentou que tem sentido no bolso há alguns meses o impacto da alta de preço da batata-inglesa. “Tem muito tempo que aumentou e a gente precisa encontrar alternativas”, disse.

Segundo ela, nesse período da Semana Santa, quando muitas donas de casa optam por usar a batata como acompanhamento de bacalhau, por exemplo, é preciso ter consciência de que, “na Bahia, a tradição é a própria comida baiana”. Ela explicou que a principal alternativa ao prato é fazer, durante a ceia, comidas típicas do estado, como um ensopado ou moqueca de peixe ou camarão.

“Se a pessoa não quiser abrir mão do bacalhau, pode fazer um ensopado com o peixe. Outra alternativa é utilizar pratos com vatapá, xinxim ou, na ceia, optar por acompanhar os peixes com chuchu, abóbora,  pimentão”, sugeriu. Já nos outros meses, inclusive no primeiro trimestre de 2019, quando a batata-inglesa já tinha subido de valor, Selma declarou que trocou o purê tradicional pelo de abóbora. “O peso dessa alta nas guarnições é muito grande, por isso é preciso ter criatividade e não ficar preso a um ingrediente”.

No entanto, Selma Magnavita disse que já começou a sentir uma queda no preço. “Nada que seja satisfatório ainda para o bolso da dona de casa. Mas a gente espera que baixe mais o valor”, afirmou. 

Queixas Vendedor de batatas há 25 anos na Feira do Japão, no bairro da Liberdade, em Salvador, Carlos do Amor Divino, 47 anos, lembrou que o produto já esteve mais caro. “O quilo chegou a custar R$ 8, com a saca a  R$ 300. Hoje, eu tenho vendido o quilo da batata entre R$ 4 e R$ 5, mas continua pesado”, destacou. Segundo o feirante, a batata-inglesa é um dos produtos mais vendidos na região. “Todos os dias, são muitas pessoas procurando para comprar. Acho que é o acompanhamento que não pode faltar na mesa do brasileiro”, disse. Neide reclama da alta do preço da batata (Foto: Marina Silva/CORREIO) A dona de casa Neide Ferreira, 59 anos, apesar de também ter sentido que o preço da batata baixou nos últimos dias, continua achando o produto muito caro. “Hoje, eu consigo comprar o quilo,  a R$ 2,89, mas, em outras épocas, já paguei até  R$ 5,90, o que é muito caro e pesa no orçamento do mês”, disse.

O cozinheiro e pedreiro Antônio Jorge, 55 anos, declarou que lida sempre com altas e baixas nos preços de produtos básicos da cozinha, mas a batata tem se superado, chegando quase a R$ 6, às vezes. “Eu uso muita batata nos pratos e guarnições e esse aumento do preço tem impactado no que eu produzo”, contou.

*Sob a orientação do subeditor Geraldo Bastos