Reúna sua galera pra curtir o último DominGOT

Com uma legião de fãs e status de fenômeno cultural, série Game of Thrones chega ao fim hoje, às 22h, na HBO. Tem gente que não aguenta ver sozinho

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  • Fernanda Santana

Publicado em 19 de maio de 2019 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Domingo à noite. Nos reunimos em frente à televisão, uns no chão, outros no sofá e nas cadeiras. Uma hora antes, discutimos o episódio da semana passada. Faltam dez minutos, fila até para o banheiro. Cada um encontra sua posição, ninguém quer perder um segundo. “Já morreu gente aqui”, ouvimos um amigo brincar, do quarto. Adentramos a madrugada para comentar nosso assunto preferido: Game of Thrones. E, hoje, quando se encerra a última temporada de Game of Thrones, nos despedimos de parte dos nossos domingos. É o fim também do nosso DominGOT.  

Game of Thrones não se despende como mais uma série. Afinal, a bolha explodiu. “É cultura popular”, acredita Paulo Barbosa, arquiteto e integrante de um grupo que assiste junto com os amigos, há quatro temporadas. Também parece ter se transformado num fenômeno coletivo. Não existe cansaço em reassistir os episódios para esperar os novos. Nem em chegar muito antes e ficar até depois entre amigos só para tentar esgotar todas as possibilidades da obra de George R.R. Martin adaptada para a televisão pela HBO.  DominGOT reúne amigos para ver Game of Thrones desde 2014 (Foto: Paulo Barbosa/Acervo pessoal) Nunca conseguimos esgotar as possibilidades. A conversa se entende por dias, semanas, meses. Deve se estender até depois de hoje também e seguir adiante. No início de abril, quando foi ao ar o primeiro episódio desta oitava e última etapa, todas as temporadas estavam entre as 25 séries mais baixadas via Torrent.“GOT é um evento social. Eu posso assistir em Full HD, mas prefiro ver junto. Tá passando GOT no Espanha [bar Velho Espanha]. Tem audiência até aqui nos Barris...”, brinca Paulo, desde os 16 anos imerso nesse universoÉ possível juntar a família, num domingo à noite, para assistir cenas extremas de sexo, violência e barbaridades? Game of Thrones prova que sim. “Como só eu tinha HBO, a galera começou a vir. Na sexta temporada, chegavam mais cedo. Na sétima, o grupo já era como está hoje”, conta o jornalista e pesquisador Matheus Viana. Numa noite de plena sexta-feira, um grupo de 23 pessoas estava sentado, atento ao que dizia a professora Maíra Bianchini. Era o início do bate-papo O Fenômeno Game of Thrones: O Inverno Chegou, que aconteceu, no último dia 10, numa das salas da faculdade UniRio Wyden, na Av. Paralela. 

Na fila da frente, a estudante de publicidade Bianca Oliveira, 19, contou que começou a assistir a série apenas na 7ª temporada. “Acho que do enredo da história o que mais prendeu, principalmente a mim, foi a guerra contra os Caminhantes Brancos. Demorou muito para chegar. O inverno chegando e nunca chegava”, opina.

E agora o inverno chegou e está prestes a terminar? Se é para falar de fim do trabalho dos showrunners  David Benioff e D. B. Weiss é preciso falar de frustração entre o público. Entre os fãs, as expectativas são tão altas quanto as possibilidades de desfecho. Jon Snow ficará com o trono? Daenerys, uma louca? Não, Sansa será a rainha!

Seja como for, pesquisadores se questionam e fãs opinam porque Game of Thrones é o que é.“A guerra que a gente esperou a série toda deveria durar no mínimo dois episódios. Muito rápido”, comenta Bianca Oliveira 

Caminhos que levaram a GOT O clima é tenso e contagiante. Suspensa pelo Rei da Noite, Arya deixa cair, de uma mão para outra, a adaga de aço Valeriano. A sala fica em silêncio absoluto. Arya o acerta na barriga. A gritaria rompe imediata, enquanto os caminhantes, um a um, se desintegram. Num shopping de São Luís, como se vê na cena abaixo, é como se o time do coração tivesse marcado um gol naquela final de campeonato.

 

Os caminhos que levam Game Of Thrones ao patamar de fenômeno são questionados. O que, afinal, propulsiona a série, a mais premiada da história?  Há dois anos, o professor de Narrativa Seriada da UniRuy, Rodrigo Lessa promoveu a primeira edição do evento O Fenômeno Game of Thrones. A ideia era discutir o que faz de GOT um fenômeno mundial. Desta vez, repetiram a dose para tentar incrementar novas justificativas. “A HBO consegue fazer uma mega estrutura de divulgação campanha, promove burburinho”, diz Rodrigo 

A pirataria sequer é um problema. Pelo contrário, o diretor de programação da emissora, Michael Lombardo, já disse que achava  a pirataria de GOT um "elogio". É como se utilizassem como parâmetro da popularidade absoluta. Na verdade, é impossível determinar apenas uma causa para qualquer fenômeno.  Maíra Bianchini: “O sentimento é que a narrativa se desenvolve em solavanco” (foto/divulgação) A pesquisadora e professora Maíra Bianchini tenta explicar pela multiplicidade de fatores: “GOT se beneficia de um momento em que a distribuição digital já tem bastante penetração. Há um alto acesso à banda larga e à série, seja por meios legais ou por meio da pirataria”, justifica. Antes de GOT, a série Lost costuma ser citada como a única que ao menos chegou perto do burburinho que faz a produção da HBO. Mas Game of Thrones também tem a seu lado contextos sociais.

Como a HBO é um canal fechado, reunir-se em casas de amigos para assistir seu carro-chefe se tornou um hábito, mesmo com tamanha pirataria. Daí, o envolvimento ganha outra magnitude, não apenas intelectual ou de entretenimento, mas emocional. Por isso, as conversas sobre o episódio começaram, também, a ser quase orgânicas. 

É um processo natural a série como Game of Thrones,  enquadrada como uma série de muita continuidade. Ou seja, um grande número de linhas narrativas giram ao mesmo tempo, explica Maíra. A diferença parece ser, mesmo, o modo de feitura da produção. Até pessoas não consumidoras de séries pararam para ver GOT. A série de fantasia se vende de maneira atrativa para o público. “[GOT se apresenta como] um drama medieval e tratando de termas de bastante apelo, disputa por poder, questão de tragédia, a órfã que tenta relocar o lugar no mundo, uma família que traz o apelo dos mocinhos”. Dito tudo isso, surgem as expectativas. Os espectadores, afinal, já estão envolvidos emocionalmente com a série. As reclamações mais comuns são a rapidez da narrativa na última temporada e a reviravolta no personagem de Emilya Clarke, Daenerys, que parece cada vez mais próxima da genética Targaryen. “O sentimento é que a narrativa se desenvolve em solavanco”, opina Maíra.

Seja como for, já estão todos prontos para o último ato. As frustrações, se existirem, ficam para depois. Valar Morghulis!   

ONDE ASSISTIR GOT EM GRUPO

Velho Espanha - Bar e Cultura -  R. General Labatut, 38, Barris | 3043-7481

Five Sport Bar  - unidade do Shopping Paralela, Piso L2 | 3023-8555

São Jogue -  unidade Pituba,  Rua Paulo VI, 1535, Pituba | 99298-5046

Los Cervejeiros  - Rua Marquês de Caravelas, Barra | 98866-8787

The Bunker  - Rua Alexandre, Herculano, 45, Pituba | 2132-5337

Coliseu dos Jogos - Shopping Boulevard 405, Rua Ceará, 1108, Pituba | 3043-8296

* Com supervisão da editora Doris Miranda