Salvador tem a madrugada mais fria do ano com 20°C

A média mínima para o mês é de 22,1°C

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  • Nilson Marinho

Publicado em 27 de junho de 2018 às 15:16

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Os ventos passaram a cruzar o Oceano Atlântico com mais força desde a última quinta-feira (21), quando o inverno bateu na nossa porta, trazendo do mar a umidade para a região costeira. Se você mora na capital, deve ter sentido o efeito na própria pele. Na madrugada desta quarta-feira (27), os termômetros de Salvador registraram o dia mais frio deste ano, com a mínima na casa dos 20,5 °C, às 5h.

Temperatura mais baixas como essa, explicam os especialistas, são comuns neste período do ano, quando as médias variam sempre entre 21°C a 28°C. Então, é melhor ir se acostumando com os dias mais frios, já que, à medida que a estação avança, a tendência é que os termômetros continuem registrando menores graus, além de dias mais chuvosos. 

Mas o que pode de fato ser considerado um dia frio? A meterologista do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (Inema-BA), Diva Cordeiro, explica que os termômetros precisam registrar uma temperatura abaixo da média histórica para o período do ano para, de fato, um dia ser considerado mais frio. Foi o que aconteceu nesta madrugada, por exemplo.

A média histórica para Salvador para temperaturas mínimas, calculada com base nos últimos 30 anos, é de 22,1 °C para o mês de junho e 21,4 °C para o mês de julho. A última vez que foi registrada uma temperatura tão baixa como a da madrugada desta quarta-feira foi em 2013, com 17,7 °C, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em julho de 2017, Salvador registrou 17,6 ºC."Temperaturas mais baixas são comuns nesta época do ano, justamente no inverno, onde temos uma presença maior do sistema de alta pressão que fica sempre atuando sobre o oceano trazendo mais umidade e mais ventos para a costa", explica a meterologista.  Falando nisso, esses ventos costumam soprar mais forte na região costeira e contribuem também para abaixar as temperaturas. Eles, ainda de acordo com a meterologista, chegam ao continente vindo da direção Sudoeste e Leste do Oceano Atlântico. No último dia 6, os ventos chegaram a soprar 18 metros por segundo ou 65 km/h - as maiores rajadas de vento do ano.

Frio baiano Basta a temperatura cair para o soteropolitano tirar do guarda-roupa o casaco e sair, por aí, todo empacotado. O problema é que o frio só pode ser sentido durante a madrugada e nas primeiras horas da manhã, mas, nem por isso, a comerciante Maura Souza, 54, tirou o casaco e as três camisas, tampouco a legging e a saia que vestia às 10h30, no bairro da Barra. Maura chegou por lá à 1h para passar o olho no isopor de cerveja. Às 3h, conta ela, tremia de frio. "O frio estava batendo", lembra a comerciante.  Comerciante utilizava cinco peças de roupas na manhã desta quarta (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) O vigilante Jailton Costa, 46, andava com o seu casaco, estilo militar, pelas ruas da Barra, já por volta das 11h, quando a temperatura, naquele momento, era de 27 °C. Mas ele justifica que não se trata do inverno; na verdade, sempre foi assim, tá no sangue, "coisa de sulista", diz ele.

"A minha família é de São Paulo, né? Sangue sulista. Meu pai também andava assim, logo que chegou à Bahia, com 37 anos. Só andava de terno. As pessoas achavam que ele era advogado ou pastor de igreja. É da minha natureza andar assim também", conta. 

O vendedor de picolé João Jaime lembra do dia que o vento frio soprou mais forte próximo ao Farol da Barra, em um final de tarde, em 2015, causando nele um calafrio que lhe tomou todo o corpo, das solas dos pés à cabeça. A sensação, acredita, foi capaz de lhe causar um desmaio.  Vendedor de picolé acredita que o inverno baiano foi capaz de lhe causar um desmaio (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Embora, mais tarde, o prontuário médico tenha atestado que o 'apagão' foi causado por uma febre reumática, Jão Jaime acredita: foi o frio o responsável.

"Eu me sentia dopado; o corpo todo ficou anestesiado de frio. Ultimamente neste século 21, caminhando para essas duas últimas décadas, o frio tem chegado mais forte em Salvador, tá entendendo? E hoje a gente vê que, na natureza, o outono já virou inverno", conclui João.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier.