'Tudo cascata pra ganhar indenização', diz Bolsonaro sobre tortura no regime militar

Presidente minimizou denúncias em conversa com simpatizantes no Palácio da Alvorada

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  • Da Redação

Publicado em 29 de fevereiro de 2020 às 18:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: foto/EVARISTO SA / AFP

 O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse neste sábado (29) que as denúncias de tortura ocorridas no regime militar são "tudo cascata para ganhar indenização". A afirmação foi feita na saída do Palácio da Alvorada, quando ele conversava com simpatizantes, entre eles um militar que esteve nas matas do Vale do Ribeiro, em Eldorado (SP), na caçada ao guerrilheiro Carlos Lamarca. Durante a conversa, populares que acompanhavam a saída de Bolsonaro do Alvorada comentaram que, naquela época, havia muito tortura. "Isso é papo...A maioria... Tudo cascata para ganhar indenização", afirmou o presidente. Bolsonaro pontuou que a ex-presidente Dilma Rousseff integrou, durante o regime militar, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que teria atuado na região. "A Dilma integrava a guarda popular revolucionária, que matou a paulada um tenente no Vale do Ribeira", disse Bolsonaro, em referência ao tenente Alberto Mendes Júnior. O tenente Alberto Mendes, da Polícia Militar de São Paulo, foi morto em maio de 1970, em Eldorado Paulista, por Carlos Lamarca e outros quatro guerrilheiros da VPR, uma das organizações mais atuantes na luta armada contra a ditadura. Nessa época, a ex-presidente Dilma Rousseff estava presa havia três meses no DOPS, em São Paulo, período em que foi torturada. Depois, foi levada para o Presídio Tiradentes, onde ficou até 1973. Não há registro da participação dela em ações armadas antes e depois. Dilma chegou a integrar outra organização, a Colina, que se fundiu com a VPR para formar a VAR-Palmares, mas, segundo depoimentos de integrantes da luta armada, a ex-presidente não chegou a participar de atividades do novo grupo.