Vereador é encontrado com sintomas de insolação e desidratado 

Vado Malassombrado estava desorientado e sem tomar a medicação de diabetes há dois dias

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 16:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

O vereador Edivaldo Ribeiro e Silva, 48 anos, o Vado Malassombrado (DEM), foi encontrado com sintomas de insolação e desidratado no final da manhã desta quarta-feira (5), nas dunas de Itapuã. A suspeita é que ele passou as duas últimas noites dormindo no carro, um Cobalt preto, que pertence à Câmara Municipal e fica à disposição dos parlamentares. O registro do desaparecimento havia sido feito por familiares na terça-feira (4), no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

Segundo o assessor jurídico do vereador, Paulo Lisboa, foi a Polícia Militar quem encontrou Vado. Militares estavam em ronda quando identificaram pela placa o carro do parlamentar. Eles desceram da viatura e, com a ajuda de moradores, localizaram Vado.

"Os policiais deram a descrição, e um pastor disse que tinha visto Vado na região, que ele seguiu em direção às dunas, para uma área que é usada para orações. Depois que encontraram ele, os policiais militares acionaram a Polícia Civil e o Samu", afirmou.

O assessor contou que, quando foi questionado pelos investigadores sobre o que estava fazendo no local, Vado não deu detalhes. "Ele apenas perguntou se hoje era sexta-feira e disse que precisava ficar por lá até a sexta".

O parlamentar estava vestido com uma camisa azul e uma calça social. O paletó estava dentro do carro, onde também havia uma coberta. Segundos os assessores, a suspeita da polícia é que ele passou os últimos dias dormindo dentro do veículo.

O vereador tem diabetes e estava esses dias sem tomar a medicação. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) dos Barris, onde foi sedado e recebeu os primeiros atendimentos. No final da tarde, Vado foi transferido para o Hospital Municipal de Salvador, em Cajazeiras. 

Depoimento Na manhã desta quarta-feira (5), familiares do vereador estiveram no DHPP, para prestar depoimento. A nora de Vado, Milena Ramos, disse que a família desconhecia a carta de renúncia que ele teria solicitado à Câmara, na segunda-feira (3), alegando que "perderia a família" caso não deixasse o cargo municipal.

Já o assessor jurídico, Paulo Lisboa, explicou que a carta foi entregue, mas que o vereador não assinou a renúncia. Ele contou que o pessoal que trabalha com o parlamentar foi quem percebeu primeiro o sumiço dele, e acredita que o desaparecimento não foi premeditado. "Ele não deu sianis de que isso poderia acontecer. Não percebemos nada que denunciasse a intenção de desaparecer. Acredito que não foi premeditado", afirmou. 

Um dos assessores, Rogério Malhado, contou ao CORREIO que agentes do DHPP receberam ontem à noite uma ligação com pistas sobre Vado. "A polícia disse que teve uma ligação para cá de uma pessoa dizendo que viram ele em um posto da BR-324, mas não tem nada confirmado. Falaram que ele estava andando a pé perto do Makro na BR-324. Achamos estranho, porque ele saiu de carro, mas estamos rezando para que seja verdade", afirmou ele, antes da notícia da localização. 

Atuação Vado foi eleito vereador pela primeira vez em 2012, depois de uma tentativa frustrada em 2008. Ele é natural de Olinda (PE) e veio para Salvador quando tinha 12 anos. É casado e tem dois filhos. Está no segundo mandato de vereador pelo Democratas, tendo assumido uma cadeira na Câmara Municipal de Salvador em 2013, com 4.059 votos. Na segunda eleição, sua votação chegou a 7.410 votos.

Morador da localidade da Mangueira, na Cidade Baixa, ele atua nas comunidades carentes há 30 anos com o Trio Malassombrado (carro de som construído por ele).