'Temos que nos preparar para viver as tempestades do futuro', diz Gil

Show de Gil com a Rumpilezz vai misturar música, atividade, militância e responsabilidade social e cultural

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  • Naiana Ribeiro

Publicado em 13 de abril de 2018 às 22:24

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. por Fotos: Betto Jr./CORREIO

Corações palpitaram e centenas de olhos ficaram vidrados nesta sexta-feira (13), quando Gilberto Gil, 75 anos, subiu no palco do Teatro Castro Alves (TCA), em ensaio para o show Música e Direitos Humanos, que acontece hoje, às 21h, no mesmo local. Acompanhado do maestro Letieres Leite e da Orkestra Rumpilezz, o cantor e compositor baiano deu uma palhinha do quão especial será apresentação deste sábado (14).

Dezenas de jovens da Rumpilezzinho - projeto que forma músicos e tem à frente o maestro criador da Rumpilezz - foram presenteados com esse momento. “Gil é uma referência pra gente. Não só pelas suas letras, mais pela harmonia e pelos arranjos”, revelou o estudante de música da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Julio Santana, 26 anos, um dos membros do projeto que acompanhou o ensaio de perto. 

Julio toca flauta há dez anos e sonha em fazer parte de alguma orquestra sinfônica: “Ele é o criador de tantas referências... Adoro Essa é Pra Tocar No Rádio”, contou o rapaz.  Julio Santana assistiu ao ensaio de pertinho (Foto: Betto Jr./CORREIO) Quem também afiou os ouvidos  e não desgrudou os olhos do palco  foi o estudante Bernardo Manso, 15, que assistia a Gil pela primeira vez. “Ele é a nossa inspiração”, resumiu, enquanto ouvia os músicos passarem o som de Logunedé. Essa, inclusive, foi a primeira canção de Gil que ele ouviu. “Sempre gostei dessa mistura de jazz com a música afrobrasileira, por isso entrei na Rumpilezzinho”, contou ele, que toca guitarra baiana. 

O encontro histórico faz parte da quarta edição do projeto Música e Direitos Humanos - que já recebeu Lenine, Maria Bethânia -  e destacará hoje grandes sucessos que marcaram a carreira de Gil aliado ao talento do arranjador Letieres Leite. Marca, ainda, os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e os 45 anos da entidade beneficente Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), que já beneficiou mais de 11 milhões de pessoas em projetos sociais em todo Brasil. A renda do espetáculo será revertida para os projetos sociais da instituição.

“Toda vez que piso no TCA é especial, diferente dos show que faço no resto do mundo. O show vai misturar música, atividade, militância e responsabilidade social e cultural”, disse Gil.

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Uma das ideias da Orkestra é justamente visitar compositores que têm a ver com a sua estética, dando protagonismo à música ancestral baiana. “Gil é um dos pilares da Orkestra. Ele desenvolveu composições que são marcos de estudo. Quando o assunto é música, letras e arranjos, Gil é único”, ressalta Letieres. A relação da Rumpilezz com o compositor baiano ficou mais forte em 2014, quando eles se aresentaram juntos em São Paulo. Desta vez, o convite foi do próprio CESE: “Tocar ao lado de Gilberto Gil, mais uma vez é sinônimo de alegria, mas também é um grande desafio. O repertório dele é muito rico”. Essa é Pra Tocar No Rádio, Balafon, Aqui e Agora, A Raça Humana, e Professor Luminoso, são algumas das canções que estarão no show.  Quem for à apresentação não vai só assistir a um grande encontro, mas ajudará a manter o CESE e certamente refletirá sobre os direitos humanos.“É mais um momento que representa esse embate natural entre as forças todas da vida. Essa coisa conturbada é resultado propriamente da vida, dos seres humanos e de suas formas de atuar no mundo. É triste, mas, para mim, já houve momentos tão ou mais tristes que esse. E outros virão. Temos que sempre nos preparar para viver as tempestades do futuro”, pontuou Gil. (Foto: Betto Jr./CORREIO) “Esse show é sinônimo de alegria e de resistência”, completou a diretora-executiva da CESE, Sônia Mota. Os ingressos para o show custam de R$ 50 a R$ 200.