Surfistas não se inibem com isolamento e seguem frequentando o mar

Mesmo com operação da Salvamar e GCM, banhistas insistem; praias da capital estão interditadas

  • Foto do(a) author(a) Giuliana Mancini
  • Giuliana Mancini

Publicado em 21 de maio de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

O que aconteceria se seu hobby preferido fosse, de repente, proibido? Aquela atividade que mais te acalma, que te dá prazer, não pudesse mais ser realizada? Com o isolamento social, por causa da pandemia do novo coronavírus, muita gente se viu nessa situação. E, quando a distração favorita envolve o mar, em uma cidade com 50km de praias, deixar de lado a saudade pode ser algo complicado.

Pois tem muita gente que cai na tentação e dá sua fugidinha, mesmo correndo riscos de ser contaminado com a covid-19 ou de encontrar com fiscais da prefeitura. Isso porque oito praias em Salvador estão com o acesso bloqueado, e a recomendação é que não se frequente nenhuma praia.

Em uma saída por Salvador, no entanto, o CORREIO encontrou um grupo surfando na orla de Ondina, sem se preocupar com o flagra.

Para o estudante João Pedro Carvalho, 18 anos, os benefícios da atividade valem a pena. "Se tenho medo de pegar o coronavírus? Tenho. Mas a vontade de surfar é maior. Em casa, fico muito tempo ocioso. Preciso desse desestresse", afirma.

Apesar de furar o isolamento, João Pedro diz que toma cuidados. "Nessas três vezes que fui surfar durante a quarentena, não fui com outras pessoas, causando aglomerações, como fazia antes da pandemia. Fico isolado no mar", garante. 

Outro surfista, que preferiu não se identificar, também vai na 'mesma onda' que João Pedro. "Continuo surfando pois o mar cura tudo", fala.

Apesar das defesas deles, essa prática não é a recomendada. O ideal é, de fato, ficar em casa e respeitar o isolamento social, como medida para evitar que a covid-19 se propague ainda mais na Bahia.

Operação Em Salvador, aliás, por causa desses 'furões', foi criada uma fiscalização com ênfase em surfistas. A operação Praia de Bulhosa pretende inibir tanto a presença de pessoas na faixa de areia quanto no mar. Isso inclui salva-vidas usando botes, pranchas e jet skis para efetuarem o procedimento dentro da água.

A operação é fruto de uma parceria da Guarda Civil Municipal (GCM) e a Coordenadoria de Salvamento Marítimo de Salvador (Salvamar).

"Está sendo um grande sucesso. Os salva-vidas da Salvamar estão acostumados a falar com os surfistas, falam a mesma linguagem deles. Por isso, estão conseguindo fazer a conscientização, explicar que o surfe deve ser pausado por um tempo. Eles entendem e deixam as praias", explica o inspetor geral da GCM, Marcelo Silva.

Segundo o órgão, não há um levantamento de quantos surfistas já foram abordados. A fiscalização é feita em toda a orla de Salvador, em horários que usam, como base, a tábua da maré.

"Ficamos de olho em quando haverá o pico das ondas - assim, a chance de existirem surfistas é maior. Até agora, não tivemos uma resistência à operação, não tivemos uma pessoa que precisou ser levada à delegacia pois se recusou a deixar a praia. Durante as conversas, eles entendem a importância da medida", comenta o coordenador da Salvamar, Iure Carlton.

"Todos nós estamos passando por isso, deixamos de ir à academia, correr, praticar nossos esportes favoritos. Todos estamos nos sacrificando. Agora é a hora de esperar um pouco", finaliza o inspetor geral da GCM.