Um baile especial: crianças com microcefalia curtem ressaca carnavalesca

As mamães também participaram da folia

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  • Milena Hildete

Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

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Bruna Tainá brinca com Samille durante bailinho (Foto: Betto.Jr/CORREIO) As donas de casa Bruna Tainá Santos, 22 anos, e Joseane Santana, 31, têm histórias semelhantes: há dois anos,  descobriram que iam ser mães de crianças com necessidades especiais quando ainda estavam no período da gestação. De lá pra cá, a vida das mamães dos pequenos Samille Santos, diagnosticada com microcefalia, e Tiago Santana, com hidrocefalia, passou por uma série de mudanças. 

A rotina dessas mulheres passou a ser mais agitada após  a chegada dos bebês. Às segundas, quartas e sextas, por exemplo, é dia de levar as crianças para a  fisioterapia pela manhã. Pela tarde, é hora do fonoaudiólogo. Já nas terças e quintas, os pequenos precisam estar na natação. Tudo para estimular o desenvolvimento deles.

Com a rotina tão agitada, as mamães acabam ficando sem tempo para fazer coisas básicas, como trabalhar ou ir a festas. Carnaval? Só pela TV e ao lado dos filhos. Pensando nisso, o Centro Dia  Prefeitura, espaço voltado para atender crianças com microcefalia e outras deficiências, resolveu criar uma “ressaca carnavalesca”, ou melhor, um baile a fantasia para os pequenos e para os pais se divertirem.   

Para receber a garotada, o Centro ficou todo colorido. Cada pequeno foi  vestido a caráter.  A festa tinha príncipe, pirata, mulher maravilha e até filho de gandhy. “Adorei o bailinho, porque tira a gente e os meninos daquela rotina diária dos médicos. Samille, minha filha, adora. Eu vejo quando ela está feliz, porque os olhinhos ficam brilhando”, contou Bruna.  Joseane e Tiago aproveiram a folia  (Foto: Betto.Jr/CORREIO) Já Joseane entrou tanto no clima da festa que foi até fantasiada de Minnie. Acompanhada do marido, Ledielson de Jesus, que faz questão de participar  das atividades do  filho durante as folgas, ela corria de um lado pro outro pra segurar Tiago, que não conseguia ficar parado, dançando e brincando com as outras crianças. “Esse menino corre demais e fica o dia todo assim. Dá muito trabalho, mas compensa quando eu vejo ele brincando”, falou. 

O baile  reuniu mais de 50 crianças, além dos pais e acompanhantes. Nem as mães ficaram de fora do desfile de fantasias infantis, das dinâmicas em grupo, das  aulas de dança e das demais recreações. 

A participação dos familiares, de acordo com a coordenadora do Centro Dia, Jacineide Batista, ajuda a valorizar a autoestima das mães. “Quando fizemos o planejamento anual, não colocamos na programação uma festa de Carnaval. Preferimos uma ressaca da festa, para que as mães pudessem vir participar. Essa é uma atividade para que as mães possam estar presentes, utilizando o espaço junto com os  filhos. Um momento como esse promove alegria, as crianças gostam de cantar e dançar e as mães se divertem junto com elas. Cada um aproveita de uma maneira”, avaliou Jacineide.

O Centro Dia da Prefeitura conta com psicológos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e cuidadoras. Desde dezembro, o espaço desenvolve palestras e oferece orientações às famílias que têm crianças com deficiência. O centro é localizado na Rua Itatuba, no Parque Bela Vista, em Salvador.  Para receber o atentimento, as famílias precisam ir até o local.