Projeto transforma janelas em salas de projeção de filmes em Salvador

Cine Janela visa criar novas formas de interação com vizinhos durante isolamento

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  • Da Redação

Publicado em 24 de março de 2020 às 06:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

Em vez do palco, varandas e sacadas de prédios. Essas têm sido o cenário ideal para os artistas que, durante o isolamento social imposto pela quarentena, querem se conectar não só aos seus seguidores, mas também a quem está no apartamento ao lado, em alguns andares abaixo ou acima e mesmo alguns prédios adiante...

Na semana passada, dezenas de vídeos registrando músicos, cantores e até DJs animando suas vizinhanças viralizaram nas redes sociais.“É uma possibilidade de criarmos novas formas de interação com nosso entorno”, sintetiza o gestor cultural Chicco Assis. 

Junto às amigas-vizinhas Jamile Coelho e Cíntia Maria, ele articulou o Cine Janela, um projeto que transformou as janelas de suas próprias casas em salas de projeção. As fachadas próximas viraram telas, e os filmes exibidos puderam ser vistos tanto por moradores mais atentos quanto por transeuntes desavisados que porventura estivessem passando pela rua. Quem acompanhava  do Instagram (@cine.janela) também tinha acesso a um bocadinho. (Foto: Divulgação/  Jamile Coelho) Na noite de ontem, uma coletânea de curtas animados foi exibida no Dois de Julho, onde moram, entre eles “Hair Love”, dirigido por Matthew A. Cherry e Bruce W. Smith, e vencedor do Oscar 2020. A exibição durou cerca de 30 minutos. A  iniciativa, que estreou no último domingo, chegou ontem também ao Politeama e ao estado do Espírito Santo.

É que pela página do projeto no Instagram qualquer pessoa que tenha um projetor em casa e queira promover uma exibição em sua vizinhança pode se juntar à iniciativa. O coletivo pretende ainda agregar outros voluntários, que colaborem com a indicação de conteúdos e com a divulgação. “Começamos movidos por essa vontade de que outras pessoas, aqui e em outros lugares, se inspirassem e também quisessem fazer”, explica Chicco. 

Foi o que aconteceu com o produtor Marcus Lobo, responsável por replicar o Cine Janela no Politeama. “Este momento requer medidas criativas para driblar as tensões geradas pelo isolamento. O Politeama sempre foi um bairro pulsante e está calado nos últimos dias. Esse é um canal que certamente vai movimentar as noites por aqui”, comenta Lobo, que espera que essa ideia se replique em toda a cidade. 

Responsável pela gestão de equipamentos culturais municipais, que estão fechados em função da quarentena, Chicco Assis vê no Cine Janela não só como um escape ao “ócio criativo” latente neste período, mas também como uma tentativa de que a arte e a cultura continuem ocupando espaços. “As casas de cinema e os espaços culturais foram os primeiros a serem fechados nas medidas de combate ao coronavírus. Então, agora, é ressignificar o que temos a mão”, defende.