Salvador ficará sem combustível já nessa sexta, dizem donos de postos

Sindicombustíveis prevê desabastecimento até o final do dia

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  • Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2018 às 18:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: CORREIO

Diversos postos registraram longas filas de carros para abastecer nesta quinta (Foto: Marina Silva/CORREIO) Quem correu para abastecer o carro em um dos postos de Salvador, nesta quinta-feira (24), tomou uma decisão realmente acertada, apesar das filas que chegaram a deixar diversas vias congestionadas. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniência do Estado (Sindicombustíveis-BA), Walter Tannus, a cidade sofrerá com um completo desabastecimento, diante da paralisação nacional dos caminhoneiros, já a partir dessa sexta-feira (25)."A tendência é de agravamento da crise. Os postos continuam sem receber produto. O produto continua sem chegar. Creio que até o final do dia de amanhã (sexta) nenhum posto de Salvador terá mais combustível", comentou o representante dos empresários, que também é dono de postos de gasolina na capital.Ele criticou os donos de postos que se aproveitaram do crescimento da demanda para aumentar os preços e ter lucros maiores. “O preço é livre. Mas eu entendo como cidadão que esse não é o momento de fazer isso. É o momento de cada um se sacrificar um pouco. A greve é justa", comentou Tannus. Ele disse ainda que "muitas redes de postos estão sem condições de sobreviver". Carros fazem longa fila para abastecer em posto em frente ao Centro Espanhol, na Barra (Foto: CORREIO) Baixando Ainda de acordo com o representantes dos donos de postos, na tarde desta quinta, metade dos postos de Salvador e Região Metropolitana já não tem combustível. Ele prevê que na manhã dessa sexta o índice já baixe para 20%, chegando a zero no final do dia. No interior, os estabelecimentos desabastecidos já somam 70% do total - ao todo, são cerca de 2 mil postos espalhados fora da capital e RMS. "Pedimos aos empresários para não vender toda a reserva para que os veículos de emergência, como ambulâncias e viaturas da polícia, possam abastecer", comentou o presidente do Sindicombustíveis.Preço discutido Tannus fez os comentários na tarde desta quinta, durante o Painel Combustível Legal, na Casa do Comércio. O evento, organizado pelo sindicato de donos de postos, reuniu representantes do segmento e autoridades para discutir o cenário atual do mercado de combustíveis na Bahia. No evento, foi mostrado como funciona a cadeia produtiva, explicando todo o processo, desde a refinaria até a bomba, e foi debatido o imposto único e o combate a fraudes.

Os empresários reclamaram da variação constante de preços da gasolina praticado pela Petrobras, que desde o ano passado pega como referência o mercado externo. "De abril de 2017 até o dia de hoje o preço da Petrobras variou 215 vezes. Temos uma referência de preço por dia. Desse jeito não há mercado que se mantenha regular", explanou Marcelo Travassos, secretário executivo do Sindicombustiveis.

Ele e quase todos que compuseram a mesa bateram na tecla de que os grandes culpados do aumento da gasolina são, principalmente, os impostos e não os postos. "A culpa não é do posto, mas do imposto. Pagamos quase 50% de de impostos. O problema é que o consumidor só enxerga a bomba. Não podemos fazer nada. Não temos nenhuma autonomia dentro da cadeia", afirmou. 

A Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis ressaltou a necessidade da criação do imposto único sobre a gasolina de todos os estados. "É preciso fazer essa simplificação. A primeira coisa a se fazer, na verdade, é que o valor do imposto não tenha nada a ver com a variação internacional. Depois tem que simplificar. O sistema tributário é complexo demais e isso dá a oportunidade para haver fraude e sonegação. A variação da alíquota entre o Rio e São Paulo, por exemplo, é de 9%, o que dá uma diferença de R$ 0,40", completou Travassos, em entrevista ao CORREIO.

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O evento também contou com a participação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), da Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz/BA), do Ibametro, Procon/BA, MP-BA, da OAB Bahia, da Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e Conveniência (Plural), da Assembleia Legislativa da Bahia, da Câmara Municipal de Salvador e da Fecomércio-BA, além de diversas entidades empresariais. Foto: Gil Santos/CORREIO Manifestação A alta repentina dos preços é o que motivou um protesto iniciado na Avenida Paralela. Liderada por motoristas de aplicativos – como Uber e 99 –, a manifestação, que chegou à região da Rodoviária, no final da tarde, deixou o trânsito travado na área, contaminando outras regiões da cidade. A polícia acompanhou a manifestação, que ocupava ao menos quatro faixas ao lado da estação do metrô.