Tribunal de Contas do Rio aponta superfaturamento de R$ 211 milhões na reforma do Maracanã

Segundo o TCE, houve aditivos suspeitos e gastos em duplicidade. Obra teve valor elevado de R$ 700 milhões para R$ 1,2 bilhão

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  • Da Redação

Publicado em 13 de março de 2017 às 10:38

- Atualizado há um ano

O Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) concluiu investigação que aponta superfaturamento de R$ 211 milhões em valores atuais na obra de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, segundo revelou a TV Globo. Os recursos foram desviados em serviços e produtos. O tribunal determinou a suspensão dos pagamentos às empreiteiras em outros contratos com o governo do Estado do Rio.As investigações apontam termos aditivos suspeitos e gastos em duplicidade. Ao todo, o contrato teve 16 termos aditivos. A reforma foi feita pelo Consórcio Maracanã, vencedor da licitação e formado pelas empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Delta Engenharia. O orçamento original foi elevado de R$ 700 milhões para R$ 1,2 bilhão.Estádio do Maracanã foi reformado para a Copa do Mundo de 2014 (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)Os documentos do TCE mostram que as irregularidades na reforma teriam começado no projeto básico. O tribunal considera o documento impreciso, "acarretando significativas modificações entre o projeto básico e o executivo". Além disso, vários itens da planilha de custos foram alterados. A limpeza da estrutura de concreto com jato d’água de altíssima pressão, por exemplo, que custava R$ 30,64 o metro quadrado, foi substituída pela limpeza com jato de menor pressão, mas com preço mais alto: R$ 37,58 o metro quadrado. A troca aumentou em R$ 577 mil o valor da obra. Na compra de argamassa, o valor apresentado pelo consórcio era quase três vezes maior que o de mercado e encareceu a obra em R$ 23 milhões.Outro ponto era a cobertura do Maracanã. No projeto básico, a cobertura original seria mantida, mas o consórcio condenou a estrutura e construiu uma nova, que custou R$ 274 milhões. A cobertura é parecida com a do estádio da Cidade do Cabo, na África do Sul, construído para a Copa de 2010, mas a do Maracanã custou cinco vezes mais.O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) entrou na última sexta-feira (10) com uma ação civil pública para responsabilizar as empresas responsáveis pela reforma e mais nove pessoas ligadas ao governo à época por improbidade administrativa. Foi pedido o bloqueio dos bens dos envolvidos e devolução de cerca de R$ 200 milhões pelas empresas do consórcio. As empreiteiras envolvidas não se pronunciaram.