Quatro garotas desaparecem após festa com traficantes em Porto Seguro

Vídeo mostra uma das jovens de Eunápolis fazendo gesto de uma facção de Porto Seguro

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  • Bruno Wendel

Publicado em 31 de julho de 2020 às 18:50

- Atualizado há um ano

Um dia após participarem de uma festa em um barco com traficantes na cidade de Porto Seguro, no Extremo-Sul da Bahia, uma jovem e três adolescentes - duas delas irmãs - desapareceram na cidade vizinha de Eunápolis. Elas foram levadas na segunda-feira (27) por homens que chegaram à casa de uma delas e desde então não mais foram vistas. Em um vídeo gravado e postado numa rede social, uma das garotas aparece fazendo um gesto alusivo à facção MPA (Mercado do Povo Atitude), de Porto Seguro, mas logo é alertada pela irmã. As duas são moradoras da cidade vizinha de Eunápolis, onde o tráfico de drogas é controlado pelo Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), que tem como arquirrival a facção MPA.  Depois da festa, as quatro foram para a casa de Cibele Rocha Melo, 17 anos. A irmã dela, Maria Eduarda Oliveira da Rocha Mello, 15, passou a morar no local há pouco tempo. As outras duas garotas, Jheniffer Amorim Santos, 18, Kethelin Ferreira Fortunato, 17, são de Itabela, cidade também do Extremo-Sul do estado.  O desaparecimento das jovens é investigado pela Delegacia de Eunápolis. Até o momento, buscas estão sendo realizadas, mas não há nenhuma pista das jovens.  O delegado Bernardo Pacheco disse que a festa no barco era de integrantes do MPA.“Diante dos fatos, incluindo os vídeos, a rivalidade entre as duas facções, pode-se dizer que uma das linhas de investigação da polícia é que o desaparecimento deles estaria ligado à represália de um dos grupos criminosos”, declarou o delegado. Desaparecimento A polícia ainda não sabe qual a relação das jovens com o traficantes do MPA. Os vídeos que circulam em redes sociais mostram as garotas dançando e se divertindo com traficantes em um rio no distrito de Trancoso, litoral sul de Porto Seguro. Os familiares das quatro já foram ouvidos. As imagens, feitas pelos próprios bandidos no último domingo (26), foram compartilhadas em grupos de aplicativo de celular. No dia seguinte, após voltarem para Eunápolis, e se reunirem na casa de uma delas, no Juca Rosa, as meninas sumiram.

Segundo a polícia, na segunda-feira (27), por volta das 16h30, alguns homens estiveram no local e as levaram em duas motos para um lugar ainda desconhecido.

Na tarde desta quarta-feira (29), policiais civis e militares realizaram uma operação de busca pelas jovens desaparecidas. Durante algumas horas, os agentes percorreram uma área de mata no bairro Juca Rosa, zona norte da cidade  

Segundo a polícia, havia suspeitas de que as amigas foram levadas ao local por um grupo criminoso. As buscas não tiveram sucesso. Bandidos usam aquela região, com frequência, para torturar e matar pessoas rivais. Há suspeita que no local pode haver um cemitério clandestino.

Parentes O CORREIO conversou por telefone com a tia das irmãs Cibele e Maria Eduarda, a doméstica Célia Barbosa, 42. Ela disse que a família está desesperada."A mãe das meninas está arrasada, não quer falar com ninguém. A gente está com o coração na mão. Todas as informações chegaram até agora foram falsas. Deram pistas falsas. A polícia foi averiguar e nada”, desabafou ela. Célia contou que não imagina o que pode ter acontecido com as sobrinhas. “As informações que temos são que as que aparecem elas no vídeo, dançando num barco. Elas saíram não disseram nada a gente. Não temos ideia onde estejam e nem do que pode ter acontecido com elas”, disse Célia. 

Os pais das quatro garotas já foram ouvidas pela polícia.