Procuradora pede desculpas a Lula por ironizar morte de Marisa

Reportagem trouxe mensagens de procuradores sobre essa e outras mortes de pessoas próximas a Lula

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  • Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 22:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A procuradora Jerusa Viecili, da Força-Tarefa da Lava Jato em Curitiba, pediu desculpas ao ex-presidente Lula (PT) em suas redes sociais na noite desta terça-feira (27). O pedido se refere a uma matéria do Uol com mensagens trocadas entre os membros do Ministério Público que ironizaram a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia. "Errei. E minha consciência me leva a fazer o correto: pedir desculpas à pessoa diretamente afetada, o ex-presidente Lula", escreveu a procuradora no Twitter.A reportagem mostra diálogos entre os promotores na época de três mortes de pessoas próximas a Lula - além de Dona Marisa, o irmão dele, Vavá, e o neto Arthur. 

A conta da procuradora no Twitter não é verificada, mas ela a usa desde 2009, sempre compartilhando temas ligados ao trabalho, e já teve publicações compartilhadas por Deltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa.

Mensagens A matéria publicada hoje mostra que os integrantes da Lava Jato fizeram comentários jocosos na época da morte de Marisa Letícia e ironizaram pedidos de Lula para ir ao enterro de Vavá e Arthur.

Jerusa mandou uma mensagem, em 3 de fevereiro de 2017, logo após outro procurador compartilhar uma notícia da morte de Marisa. O texto era acompanhado de um emoji sorridente: "Querem que eu fique pro enterro?".

Em outra conversa, de 1º de março deste ano, a procuradora compartilha no grupo uma mensagem da morte do neto de Lula e escreve: "preparem para nova novela ida ao velório".

Veracidade O pedido de desculpas de Jerusa, mesmo sem citar a reportagem ou as mensagens, sinaliza com a veracidade do conteúdo, em posição contrária ao que vinha tomando a Lava Jato até agora. Os procuradores não têm respondido se as mensagens são verdadeiras, embora tenham dado respostas a algumas das acusações que surgiram. Depois do seu primeiro post, a própria Jerusa voltou à rede para afirmar que "lembrar de uma mensagem não autentica todo o conjunto". Ela destacou que o conteúdo é "fruto de um crime e tem sido descontextualizado".

"Os procuradores da Lava Jato nunca negaram que há mensagens verdadeiras, exatamente porque foram efetivamente hackeados. Contudo, não é possível saber exatamente o quanto está correto, porque é impossível recordar de detalhes de 1 milhão de mensagens em 5 anos intensos", finalizou.

Segundo o Uol, ao ser procurada para comentar a reportagem, a força-tarefa informou que não se manifestaria sem ter acesso integral às conversas.

Já o ex-presidente Lula divulgou nota afirmando que recebia com "indignação e repulsa" as mensagens divulgadas hoje. Ele afirmou que os comentários foram feitos de "forma debochada e até desumana" pelos procuradores.

"Foi com extrema indignação, com repulsa mesmo, que tomei conhecimento dos diálogos em que procuradores da Lava Jato referem-se de forma debochada e até desumana às perdas de entes queridos que sofri nos anos recentes: minha esposa Marisa, meu irmão Vavá e meu netinho Arthur", diz o texto. Ele afirmou que hoje foi um dos "momentos mais tristes" seus na prisão e que não imaginava que o "ódio que nutriam" por ele fosse tão forte.

"Mas não imaginava que o ódio que nutriam contra mim, contra o meu partido e meus companheiros, chegasse a esse ponto: tratar seres humanos com tanto desprezo, como se não tivessem direito, no mínimo, ao respeito na hora da morte. Será que eles se consideram tão superiores que podem se colocar acima da humanidade, como se colocam acima da lei?", diz a nota.