Ribeira: suspeitos alegam que jovens caíram no mar para continuar 'farra'

Ouvida e liberada, dupla deve ser indiciada por homicídio e tentativa de estupro

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  • Tailane Muniz

Publicado em 10 de setembro de 2018 às 17:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO

Acompanhados de um advogado, os autônomos José do Carmo de Jesus Reis, 32 anos, e Maurício Ferreira Cavalcante, 23, se apresentaram à polícia, na manhã desta segunda-feira (10), e disseram que não jogaram quatro jovens no mar da Ribeira, em Salvador, na última quarta-feira (5). 

Uma das vítimas, Robson de Jesus dos Santos, 19, morreu após se afogar. O corpo do rapaz foi encontrado por pescadores na praia do Alvejado, em Plataforma, na sexta-feira (6).

A Polícia Civil havia informado que José e Maurício, identificados por meio de imagens gravadas pelas vítimas e publicadas nas redes sociais, estavam sendo procurados. Eles devem ser indiciados por homicídio, tentativa de homicídio, tentativa de estupro e lesão corporal leve.

Ao se apresentarem nesta segunda na 29ª Delegacia (Plataforma), no entanto, os dois foram ouvidos e liberados.

Conforme o titular da unidade, delegado Luís Henrique Costa, José e Maurício negaram que tenham jogado as vítimas no mar."Eles se apresentaram por conta própria e com advogado, portanto, não há flagrante. Disseram que não tentaram estuprar as meninas e, menos ainda, que são responsáveis por jogar, machucar um rapaz, e matar o outro", explicou ao CORREIO.O delegado afirmou que ainda vai ouvir algumas pessoas ligadas ao caso, mas que está finalizando o inquérito - que deve ser encaminhado à Justiça até a próxima sexta-feira (21).

Responsável pelas investigações, Luís Henrique não quis comentar se vai solicitar a prisão dos suspeitos, entretanto, afirmou não estar convencido da versão contada pelos dois homens - que disseram serem moradores do bairro do Lobato, no Subúrbio Ferroviário. Robson morreu afogado (Foto: Reprodução) Fantasioso Para o delegado, os dois são responsáveis pela morte de Robson, pela tentativa de estupro de Victoria Maria Branquini, 22, Victoria Musi Vitti, 33, além da quase morte de Ícaro de Oliveira, 21. Todas as vítimas conseguiram escapar após nadarem até a praia.

Tanto José quanto Maurício confirmaram à polícia que estavam com as vítimas durante o dia. Também disseram que beberam, se divertiram e passaram a tarde e noite no mar. Mas na hora de falar sobre a violência contra as duas jovens, os dois suspeitos negaram a informação à polícia.

A Polícia Civil já tinha informado que, em depoimento, os três sobreviventes relataram a mesma versão da tentativa de estupro, sem qualquer contradição."O que eles contam é fantasioso. Disseram que os jovens se jogaram no mar e eles resolveram ir embora e deixar os quatro lá, no escuro, correndo riscos", afirmou o delegado à reportagem.'Continuar farra' Segundo os dois suspeitos, as vítimas decidiram se jogar no mar, às 22h, porque não queriam que o "passeio" terminasse.

"Eles contaram que estava na praia lavando o barco e os meninos [vítimas] se ofereceram para dar um passeio. Contaram que beberam muito, se divertiram, e voltaram para buscar Robson. Tanto um quanto o outro falaram que na hora que propuseram voltar para a praia, as mulheres e os rapazes queriam continuar farra e se jogaram no mar", comentou Luís Henrique, acrescentando que a embarcação de pequeno porte é de propriedade de José.

Embora não acredite no que contou os suspeitos, o delegado disse que agora compete à Justiça o destino deles."Eles vão ser indiciados por homicídio, tentativa de homicídio, tentativa de estupro e lesão corporal leve. A polícia ainda pode fazer algumas coisas, mas eu não vou comentar mais porque é a investigação, é importante manter o sigilo de algumas informações", completou.O delegado também pontuou o fato dos dois terem demonstrado arrependimento. "Mas isso [sentimento] é irrelevante. O que conta para a polícia é a conduta. Mesmo que eles não tenham jogado [os jovens no mar], que tipo de pessoa não socorre vítimas de um possível afogamento? Isso é postura correta de alguém?", indagou o chefe da investigação.

O barco usado no "passeio" não vai ser periciado pela polícia, pois, segundo o delegado, não há a necessidade - já que os suspeitos não negam que as vítimas estiveram na embarcação. 

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) confirmou que os dois homens se apresentaram, foram ouvidos e liberados. Segundo a pasta, o caso segue sendo investigado.