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Escolas foi ocupada por cerca de 30 pessoas que protestam contra o fechamento
Gil Santos
Publicado em 21 de janeiro de 2020 às 23:49
- Atualizado há um ano
O estudante Carlos Augusto de Oliveira tem 22 anos e nos últimos cinco tem participado dos movimentos estudantis. Na tarde desta terça-feira (21) ele passou pelo portão do Colégio Estadual Odorico Tavares, no Corredor da Vitória, por volta das 15h, e se juntou aos cerca de 30 manifestantes que já havia ocupado a unidade. Os estudantes deixaram o prédio na madrugada desta quarta-feira (22).
Ele foi um dos últimos a entrar, porque logo depois a polícia isolou o portão e proibiu a passagem de mais manifestantes, mas Carlos Augusto também foi um primeiro a deixar a ocupação. Ele saiu por volta das 22h30 e disse que tem um bom motivo. “Tenho uma entrevista de emprego na manhã desta quarta-feira (22)”, disse. Dois cadeatos foram quebrados quando a PM tentou invadir no início do protesto (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Na saída, conversou com o CORREIO na porta da escola sobre como está o clima lá dentro. O colégio foi ocupado às 14h30, e por volta das 18h a energia elétrica e o abastecimento de água foram cortados. Sem colchões e com pouca comida, as cerca de 30 pessoas estão racionando alimentos e água potável.“Eu cheguei atrasado, então, estava apenas com a roupa do corpo, mas não fiquei preocupado porque nesses movimentos de ocupação é comum a gente receber apoio com comida e água. No entanto, a polícia está impedindo a entrada desses alimentos, por isso, está mais complicado”, disse.Carlos contou que os estudantes estão ocupando os corredores e que entraram nas salas apenas pegar mesas e carteiras. Elas estão sendo usadas para bloquear o portão que separa a recepção do interior da escola. O jovem é aluno do Colégio Estadual Deputado Manoel Novaes, no Canela, e disse que se juntou ao protesto porque apoia a causa. Policiais acompanharam o movimento desde o início (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Desde 2016, ele participa de ocupações, principalmente, nas escolas do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Carlos contou que o maior medo nessas ações é da intervenção da polícia. “A gente não dorme direito, fazemos turnos, porque temos medo do que pode acontecer. Fora isso, temos medo também de falta de apoio. Para um movimento desse dar certo é preciso que haja apoio”, disse.
Nesta terça, simpatizantes do movimento de ocupação conseguiram furar o bloqueio feito pela polícia e enviar mantimentos para dentro da escola. Carlos Augusto foi para casa, mas prometendo voltar. “Vou para a entrevista de emprego pela manhã e, se for possível, estarei aqui pela tarde”, afirmou. Militantes de Direita e de Esquerda se enfretam do lado de fora da escola (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Em dezembro, o Governo do Estado anunciou que vai fechar algumas escolas na Bahia. O Odorico Tavares está na lista. A Secretaria da Educação afirmou que a decisão foi tomada porque a demanda de estudantes na unidade são é suficiente para manter a estrutura.
Já alunos e professores argumentam que existe demanda, mas que a Secretaria tem adotado nos últimos anos uma política de esvaziamento da escola. Eles acusam o governo de intransigência e de agir movido pelo interesse imobiliário que a desocupação de um espaço no Corredor da Vitória pode gerar.