Salvador sabe que precisa do BRT

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Publicado em 12 de maio de 2018 às 16:11

- Atualizado há um ano

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Em toda a cidade do mundo onde foi implantado o BRT como modal de transporte, o debate foi semelhante ao que ocorre neste momento em Salvador. Críticos acusaram o sistema de ser ultrapassado, apontavam danos ambientais com o uso de números exacerbados e consideravam outros modais sobre trilhos ecologicamente mais corretos ou economicamente mais baratos. Seja na Bolívia, na China, na França ou aqui mesmo no Brasil, tudo isso mudou rapidamente e o BRT, nas cidades onde houve investimentos também na manutenção do sistema, passou a ser unanimidade, convertendo críticos desapaixonados partidariamente.

Para começo de conversa, o argumento dos críticos que primeiro cai por terra é o de que o BRT é um modal ultrapassado. Cidades de todos os continentes, desenvolvidas ou em desenvolvimento, já adotam, estão ampliando ou implantando os seus BRTs, que são ônibus maiores, mais rápidos, climatizados e mais confortáveis do que os convencionais. Hoje, o modal está implantado em quase 170 cidades do planeta, em expansão em mais de 50 e em exatas 121, incluindo Salvador, em fase de implantação.

O próprio governo da Bahia, cujo governador criticou esta semana o projeto da prefeitura de forma eleitoreira, tem proposta para implantação do modal para alimentar o metrô. Em Salvador, por sinal, o BRT vai circular por uma área com maior fluxo de usuários do transporte público do que o metrô, contribuindo para ampliar o número de passageiros do sistema metroviário, já que haverá integração.

Ora, sobre o debate a respeito dos impactos ambientais, o que temos visto, além da divulgação de notícias falsas principalmente nas redes sociais, a exemplo do número total de árvores e vegetais que serão suprimidos, é um certo cinismo de líderes de alguns desses movimentos ditos “ambientalistas”.

Claro que existem pessoas que de fato estão preocupadas com as árvores. Porém, estamos notando que há um movimento partidário claro, com manifestações organizadas por partidos de esquerda, por rostos e nomes conhecidos de todos pelo comprometimento ideológico com o petismo, gente que não fez uma única crítica aos danos ambientais do metrô na Paralela ou no bambuzal do aeroporto ou a devastação verde que acontece em função das obras da Avenida 29 de Março. Isso só para citar alguns exemplos.

O debate, então, não é eminente técnico, como querem fazer crer os críticos. Não adianta espalhar mentiras sobre mais um projeto que vai transformar Salvador, como a de que ele existe para competir com o metrô (quando os dois modais serão complementares, como tem de ser numa metrópole) ou que vai custar R$ 1 bilhão (com os dois trechos licitados, além das obras de macrodrenagem e de mobilidade, que vão resolver problemas crônicos da região, o valor deve chegar a R$ 500 milhões).

Outro argumento sem lógica dos tais críticos é dizer que o VLT ou o metrô seriam melhor para este trecho, como se esses dois modais não fossem provocar também a retirada de árvores ou construção de viadutos. O impacto seria até maior do que o do BRT, que é um transporte de massa de médio porte, mais barato e rápido para ser implantado e operado do que qualquer modal sobre trilhos, que vai beneficiar 340 mil pessoas diretamente.    

Fábio Mota é secretário de Mobilidade da Prefeitura de Salvador