Relatos e imagens narram todo drama vivido por repórter da Globo esfaqueado

Início, meio e fim de um crime que chocou o país

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  • Jairo Costa Jr.

Publicado em 16 de abril de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

Conhecido pelo estilo irreverente e bem-humorado, Gabriel Luiz  teve que lutar para viver (Reprodução) Talento em ascensão no telejornalismo brasileiro, Gabriel Luiz ganhou visibilidade como repórter investigativo da TV Globo em Brasilia, onde também atuava com editor, e ficou conhecido por noticiar, jamais por virar notícia. Os papéis se inverteram na noite de quinta-feira (14), quando o jornalista de 26 anos foi brutalmente esfaqueado por dois criminosos em um estacionamento perto da casa em que mora no Sudoeste, região administrativa do Distrito Federal, e travou uma corrida contra a vida e a morte aos olhos de um país em choque.

Atingido por golpes no abdômen e tórax, o jornalista teve perfurações no estômago, pulmão, pâncreas e diafragma.  As facadas também provocaram cortes no braço,  pulso, pescoço e perna esquerda, embora com menor gravidade. Após o crime, Gabriel foi encaminhado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), onde passou por diversas cirurgias entre a madrugada e a manhã de sexta (15), todas bem-sucedidas. 

Em seguida, ficou internado em uma UTI da unidade até o fim da tarde em estado grave. De lá, foi transferido para um hospital particular no Lago Sul, zona nobre de Brasília. Apesar de ainda estar sob risco alto, o repórter permaneceu parte do tempo lúcido e com evoluções positivas no quadro de saúde, segundo informações fornecidas à imprensa  por familiares do jornalista. O crime foi registrado por câmeras de segurança. 

A sequência de imagens mostra, primeiro, a passagem de Gabriel Luiz pelo local da ação. Logo depois, aparece um dos suspeitos, seguido por outro um pouco atrás. Em segundos, a dupla ataca o repórter e foge rapidamente a pé. A partir dali, o jornalista começava a duelar pela sobrevivência.

Porteiro relata pedido de socorro: 'Me ajudem, eles vão me matar"  Ao portal Metrópoles, o porteiro do prédio onde mora Gabriel Luiz relatou ter ajudado a socorrê-lo na noite de quinta. Apesar dos múltiplos ferimentos, o repórter conseguiu chegar à portaria, onde apelou por auxílio. “Me ajude. Eles vão me matar! Eu vou morrer!”, disse a vítima, de acordo com o funcionário do condomínio.

Ainda segundo o relato, o porteiro afirmou ter visto quando o jornalista tentava se aproximar da entrada do prédio. Primeiro, pensou que se tratava de uma pessoa em situação de rua, mas acabou reconhecendo e liberou o acesso dele, àquela altura, completamente ensanguentado.

O porteiro contou também que Gabriel perdeu muito sangue, mas se manteve consciente e pediu ao porteiro que o porteiro ligasse para o seu pai. Instantes depois, foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e levado ao hospital de base, onde recebeu atendimento emergencial. 

Na tarde da sexta, a policia ainda não havia identificado os autores e nem o motivo do crime, mas trabalhava com a hipótese de tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) ou de homicídio. Ao periciar o local do ataque, encontraram apenas a carteira de Gabriel. O celular foi encontrado depois em uma área próxima ao estacionamento.

Em meio à comoção, entidades que representam  os jornalistas e os veículos da imprensa, além da TV Globo, dispararam manifestações públicas na qual lamentaram o crime e cobraram apuração rigorosa para prender os suspeitos e esclarecer as razões do ataque. O que só ocorreu a partir do fim da tarde. Polícia de Brasília escolta segundo suspeito de tentar matar jornalista (Afonso Ferreira/TV Globo) Prisões de suspeitos reforçam tese de tentativa de latrocínio  Primeiro, a Policia Civil do DF divulgou a apreensão de um adolescente de 17 anos que teria participado do crime.  O menor de idade foi levado para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) de Brasília, onde foi ouvido. Na sequência, os responsáveis pela investigação confirmaram a prisão do segundo suspeito.

Segundo informações dadas ao portal G1 por um agente que atua no caso, o preso tem 19 anos e foi capturado em uma praça no Cruzeiro, região onde fica a 3ª Delegacia de Polícia, unidade que apura o ataque. O motivo foi banal, de acordo com os investigadores: roubar pertences do repórter.