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'Quarteto fantástico': grávida de quadrigêmeos, mãe feirense recebe campanha por doações


 

Uma gravidez natural de quatro bebês é rara: acontece uma vez em cada 600 mil

  • Thais Borges

Publicado em 17/05/2017 às 17:42:00
Atualizado em 17/04/2023 às 02:55:05

A primeira coisa que a operadora de telemarketing Rosilene Santana, 29 anos, sentiu foi medo. Não era para menos. Não é qualquer dia que alguém recebe a notícia de que vai ser mãe de trigêmeos. Mas a novidade ainda estava incompleta. Duas semanas depois, um exame médico trouxe uma nova informação: na verdade, não se tratavam de três bebês, mas de quatro.

Essa gravidez – totalmente natural – de quadrigêmeos foi acontecer em Feira de Santana, no Centro-Norte do estado. As chances de ter quatro bebês de uma só vez de forma natural são bem pequenas: uma em 600 mil. Rosilene, que já é mãe de Kauan, 8 anos, está hoje com 22 semanas de gestação. Enquanto espera a chega de duas meninas e dois meninos, ela se acostumou a escutar a piada de que ‘com essa sorte, pode jogar na loteria’.Rosilene, grávida de quatro bebês, está com 22 semanas de gestação (Foto: Arquivo pessoal) O parto – uma cesariana, devido aos riscos da gravidez – não deve passar de julho. “Nunca imaginava que poderia ser mãe de gêmeos, quem dirá de quadrigêmeos”, brinca. De fato, ela sonhava com outro filho. Outro bebê que fizesse companhia a Kauan, o mais velho. No final de 2015, chegou a engravidar, mas, em janeiro de 2016, sofreu um aborto espontâneo.  Um ano depois, em janeiro de 2017, soube dos quadrigêmeos. “Meu filho fala que pediu tanto a Deus por um irmão que ele mandou quatro”, diz Rosilene, que já escolheu os nomes dos pequenos. Agora, os companheiros de Kauan serão Kauane (nome escolhido por ele), Kaylane, Kauê e Kaio. Os nomes todos com ‘K’ não são por superstição. Ela garante que foi quase uma consequência – só tomou a decisão quando o filho mais velho pediu que uma das irmãs fosse sua ‘quase xará’. 

O marido também não escondeu a surpresa. Chegou até a achar que se tratasse de uma brincadeira. “Ele só acreditou quando chegou em casa e viu o exame. Ele ficou tão feliz e tão assustado ao mesmo tempo que só ficava rindo”, diz ela, que tem se acostumado com as emoções mistas nos últimos tempos. O marido de Rosilene só acreditou que seriam quatro quando viu o exame (Foto: Reprodução)Hoje, ela diz que já está mais tranquila. Tem tentado controlar a ansiedade ‘para não prejudicar os bebês’. “Mas não vejo a hora de estar com meus pequenos no colo”, conta, na entrevista por telefone. Um segundo depois, ela se corrige: não vai conseguir carregar os quatro no colo. “Mas a gente ajeita”, completa. 

Campanha para doações Porém, muitos bebês vêm com muitas responsabilidades. Como a gravidez é de risco, Rosilene teve que ser afastada do trabalho por recomendações médicas e hoje recebe a pensão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O marido, que trabalha com carga e descarga, ganha um salário mínimo. Quando souberam da história de Rosilene, um grupo funcionários e gestores da Tel Centro de Contatos, onde ela trabalha desde o início de 2015, decidiu organizar uma campanha para arrecadar doações para ajudar a nova mamãe e os quatro bebês que estão a caminho. A empresa Tel, onde Rosilene trabalha, lançou essa campanha para arrecadar doações (Imagem: Divulgação)“A iniciativa foi de um de nossos gestores de Feira de Santana, que nos trouxe a informação e sugeriu. Como são 15 mil funcionários, nem todas as informações chegam. De imediato, compramos a ideia porque, independente de ser nossa funcionária, ela é uma pessoa que está precisando muito de ajuda. Para se ter filho tem um custo alto. Quatro então...”, conta o gestor nacional em recursos humanos da Tel, Rodrigo Neri. 

Há duas semanas, a equipe de comunicação da empresa deu início ao trabalho: foram cartazes nos murais internos das unidades de Salvador e Feira de Santana, anúncio através de email marketing e confecção de cards para serem compartilhados nas redes sociais. No anúncio, a campanha pede doação de fraldas e produtos de higiene infantil, como lenços umedecidos, algodão e pomada para assaduras. A ideia é arrecadar donativos até o início de junho, quando uma equipe da Tel deve levar tudo a Feira de Santana. “É muito legal esse engajamento, porque a gente vive um momento muito focado em materialismo. O principal é despertar o sentimento de compartilhar, de dividir. Ainda que a gente tenha pouco, tem alguém que tem ainda menos ou que, naquele momento, encontra-se numa situação que precisa de ajuda”. 

Em Salvador, há dois postos de coleta para quem quiser fazer as doações nas próprias unidades da Tel (veja abaixo). Em Feira de Santana, há outros dois postos. “Eu achei maravilhoso isso da empresa porque tem bastante gente ajudando, mas o que a gente já tem para a quantidade de crianças ainda não é suficiente”, diz a nova ‘quadrimãe’. 

[[galeria]]Mais ajudaAlém da ‘corrente do bem’ dentro da empresa onde trabalha, Rosilene e os bebês ‘K’ têm recebido ajuda de outros lugares. Alguns surgem, inclusive, de onde ela menos imagina. No início da gravidez, ela tinha ido a uma emergência hospitalar, porque sofre de enxaquecas. Na consulta com o médico, explicou que estava grávida de quadrúplos. O médico respondeu com espanto: ele também era pai de quadrigêmeos. No entanto, ele e a esposa tinham feito um tratamento para engravidar – assim, é um pouco diferente do caso de Rosilene. “Os filhos deles já fizeram quatro anos e eles estão dando apoio psicológico para a gente. Através deles, vieram outras pessoas. São dois anjos que entraram na vida da gente sem a gente esperar”, conta ela.

O casal, além de ajudar com doações – como a de um berço ‘quatro em um’ e de um carrinho duplo, todos que tinham sido de seus bebês no passado – também tem ajudado na construção do quarto dos bebês. Rosilene, o marido e o filho mais velho moram em uma casa na Gabriela, bairro periférico de Feira de Santana. No entanto, o imóvel não tinha mais espaço para receber os futuros habitantes. 

Enquanto eles não chegam, ela se concentra nos preparativos. “Já temos muitas fraldas, mas eles dois disseram que pode até ter muita para uma criança só, mas não para quatro. Ela (a esposa) já me falou que vou gastar 32 fraldas por dia”. 

Uma preocupação, por enquanto, é o tempo que os bebês vão ficar na UTI neonatal após o parto. Segundo o obstetra que acompanha Rosilene, a estimativa é de que eles passem até dois meses na UTI. No entanto, o plano de saúde do pai das crianças só cobre a estadia por um mês. “Mesmo assim, estou muito feliz. Todo mundo tem me ajudado. Kauan diz que não vê a hora de ver os irmãos. Nem eu”, revela, ansiosa. 

Quem quiser ajudar os quadrigêmeos de Feira de Santana pode fazer doações nos seguintes postos de coleta: SalvadorTel - Matriz (Procurar Denise Cristina| Área de Comunicação da Tel)Endereço: Av. Tancredo Neves 1.543, Edf. Garcia D’Ávila, 7º andar – Caminho das Árvores (é o último prédio antes de virar para a Receita Federal). Tel ACM (entregar na recepção). Endereço: AV. ACM; N° 4.197; Brotas (na rua do G Barbosa, ao lado da Igreja Universal do Reino de Deus)Feira de Santana:Tel Marajó (entregar na recepção): Rua Marechal Floriano Peixoto, N° 214, CentroTel Vila Olímpia (entregar na recepção): Rua Rio de Janeiro, N° 319A; Pedra do DescansoHá também uma conta bancária para quem quiser fazer doações em dinheiro: Banco Bradesco Roseline Lima da Silva SantanaAgência 0236Conta Poupança 1012282-1