Produtores rurais do oeste ganham mais tempo para colher safra recorde de algodão

ADAB prorrogou prazo e produtores terão 10 dias a mais; quem não cumprir prazo pode pagar multa de até R$ 7 mil

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  • Georgina Maynart

Publicado em 18 de setembro de 2019 às 21:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: AIBA / ABAPA

As colheitadeiras vão ficar mais tempo em campo no oeste da Bahia. O período de colheita do algodão na região vai se estender por mais 10 dias além do previsto no início da safra. A autorização para prorrogar o prazo foi concedida pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária (ADAB) a pedido da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA).

Com a autorização, os agricultores que deveriam colher a lavoura até a próxima sexta-feira (20/09), agora vão ter até o dia 30 de setembro para retirar toda a safra do campo.

O cumprimento das datas de início e fim de colheita é uma exigência fitossanitária prevista em lei. A cada safra os agricultores precisam respeitar o chamado “vazio sanitário”, período de entressafra, geralmente de 60 dias, em que não pode haver planta viva na área em que foi cultivada o algodão. A medida evita que pragas e doenças, que por ventura estejam no mesmo espaço, se proliferem e atinjam futuras plantações.

Para cada tipo de cultivo existe um período diferente de vazio sanitário, em alguns casos, como nas lavouras de soja, pode chegar a 90 dias.

Além de dar mais tempo para a colheita, a prorrogação evitará grandes prejuízos. No caso do algodão, o agricultor que não cumpre o “vazio sanitário” é obrigado a pagar uma multa de R$ 7 mil reais por propriedade. As autoridades que monitoram as plantações entendem que ao deixar restos de plantas no campo os agricultores aumentam o risco de proliferação de insetos predadores. Eles podem se espalhar e atingir os agricultores vizinhos, provocando assim um problema sanitário e econômico coletivo. A maior preocupação dos cotonicultores é com o “bicudo”, principal praga que afeta as lavouras de algodão em todo o mundo.

FATORES

Esta é quarta vez na história que os agricultores do oeste pedem prorrogação de prazo. Desta vez o pedido foi feito com base em informações técnicas fornecidas pela Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste Baiano – Fundação Bahia. Os técnicos alegaram que fatores climáticos ao longo da safra teriam interferido no aumento do ciclo da cultura do algodão.“Nós tivemos um excesso de chuva no final de abril, que fez com a cultura de algodão estendesse um pouco o ciclo. Alguns produtores não vão conseguir cumprir com a data prevista anteriormente. Então nós solicitamos mais prazo para estes produtores”, afirma Júlio Cézar Busato, Presidente da ABAPA.Segundo a ABAPA pelo menos 95% da safra já foi colhida. Em quase todos os municípios do Oeste existem plantações de algodão, mas esta autorização só vale para os municípios do Território da Bacia do Rio Corrente e da Bacia do Rio Grande, entre eles estão Luis Eduardo Magalhães e Formosa do Rio Preto.

Já para os agricultores dos municípios de Wanderley, Baianópolis e da microregião de Campo Grande, no município de São Desidério, continua valendo a data anterior, 20 de setembro. De acordo com a ADAB estas áreas registraram situações climáticas diferentes e não necessitam de prorrogação do prazo.

Com a mudança, também fica alterada a data para início do próximo plantio. Os produtores rurais só poderão iniciar um novo período de cultivo a partir do dia 01 de dezembro.

“Estes produtores terão que compensar no próximo ciclo para fazer o plantio num tempo mais rápido, e não perder a janela de plantio que deve se encerrar entre 20 e 25 de dezembro ” completa Busato.

Tanta preocupação com o calendário tem um motivo estratégico e climático. A região Oeste, assim como quase toda a área do cerrado, é marcada por um regime de chuva e estiagem mais definido do que no restante do país. Os agricultores aproveitam exatamente este fator para manter regular as plantações de grãos e fibras ao longo do ano.

SAFRA RECORDE

Haja algodão para retirar do campo. Este ano os cotonicultores da Bahia estão colhendo uma das maiores safras da história da região. Vão ser aproximadamente 1,5 milhão de toneladas. Apesar da leve queda na produtividade, de 315 para 300 arrobas por hectare, os produtores da Bahia vão colher 15% a mais do que no ano passado.

O volume de produção colocou São Desiderio de volta ao lugar mais alto do pódio nacional na produção da fibra. Com resultados tão positivos, os produtores rurais já planejam aumentar em 5% a área plantada em 2020. “Os resultados desta safra se devem, sobretudo, à persistência do produtor rural, que mesmo após alguns ciclos com problema de estiagem não desistiu de plantar. Aliado a isso houve investimento em tecnologia. Para a próxima safra, havendo boas condições climáticas e distribuição de chuvas, o oeste mantém o seu patamar de produção e produtividade, confirmando a sua vocação agrícola”, afirma o assessor de agronegócio da Aiba, Luiz Stahlke.Além do algodão os agricultores colheram este ano a segunda melhor safra de soja da região Oeste da Bahia. Foram mais de 5,3 milhões de toneladas da oleaginosa. E a produção de milho também se destacou, ao alcançar 1,3 milhão de toneladas, com produtividade média de 140 sacas por hectare.