Seis grupos criminosos comandam Pernambués; veja mapa de áreas dominadas

Rixa entre dois gerou atentado neste final de semana

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  • Bruno Wendel

Publicado em 10 de maio de 2016 às 06:15

- Atualizado há um ano

Niveio, Branco e Coelhão. Esses são os três criminosos já identificados pela Polícia Militar que participaram do tiroteio que levou à morte o barbeiro e eletricista Adalto César Santos, 26 anos, e deixou outras três pessoas baleadas, na manhã de anteontem, na Rua da Horta, em Pernambués. Os três fazem parte da facção Bonde do Maluco (BDM), um dos seis grupos que disputam o domínio de pontos de vendas de drogas no bairro. O atentado foi uma reação a outro ataque, no sábado, quando o grupo deles foi atacado pelos ex-aliados da Rua da Horta, chefiados por Babalu, também do BDM.Paulo Henrique Aquino Souza, o Niveio, 19, Wevison Flávio Andrade Ferreira, o Branco, 27, e Coelhão integram o bando de Reinaldo dos Santos Catureba, o Nal Catureba, e Tutuca – que cumpre pena no complexo penitenciário da Mata Escura. Os dois são líderes do Bonde do Maluco na Baixa do Manu.Bairro está dividido entre seis grupo (Foto: CORREIO Gráficos)AtentadoO motivo do rompimento entre os traficantes da BDM ainda é desconhecido pela polícia, mas, segundo o comandante da 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Pernambués), major Sérgio Mercês, no contra-ataque de anteontem, os traficantes da Baixa do Manu balearam quatro pessoas na Rua da Horta. “Estamos empenhando nosso efetivo para capturá-los. Dois deles já foram presos por nós (anteriormente)”, comentou o major.No dia 2 de março deste ano, Branco e Niveio foram presos em flagrante com seis quilos de maconha na Baixa do Manu. Na ocasião, eles foram autuados por tráfico de drogas e encaminhados ao Núcleo de Prisão em Flagrante, no Complexo Penitenciário da Mata Escura. A assessoria da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) não teve como informar quando Branco e Niveio foram soltos, pois o sistema estava fora do ar ontem. Em agosto de 2015, Niveio já havia sido preso no mesmo local, após trocar tiros com uma guarnição da Rondesp Central.Segundo o major, além da morte de Adalto, outros dois assassinatos tiveram a participação de Niveio, Branco e Coelhão. O primeiro aconteceu em 25 de dezembro do ano passado, quando a doméstica Jucileide Jesus dos Santos foi baleada no peito na laje da casa da irmã.  Já Jamerson Santos de Jesus foi assassinado em 17 de janeiro deste ano  (ver ao lado).Outros gruposA Polícia Militar mapeou o tráfico de drogas em todo o Pernambués e descobriu que, atualmente, seis grupos disputam o controle das bocas-de-fumo no bairro. Na localidade de Barro, as vendas de entorpecentes são comandadas pelo traficante Pezão, que atua de forma independente.Já as áreas de Rua das Flores e Manguinhos são comandadas pelos traficantes Pita e Ronaldo, ambos da facção Caveira. Na comunidade da Guiné, as ordens são dadas por Macaco e Tonhão, que fazem parte do Comando da Paz (CP). Em Saramandaia, Juninho é quem dita as regras. Igual a Pezão, ele trabalha de forma independente. Por fim, os dois grupos da BMD, na Rua da Horta e da Baixa do Cacau.InocentesAldo foi baleado por volta das 10h de anteontem. Os outros três homens feridos foram socorridos por populares. Roque Sandro Souza dos Anjos, 33, baleado no abdômen, e Edmilson Santos Rocha, 29, ferido no pé direito, estão internados no Hospital Geral do Estado (HGE). Segundo a assessoria da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), o estado de saúde dos dois é estável. Nem a Sesab, nem a Secretaria Municipal de Saúde têm informações sobre o paradeiro de Marlos Alves Conceição de Souza, 24, baleado na panturrilha esquerda no mesmo ataque. Segundo o major Mercês, todos os atingidos eram inocentes. A esposa de Adalto, Diana dos Santos, contou ao CORREIO que o marido não tinha envolvimento com crimes. “Quando ele estava cortando o cabelo, vieram os homens com armas enormes e começaram a atirar. Os meninos correram, só que ele não correu porque sempre disse que ele não deve. E sempre me falou: ‘Se a polícia ou o ladrão entrar aqui atirando, não vou correr,  porque não devo. Se eu morrer, vão ter derramado o sangue de um inocente’”, citou ela. Adalto foi morto com oito tiros na frente de casa.

[[saiba_mais]]Confronto com PMNa noite de sábado, dois homens envolvidos com o tráfico foram mortos em confronto com uma viatura da 23ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Tancredo Neves). De acordo com a PM, o caso aconteceu por volta das 21h, na Rua das Flores, onde quem manda é a Caveira. “Cícero Matias dos Santos respondia por tráfico de drogas. Já Valdiram Silva Santos respondia por homicídio”, disse o major Mercês.Segundo a polícia, uma viatura da 23ª CIPM realizava rondas na área quando foi cercada por um grupo, que atirou nos PMs. Eles reagiram e houve troca de tiros. Durante o confronto, Cícero e Valdiram foram atingidos. Os dois chegaram a ser socorridos para o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), mas não resistiram aos ferimentos.Ainda segundo a PM, os traficantes estavam em posse de uma mochila com 33 pinos de cocaína e uma quantidade de maconha, além de R$ 453. O caso foi registrado na 11ª Delegacia (Tancredo Neves).Adalto e a esposa (Foto: Reprodução/Facebook)Trio é acusado de matar mais dois inocentes em ataquesOutros dois inocentes foram mortos em ataques do Bonde do Maluco, com a participação do trio Niveio, Branco e Coelhão, em Pernambués, de acordo com informações obtidas pela polícia. No  dia 25 de dezembro, a comemoração de Natal na casa da família de Jucileide Jesus dos Santos, 51 anos, terminou em tragédia na Rua São Domingos, que fica na comunidade do Barro, onde quem comanda é Pezão, traficante que atua de forma independente.

A doméstica estava no segundo andar da casa da irmã quando foi atingida por uma bala perdida durante um confronto entre duas facções. Jucileide, uma amiga e a irmã estavam sentadas perto do muro da laje quando o tiroteio começou. As três confraternizavam na casa da amiga de Jucileide, que morreu após ser atingida no peito. 

Já no dia 17 de janeiro deste ano, Jamerson Santos de Jesus foi morto também na região do Barro. O bando da Baixa do Manu não encontrou traficantes rivais e decidiu estender a vingança, atirando diversas vezes em Jamerson, primo do traficante Pezão. Segundo a polícia, ele não era envolvido com o crime.