Quadrilha 'contratava' mulheres com filhos para transportar drogas em Sussuarana

15 pessoas foram presas, entre elas uma mulher

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  • Nilson Marinho

Publicado em 31 de julho de 2018 às 15:00

- Atualizado há um ano

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. por Arisson Marinho/CORREIO

Mulheres segurando uma criança em um braço e, no outro, uma sacola de mercado - não com pacotes de arroz ou feijão, mas cocaína. Esse era um dos disfarces utilizados por uma quadrilha de tráfico de drogas desarticulada na tarde de segunda-feira (30), no bairro de Sussuarana, em Salvador. Ao todo, 15 pessoas foram presas, entre elas uma mulher - parte das pessoas estava dentro do laboratório de refino de drogas.

O grupo trabalhava para abastecer uma boca fumo localizada em uma viela da localidade do Parque Jocélia e acabou surpreendido por policiais, que encontraram cerca de 1.000 pinos de cocaínas prontos para venda, R$ 100 mil em basta base da droga, uma pistola de uso restrito e rádios comunicadores. Na manhã desta terça-feira (31), a quadrilha foi apresentada à imprensa na sede da Polícia Civil, na Praça na Piedade. 

O material encontrado no laboratório renderia lucro de aproximadamente R$ 500 mil, informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

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Segundo a polícia, a droga chegava na localidade por meio de 'mulas' - moradores 'contratados' por traficantes de drogas que são utilizados para fazer o transporte dos entorpecentes sem despertar suspeita. Segundo a diretora do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), Fernanda Porfírio, o material chegava à boca, supostamente levadas por pessoas que não "levantam suspeita", como mulheres na companhia de crianças."Acredito que a droga chega dentro de mochilas e bolsas. Os pinos, onde eles colocam a cocaína, são transportadas em sacolas de supermercado. O transporte também é feito por aquelas pessoas que não levantam nenhuma suspeita, como mulheres sozinhas ou acompanhadas dos filhos", explica diretora.  A boca de fumo já estava sendo investigada há cerca de dois meses e, segundo Thiago Pinto, títular da 11ª Delegacia (Tancredo Neves), os policiais aproveitaram o momento em que os olheiros estavam ocupados embalando a droga para invadir a casa onde o grupo estava reunido. "Já havíamos feito um mapeamento da área e estavámos investigando o local. Aproveitamos que os olheiros estavam ocupados embalando a droga que havia chegado à boca no domingo para desarticular a quadrilha. Alguns conseguiram correr, quebrando alguns telhados de casas vizinhas", conta o títular. Não foi informado na coletiva para quem o grupo trabalhava. 

Prisão No local, no momento da prisão, os homens e a mulher estavam cortando, embalando e refinando a droga. Os policiais também localizaram 2 mil pinos de cacaína vazios e munições de outras armas. "O que nos leva a crer que ali havia outros marginais armados, que não estavam no momento da prisão", afirma Fernanda. 

De acordo com o delegado, os policiais chegaram à boca depois de avistarem dois homens que, ao serem abordados, acabaram correndo. Os dois foram alcançados e confessaram que eram traficantes. Eles também foram os responsáveis por apontar onde acontecia o refino, embalo e a distribuição dos entorpecentes.

Na operação, foram presos Lailson Mendes Barros, Jorge Alberto Oliveira Santos Junior (mandado em aberto por homicídio), Alan dos Santos Rodrigues (mandado em aberto por tráfico de drogas), Leandro Rosa Araújo, Luciano de Jesus Brito, Elvis Sena Silva Santos, Luis Paulo Silva dos Santos, Josimar Fiuza Soares, Italo Sousa Pessoa dos Anjos, Valnei Moreira da Paixão (mandado em aberto por porte ilegal de arma), Lucas Ferreira Nogueira, Marcelo de Jesus Andre, Mateus de Oliveira dos Santos, Fabrício Cruz Sotero e Adriele Santana de Andrade. Todos foram encaminhados para audiência de custódia. 

Mulher Na manhã desta terça, enquanto os acusados eram apresentados à imprensa, alguns parentes de Adriele, de 22 anos, procurava em frente à sede da Polícia Civil alguma informação sobre a jovem. 

Ela, de acordo com uma tia, que preferiu não se identificar, recebia conselhos dos familiares para largar o mundo do crime. Adriele, segundo o familiar, passou a morar com a avó e o pai, ainda na infância, depois que sua mãe morreu.

Ainda na adolescência, conta, ela demonstrava sinais que seguiria a vida do crime. Adriele era namorada de um dos suspeitos."Ela já não morava mais com a gente porque somos trabalhadores e temos regras em casa, como horário de sair e chegar. Ela nos dizia que morava na casa de uma amiga, mas não imaginávamos que ela estava envolvida com isso. Essa é a primeira vez que ela vai presa e não foi por falta de conselho. Sempre falavámos para ela qual era o caminho", lamentou a parente. *com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier