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Reaberto, Mercado do Peixe de Água de Meninos tem nova estrutura para evitar mau cheiro

Intervenção promete evitar o mau cheiro e os alagamentos típicos do espaço e custou R$ 800 mil

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  • Carol Aquino

Publicado em 5 de abril de 2017 às 14:27

 - Atualizado há um ano

(Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Quem quiser comprar o peixe da Semana Santa em um lugar limpinho e a preço bom já pode ir até o Mercado Popular de Água dos Meninos, mais conhecido como Mercado do Peixe. O espaço, um dos mais tradicionais quando se fala em comércio pesqueiro, foi reinaugurado na manhã desta quarta-feira (5), depois de um ano e quatro meses fechado para reforma.

“Depois de 14 anos, a prefeitura fez uma intervenção expressiva do mercado. Recuperamos inteiramente que estava numa situação de muito desgaste, de precário funcionamento”, disse o prefeito ACM Neto.  O prefeito ACM Neto marcou presença na reinauguração(Foto: Evandro Veiga/CORREIO)O investimento foi de R$ 800 mil e a intervenção contemplou, entre outras medidas, a implantação de novos sanitários, a troca de azulejos internos dos 75 boxes dos permissionários, que foram modificados para se adequar às recomendações da Vigilância Sanitária, das pias e balcões.A iluminação passou a contar com lâmpadas de LED e barreiras foram instaladas no teto e nas áreas vazadas das paredes para dificultar a entrada de pombos. Com a troca das redes elétrica e hidráulica, um dos velhos problemas do Mercado foram solucionados, o alagamento em dias de chuva. Parte da rede de tubos de drenagem de águas pluviais no entorno do mercado foi renovada pela Secretaria Municipal de Manutenção (Seman), inclusive com troca das caixas de drenagem. O mesmo foi feito com a parte interna. (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)Guerra contra o fedor Na reforma, foi feita uma verdadeira guerra contra o fedor de lixo podre que o mercado tinha e que foi responsável pelo afastamento de diversos clientes do Mercado de Água de Meninos.  Ficou proibido descartar os resíduos de peixe, crustáceos e mariscos e água suja no meio da rua. Fiscais da Semop estarão circulando pela área para impedir que tais condutas sejam tomadas. A prefeitura adquiriu uma câmara fria, onde devem ser acondicionados as vísceras que serão descartadas, evitando que o mau cheiro do material em decomposição se espalhe pelo mercado e pela vizinhança. Até mesmo a água suja, aquela que vai pelo ralo depois de usada, não se acumulará mais dentro da tubulação, evitando o que o odor suba pelos ralos. Foi instalado um sistema de descargas em cada box, de forma que este resíduo vá para a rede de esgoto e não fique parado.Além da instalação de equipamentos e reforma estrutural, foram feitas várias reuniões entre os 58 permissionários que ocupam o espaço e a Semop para conscientizá-los a respeito da importância de adotar os procedimentos que permitem manter o mau cheiro longe do mercado. “Quanto mais eles conservarem o mercado, mais isso vai gerar benefícios para eles”, disse o secretário municipal de Ordem Pública, Marcos Vinícius Passos. O prefeito ACM Neto admite que o problema do odor forte ainda não foi 100% resolvido, mas que está perto disso. “O  asfalto vai ser retirado, vamos limpar a base e a sub-base, para garantir que tenhamos uma área digna para quem vem aqui comprar. A questão do mau cheiro vai ser solucionada assim que a gente fazer o asfalto”, falou referindo-se à cobertura ao lado do Mercado, onde os peixeiros ficaram enquanto a obra era realizada. Nessa área será colocado um estacionamento. Porém, quem mora e trabalha no entorno já sente uma diferença significativa. “Já teve dia em que eu tive que fechar a loja e ir para casa por não aguentar o cheiro”, disse o comerciante Antônio Almeida, dono de uma vidraçaria na Ladeira da Água Brusca, localizada na lateral do Mercado “Já tem uns quinze dias que eu não sinto mais nada”, completou o empresário que atua na região há oito anos.  

O peixeiro Jean Carlos dos Santos, que trabalha no Mercado há 15 anos, também aprova as mudanças já adotadas. “Aqui tinha um mau cheiro horrível, agora está bem melhor”. A aposentada Adineide Santos achou tudo quase perfeito. "Tá 90% melhor", mais organizado e bem mais limpo". Ela estava no local para garantir a pescada branca que vai servir de base da moqueca da Semana Santa. "O preço aqui é mais em conta, é uns R$ 10 mais barato que no mercado. 

Dona Maria Dilce Teles estava lá comprando corvina para o almoço da família. Cliente há dois anos, ela destaca que no mercado tem opções para todos os gostos e bolsos. "Tem camarão, marisco, guaricema, corvina, depende do que cada um pode comprar", elogia. 

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VendasSó a reabertura do mercado provocou a geração de 300 empregos diretos e indiretos, segundo Marcos Passos. A partir de agora, a principal expectativa dos permissionários é que com a reforma mais pessoas voltem a frequentar o espaço e as vendas possam aumentar. “Se os fregueses fugiram, agora eles vão voltar”, disse o permissionário Nivalton Tosta. O secretário Marcos Passos, acredita que o fluxo de pessoas pode aumentar em até três vezes em Água de Meninos. Já o presidente da Associação de Permissionários do Mercado Popular de Água de Meninos, Luiz Carlos de Jesus, estima que as vendas possam aumentar de 50 a 60%. "Tá muito melhor em questões de limpeza, não tem mais os caminhões jogando água aí na frente", sinaliza. 

Para melhorar o tráfego da região de Água de Meninos, a Transalvador restringiu o horário de carga e descarga de caminhões. A partir de agora é proibido fazer este tipo de serviço 6h às 21h. Quem desobedecer o horário pode receber notificação e até ter o carro removido. O local está sendo sinalizado e agentes da autarquia estão orientando motoristas. A medida já tem surtido os primeiros efeitos. “Conversei com moradores da região que evitavam passar por aqui,  e agora já estão voltando”, disse o superintende da Transalvador, Fabrizzio Muller. 

Prédio novoApesar de a região de Água de Meninos ser um ponto de referência antigo para quem está em busca de pescado fresco, a estrutura atual do Mercado Popular é relativamente novo. Inaugurado em 2003, ele foi divido em 50 boxes no andar térreo e espaço para restaurantes no primeiro piso.  O prédio é do ano de 1946 e foi construído  em frente ao local onde funcionava a Feira de Água de Meninos, atual Avenida Jequitaia. 

Porém, o comércio de peixes por ali remete à década de 1930, quando funcionava ali a Feira de Água de Meninos. O movimento do local foi crescendo tanto que em no fim da década de 1950 começou a haver um desejo de relocar os feirantes para a Enseada de Joaquim. Destruída por dois incêndios em 1964, a Feira desapareceu e os comerciantes foram deslocados para onde hoje funciona a Feira de São Joaquim.